1 Há sempre numerosos mortos em nossa luta de cada dia, convocando-nos à prece da diligência e da bondade.
2 Mortos que jazem muito mais impassíveis que os outros — aqueles que, por vezes, julgais sentenciados à cinza e à separação.
3 Há usurários, inermes, em túmulos de ouro.
4 Há dominadores da carne, encerrados em sarcófagos imponentes de orgulho falaz.
5 Há juízes inumados em covas de lama.
6 Há legisladores mumificados em terríveis enganos da alma.
7 Há sacerdotes enterrados em brilhantes mausoléus de simonia e administradores encarcerados em urnas infernais de inconfessáveis compromissos.
8 Há jovens mortos no vício e velhos amortalhados no frio do desencanto.
9 Há sábios enrijecidos no gelo da indiferença e heróis cristalizados em ataúdes de medalhas faiscantes.
10 Há criaturas impulsivas em sepulturas de espinhos e mentes preguiçosas em sepulcros de miséria.
11 Se proclamardes a verdade para essas almas cadaverizadas no esquecimento da Lei divina, decerto responder-vos-ão com a inércia, com a ironia, com a imobilidade e com a negação.
12 Para semelhantes retardados de espírito pronunciou o Senhor as inesquecíveis palavras: — “Deixemos aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos”. ( † )
13 Procuremos, pois, a vida, descerrando nosso coração ao trabalho constante do Bem infinito, porque, em verdade, só aquele que aprende e ama sempre, renovando-se sem cessar para a Luz, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da vida imperecível, com eterna libertação.
Emmanuel
(Brasil espírita, dezembro 1956, página 3)