1 A repreensão, sem dúvida, pertence à economia do nosso progresso espiritual na vida, entretanto, antes de expedi-la, com a palavra, convirá sempre ponderar o porquê, o como e o modo, através dos quais devemos concretizá-la.
2 O lavrador, para salvar a erva tenra, que amanhã será o orgulho do seu pomar, emprega cuidado e carinho em não lhe ferir o embrião, em lhe subtraindo o verme devorador.
3 O artista, para retirar a obra-prima do mármore, não martela o bloco de pedra indiscriminadamente e, sim, burila-o, cauteloso, imaginando e sonhando, antes de exigir ou apressar-se.
4 O cirurgião, que atende ao enfermo em estado grave, aplica-lhe anestésico e recomenda-lhe o repouso, extraindo-lhe a enfermidade, sem desafiar-lhe a reação das células vivas que, em desespero, poderiam estragar-lhe o serviço.
5 Usemos, [pois,] a repreensão em benefício do progresso de todos, mas, sem olvidar as nossas necessidades e deficiências, para que a compaixão fraternal seja óleo de estímulo em nossas frases.
6 Jesus, o grande Médico, o divino Educador, sempre fez diferença entre mal e vítima, entre pecado e pecador. Curava a moléstia, sem humilhar aqueles que se faziam hospedeiros dela e reprova o erro, sem esquecer o amparo imprescindível aos que se faziam desviados, aos quais tratava por doentes da alma.
7 Ajudemos noventa e nove vezes e repreendamos uma vez, em cada centena de particularidades do nosso trabalho.
8 Quem efetivamente auxilia, adverte com proveito real.
9 A educação exige muita piedade, muito apoio fraterno e muita recapitulação de ensinamentos para que se evidencie de verdade no campo da vida.
10 E, ainda nesse capítulo, não podemos esquecer a lição do Mestre, quando nos recomenda: Deixai crescer juntos o trigo e o joio, ( † ) porque o Divino Cultivador fará a justa seleção, no dia da ceifa.
11 Semelhante assertiva não nos induz ao relaxamento, à indiferença ou à inércia, mas, define o imperativo de nossas responsabilidades, à frente dos outros, para que sejamos, de fato, irmãos e amigos, com interesses mútuos, e não perseguidores cordiais que desorganizam as possibilidades de crescimento do progresso e perturbam o programa de aperfeiçoamento que a Sabedoria Divina traçou, em favor de nosso engrandecimento comum.
Emmanuel
(Reformador, junho de 1953, página 144)