1 O coronel Tutuca Sapecado,
A cada petitório de mendigo,
Falava: — “Deus é grande, meu amigo!”
Mas não dava um vintém de mel coado.
2 Se um doente gemendo afadigado
Vinha pedir perdão de juro antigo,
Louvava: — “Deus é grande! Deus consigo?”
E recebia o cobre assossegado.
3 Quando morreu ficou na caixa-forte
E gritava mudado pela morte:
— “Quero o auxílio do Céu! Que Deus me mande!”
4 Mas trancado no escuro, em agonia,
Só escutava alguém que lhe dizia:
— “Fique firme, Tutuca, Deus é grande!”
|