O Livro dos Espíritos — Questão 921. n
1 O conceito espírita da felicidade nem sempre enxerga os felizes onde o mundo os coloca.
2 Há pessoas que requisitam conforto demasiado, na preocupação de serem felizes, e acabam infelizes, estiradas no tédio.
3 Criaturas aparecem, pleiteando destaque e, em se crendo ditosas por obtê-lo, confessam-se infortunadas depois, quando se reconhecem inabilitadas para os encargos que receberam.
4 Há felizes nas mesas lautas, comprando enfermidades com os excessos a que se afeiçoam e infelizes, na carência material, entesourando valores imperecíveis, no proveito das lições que o mundo lhes reservou.
5 Em toda parte, surpreendemos os felizes de saúde, que abusam da robustez, caindo na desencarnação prematura, e os infelizes de doença, que senhoreiam longa vida pelo respeito que dedicam ao corpo.
6 Em todos os lugares, os contrastes aparentemente chocantes… Situações risonhas, muitas vezes, geram suplícios porvindouros, por não saber quem as possui, empregar criteriosamente a felicidade que lhes foi emprestada. Aqui e além, surgem, sem conta, os felizes-infelizes nos enganos a que se arrojam e os infelizes-felizes, nas provações em que se elevam.
7 Sócrates, considerado infeliz, é o pai da filosofia.
Anytos, imaginado feliz, ainda hoje, no conceito do mundo, é o carrasco.
8 Jesus, suposto infeliz, é o renovador do mundo.
Barrabás, julgado feliz, até agora, na memória dos homens, é o malfeitor.
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9 Apliquemos o entendimento espírita aos acontecimentos cotidianos e verificaremos que os felizes e os infelizes não estão qualificados pela abastança ou pela indigência que entremostrem nos quadros exteriores. 10 São e serão sempre aqueles que, em qualquer circunstância, edificam a felicidade para os outros, de vez que as leis da vida determinam seja a criatura medida pelas outras criaturas, ( † ) especificando que a felicidade ou a infelicidade articuladas por alguém, nos caminhos alheios, se voltem, matematicamente, para quem os formou.
Emmanuel