1 DECORRIDOS alguns minutos, começou a sonhar novamente.
2 Sentiu-se ágil e feliz, fora do corpo de carne, e reconheceu que o mesmo carro desconhecido, de asas macias como o veludo, transportava-o, brandamente, para muito longe…
3 Olhando das nuvens as cidades, as florestas e os mares, lá embaixo, recordou a viagem anterior com todas as minudências.
4 Em breve, o indescritível aparelho deixava-o à beira do mesmo lago caprichoso e cristalino.
5 Acercaram-se dele passarinhos em bando. Árvores frondosas ofereciam-lhe frutos e flores.
6 De longas distâncias, vinham cantigas de pescadores simples e venturosos.
7 Sentia-se transformado. Não mais sentia nervosismo ou irritação. Profunda paz enchia-lhe toda a alma.
8 Nesse instante, uma pergunta cruzou-lhe o cérebro.
— Veria Jesus, de novo? — Pensou.
9 Oh! sem querer, estava triste ao pensar nisso.
Começou a recordar as leviandades do dia é experimentou enorme vergonha.
10 Agora, somente agora, compreendia. Talvez o Mestre houvesse procurado por ele; mas, observando-o tão descuidado, esperara aquela ocasião para falar-lhe: Acabrunhado, sentiu que o remorso tornara-se dolorosa ferida na consciência… Não seria melhor retroceder? — Indagou de si próprio, — não convinha tornar a casa e retificar os erros do dia, antes do reencontro com o Mestre?
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Veneranda