1 ERA tarde, quando tornou a casa. Esperavam-no os pais carinhosos para leve jantar. Observando que o dia terminava, sem que Jesus viesse, em pessoa, ensinar-lhe o caminho do Céu, Leonardo mantinha-se aborrecido e birrento.
2 À noite, quando sua mamãe o chamou para a oração de graças, respondeu, nervoso:
— Para que rezar mais? O dia passou sem que Jesus cumprisse a promessa… Esperei, ansioso, que me viesse revelar a estrada celestial.
3 Ia choramingar, mas a palavra materna acudiu, consoladora:
— Não se aborreça, meu filho! O Mestre, certamente, espera que você melhore o coração.
4 Ferido na vaidade, o menino não se conteve:
— Ah! — Disse, desrespeitoso, — a senhora quer dizer que sou mau, que não cumpro meus deveres? Quer dizer que sou perverso?
5 Cerrando os punhos, gritava, irritadiço:
— Não sou! Não sou!
6 Acalmando-o, acrescentava a mãezinha desvelada:
— Não estou acusando, meu filho. Sei que devemos confiar em seu caráter, reconheço que você tem sido correto nas obrigações diárias, mas não podemos esperar que Jesus venha até nós, sem aperfeiçoarmos o coração.
7 Contemplou Leonardo, bondosa, e acentuou:
— Não podemos fazer tão grande trabalho num só dia.
8 Consolado pela paciência materna, ele orou de má vontade e deitou-se.
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Veneranda