Prezado Leitor,
Francisco Cândido Xavier iniciou sua sublime missão de intérprete da Espiritualidade Superior, no dia 8 de julho de 1927, com apenas 17 anos de idade.
Em 1932, foi editado o primeiro livro de sua lavra mediúnica, o Parnaso de Além-Túmulo, de autoria de consagrados poetas luso-brasileiros, que alcançou grande sucesso, transformando-se num expressivo cartão de apresentação de um novo médium em terras brasileiras…
Dois anos depois, em 5 de dezembro de 1934, desencarna, no Rio de Janeiro, o famoso escritor Humberto de Campos, deixando milhares de leitores saudosos de suas ricas páginas literárias, especialmente das crônicas tão saborosas.
Mas, surpreendentemente, já a partir de 27 de março de 1935, surgem novas crônicas deste laureado escritor, vindas do Mais Além, com o seu estilo inconfundível, por intermédio de Chico Xavier.
O sucesso foi tão significativo que estas belas e instrutivas mensagens mereceram o acolhimento da grande imprensa.
Foi então que um dos maiores jornais, O Globo, do Rio, enviou um repórter a Pedro Leopoldo, cidade mineira onde residia o médium, com a tarefa específica de colher informações detalhadas dos trabalhos mediúnicos que ali se desenvolviam.
Assim, Clementino de Alencar se hospedou num hotel sem prazo definido para alcançar seus objetivos.
O repórter iniciou sua tarefa em 23 de abril de 1935, enviando, quase diariamente, ao Rio, sua reportagem, trabalho que se prolongou até 25 de junho do mesmo ano. Esta matéria, intitulada “Mensagens de Além-Túmulo!”, publicada a partir da edição de 1º de maio, mereceu excepcional destaque da redação, pois, em todas as vezes, a parte inicial foi estampada na primeira página, sempre ilustrada com fotos, e a final, impressa logo na terceira.
Digno de nota é que o culto repórter não se limitou a registrar os fatos, visto que também entrevistou os Espíritos com temas palpitantes, e realizou interessantes “testes”, como assim ele os denominou, com a mediunidade de Chico Xavier.
Todo esse notável trabalho de Clementino de Alencar, feito com muito respeito ao médium e absoluta imparcialidade diante dos fatos, mereceu de Almerindo M. de Castro, ao redigir o “Apêndice” da obra Novas Mensagens (Espírito Humberto de Campos, P. C. Xavier, FEB, Rio de Janeiro, 1940), esta expressiva avaliação: “(…) o grande vespertino O Globo, desta capital, fez junto de Francisco Cândido Xavier, a mais sensacional reportagem registrada nos anais do psiquismo,” (…) o talentoso e imparcialíssimo repórter destacado, manteve os leitores de O Globo, enlevados com a narrativa e documentação da maravilhosa mediunidade de Francisco Cândido Xavier.”
Portanto, amigo leitor, graças ao admirável zelo do confrade Nabor da Graça Leite, ao guardar os recortes dos originais, de 1935, do jornal O Globo, nas dependências do Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru, SP; à fraterna permissão dos atuais dirigentes desta instituição para que reuníssemos, em livro, tais reportagens; e à gentil autorização da Agência O Globo, do Rio, esta Editora sente-se honrada e feliz pela oportunidade de colocar em suas mãos, com atualização ortográfica, a presente coletânea de reportagens, com inestimável valor documental e histórico para o Espiritismo, homenageando o nosso querido benfeitor Chico Xavier (2/4/1910 — 30/6/2002), que, recentemente, regressou ao Mundo Maior, após cumprir sua elevada missão com extremo devotamento, muito amor e permanente fidelidade a Jesus e Kardec.
Araras, 3 de outubro de 2002.
Hércio Marcos C. Arantes