1.
Acompanhando o abnegado irmão dos sofredores, penetrei confortável residência,
onde Calderaro me conduziu, incontinente, à presença de um nobre cavalheiro
em repouso.
2 Achamo-nos em elegante aposento,
decorado em ouro-velho. Magnífico tapete completava a graça ambiente,
exibindo caprichosos arabescos em harmonia com os desenhos do teto.
3 Estirado num divã, o enfermo
que visitávamos engolfava-se em profunda meditação. Ao lado, humilde
entidade de nossa Esfera como que nos aguardava.
Aproximou-se e cumprimentou-nos, gentil.
4 Às fraternas interpelações
do Assistente, respondeu solícita:
— Fabrício vai melhorando; no entanto, continuam os fenômenos de angústia. Tem estado inquieto, aflito…
5 O orientador lançou expressivo
olhar ao doente e insistiu:
— Mantém ainda o autodomínio? Não se abandonou totalmente às impressões destrutivas?
A interlocutora, revelando contentamento, informou:
— A Divina Misericórdia não tem faltado. O desequilíbrio integral, por enquanto, não erigiu seu império. Em nome de Jesus, nossa colaboração tem prevalecido.
6 Calderaro, então, fraternalmente
indagou, dirigindo-se a mim:
— Chegaste, alguma vez, a examinar casos declarados de esquizofrenia?
Não adquirira conhecimentos especializados da matéria; todavia, não ignorava constituir esse morbo uma das mais inquietantes questões da psiquiatria moderna.
7 — Este ramo ingrato
da Ciência, que estuda a patologia da alma, — declarou o companheiro,
compreendendo a minha insipiência, — é, há muito tempo, campo de batalha
entre fisiologistas e psicologistas; tal conflito é, em verdade, lamentável
e bizantino, de vez que ambas as correntes possuem razões substanciais
nos argumentos com que se digladiam. Somos, contudo, forçados a reconhecer
que a psicologia ocupa a melhor posição, por escalpelar o problema nas
adjacências das causas profundas, ao passo que a fisiologia analisa
os efeitos e procura remediá-los na superfície.
8 Logo após, o Assistente
recomendou-me examinar a esfera mental do visitado.
Auscultei-lhe o íntimo, ficando aterrado com as inquietudes que lhe povoavam o ser. O cérebro apresentava anomalias estranhas. Toda a face inferior mostrava manchas sombrias. Os distúrbios da circulação, do movimento e dos sentidos eram visíveis. Calderaro apresentara-me Fabrício, classificando-o como esquizofrênico; mas não estaríamos, ali, perante um caso de neurastenia cérebro-cardíaca?
9 O instrutor ouviu-me pacientemente
e observou:
— Diagnóstico exato, no aspecto em que o nosso amigo se apresenta hoje. A esquizofrenia, contudo, originando-se de sutis perturbações do organismo perispirítico, traduz-se no vaso físico por surpreendente conjunto de moléstias variáveis e indeterminadas. No momento, temos aqui a doença de Krishaber com todos os característicos especiais.
10 Mostrando grave expressão
no semblante, acrescentou:
— Repara, contudo, além dos efeitos mutáveis. Analisa a mente e os domínios das sensações.
Lancei mais profundamente a sonda de minha observação sobre os quadros interiores do enfermo e percebi-lhe imagens torturantes na tela da memória.
11 Ensimesmado, Fabrício não
se dava conta do que ocorria no plano externo. Braços imóveis, olhos
parados, mantinha-se distante das sugestões ambientes; no íntimo, todavia,
a zona mental semelhava-se a fornalha ardente.
12 A imaginação superexcitada
detinha-se a ouvir o passado… Recordava-lhe a figura de um velhinho
agonizante. Escutava-lhe as palavras da última hora do corpo, a recomendar-lhe
aos cuidados três jovens presentes também ali, na paisagem de suas reminiscências.
O moribundo devia ser-lhe o genitor, e os rapazes, irmãos. Conversavam,
entre si, lacrimosos. De repente, modificavam-se-lhe as lembranças.
O ancião e os jovens pareciam revoltados contra ele, acusando-o. Nomeavam-no
com descaridosas designações…
13 O doente ouvia as vozes
internas, ansioso, amargurado. Desejava desfazer-se do pretérito, pagaria
pelo esquecimento qualquer preço, ansiava de fugir a si próprio, mas
em vão: sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-lhe a consciência.
Verificava-lhe eu os estragos orgânicos, resultantes do uso intensivo de analgésicos. Aquele homem deveria estar duelando consigo mesmo, desde muitos anos.
14 Achava-me no exame da situação,
quando uma senhora idosa surgiu no aposento, tentando chamá-lo à realidade.
— Vamos, Fabrício! Não se alimenta hoje?
O interpelado vagueou o olhar pela sala, esboçou uma resposta negativa sem palavras e deixou-se ficar na mesma posição.
15 A matrona insistiu, afável,
mas não conseguiu demovê-lo. E porque prosseguisse, atenciosa, buscando
ministrar-lhe um caldo, o enfermo levantou-se, de súbito, como se houvera
repentinamente enlouquecido. Esbravejou expressões inconvenientes e
ingratas; rubro de cólera, repeliu o oferecimento, surpreendendo-me
pela crise de nervos destrambelhados.
16 A esposa regressou ao interior
da casa, enxugando os olhos, enquanto Calderaro me esclarecia, comovido:
— Está no limiar da loucura, e ainda não enveredou francamente pelo terreno da alienação mental, graças à dedicação de velha parenta desencarnada que o assiste, vigilante.
Logo após, o Assistente o submeteu a operações magnéticas de reconforto, vigorando-lhe a resistência.
2.
Ante o neurastênico, mais calmo agora, narrou, com serenidade:
— Nosso irmão enfermo teve a infelicidade de apropriar-se indebitamente
de grande herança, depois de haver prometido ao genitor moribundo velar
pelos irmãos mais novos, na presença destes; 2
ao se sentir, porém, senhor da situação, desamparou os manos e expulsou-os
do lar, valendo-se de rábulas bem remunerados, desses que, sem escrúpulo,
vivem de inquinar os textos legais. 3
Por mais enérgicas e convincentes as reclamações arrazoadas, por mais
comovedores os apelos à amizade fraterna, manteve-se ele em clamorosa
surdez, arrojando os irmãos à penúria e a dificuldades de toda a sorte.
4 Dois deles morreram
num sanatório em catres da indigência, minados pela tuberculose que
os surpreendeu em excessivas tarefas noturnas; e o outro desencarnou
em míseras condições de infortúnio, relegado ao abandono, antes dos
trinta anos, presa de profunda avitaminose, consequente da subalimentação
a que fora compelido. 5
Tudo isto nosso desditoso amigo conseguiu fazer, escapando à justiça
terrena; entretanto, não pôde eliminar dos escaninhos da consciência
os resquícios do mal praticado; os remanescentes do crime são guardados
em sua organização mental como carvões em paisagem denegrida, após incêndio
devorador; e esses carvões convertem-se em brasas vivas, sempre que
excitados pelo sopro das recordações. 6
O mau filho e perverso irmão, enquanto senhor dos patrimônios de resistência
que a virilidade do corpo lhe permitia, lograva fugir de si mesmo, sem
grandes dificuldades. O dinheiro fácil, a saúde sólida, os divertimentos
e prazeres, desempenhavam para ele a função de pesadas cortinas entre
o personalismo arrogante e a realidade viva. 7
Todavia, o tempo cansou-lhe o aparelho fisiológico e consumiu-lhe a
maioria das ilusões; pouco a pouco, encontrou-se a si mesmo; na viagem
de volta ao próprio eu, viu-se, porém, a sós com as lembranças de que
não conseguiria escoimar-se. Debalde intentou descobrir o bom ânimo e
o bem-estar: estes se lhe ocultavam. Impossível era concentrar-se no
próprio ser, sem ouvir o pai e os irmãos, acusando-o, exprobrando-lhe
a vileza… 8 A mente
atormentada, não achava refúgio consolador. Se rememorava o pretérito,
este lhe exigia reparação; se buscava o presente, não obtinha tranquilidade
para se manter no trabalho sadio; e, quando tentava erguer-se a Plano
superior, desejoso de orar ao Altíssimo, era surpreendido, ainda aí,
por dolorosas advertências, no sentido de inadiável correção da falta
cometida. 9 Nesse estado
espiritual, interessou-se tardiamente pelo destino dos irmãos. As informações
colhidas não lhe deixavam margem ao pagamento imediato; haviam todos
partido, precedendo-o na grande jornada do túmulo. 10
Desde então, verificando a impraticabilidade de rápida retificação do
tortuoso destino, o infeliz fixou-se nas zonas mais baixas do ser. Perdeu
as ambições nobres e os ideais sadios, passou a ignorar os recursos
da esperança. 11
As vantagens materiais, ao invés de confortá-lo, infundiam-lhe, agora,
pavoroso tédio e indizível desgosto. Engrazado à máquina das responsabilidades
financeiras, criadas por ele mesmo sem o espírito de possuir para dar
em nome do Bem Universal, não lhe foi possível esquivar-se às imposições
da vida social, na qualidade de homem de alto comércio, até que baqueou,
em supremo torpor. 12
Sentindo-se incriminado no tribunal da própria consciência, começou
a ver perseguidores em toda a parte. Adquiriu, assim, fobias lamentáveis.
Para ele, todos os pratos estão envenenados. Desconfia de quase todos
os familiares e não tolera as antigas relações. O excesso de recursos
materiais fê-lo descrente da amizade sincera, conferiu-lhe noções de
privilégio que nunca mereceu, acentuou-lhe a independência destrutiva,
extinguiu-lhe no coração a bendita luz do verbo “servir”. 13
Como vemos, sua situação é absolutamente desfavorável ao necessário
reerguimento. A condição, que se impôs pelos desejos menos nobres
que sempre nutriu, é de apatia e de esterilidade…
3.
A essa altura da narrativa, Calderaro apontou em particular o cérebro
doente, e explicou:
2 — O sistema nervoso,
que se liga à câmara encefálica através de processos indescritíveis
na técnica da ciência humana, mais não é do que a representação de importante
setor do organismo perispirítico, segundo acabamos de estudar. 3
A mente falida de Fabrício, experimentando insistentes remorsos e aflitivas
preocupações, intoxicou esses centros vitais com a incessante emissão
de energias corrutoras. Consequentemente, verificou-se o que em boa
psiquiatria poderíamos designar por “lesão generalizada do sistema nervoso”.
4 Tal desastre atingiu,
em primeiro lugar, as sedes das conquistas mais recentes da personalidade,
isto é, as células e os estímulos mais jovens, que se localizam nos
lobos frontais e no córtex motor, inutilizando temporariamente o nosso
amigo, para a meditação elevada e para o trabalho sadio, e obrigando-o
a regredir, no terreno espiritual, para dentro de si mesmo. 5
De mente estacionária agora, em plena região instintiva da individualidade,
nosso enfermo ainda não se acha positivamente desequilibrado, graças
à contínua assistência de nosso Plano.
4.
Calando-se o Assistente, ousei interrogar:
— Mas há esperança de reequilíbrio para breve?
2 — Absolutamente
não. — Respondeu o interpelado, de maneira significativa; — no caso
dele, funcionariam em vão as terapêuticas em uso. 3
O Espírito delinquente pode receber os mais variados gêneros de colaboração,
mas será imperiosamente o médico de si mesmo. 4
A Justiça Divina exerce invariável ação, embora os homens não a identifiquem
no mecanismo de suas relações ordinárias. 5
Os criminosos podem, por muito tempo, escapar ao corretivo da organização
judiciária do mundo; no entanto, mais cedo ou mais tarde, vaguearão,
perante os seus irmãos em humanidade, em baixo terreno espiritual, representado
no quadro de aflições punitivas. 6
Para os familiares e amigos, Fabrício é um esquizofrênico, incapaz de
resistir às aplicações do choque insulínico em virtude do coração frágil
e cansado; todavia, para nós é um companheiro acidentado na ambição
inferior, curtindo amargos resultados de seus propósitos de dominar
egoisticamente na vida.
7 Interrompendo-se o orientador,
dei guarida a interrogações naturais no campo íntimo.
Se o doente não oferecia perspectivas de melhoras substanciais, qual
o objetivo de nossa assistência? Por que nos demorarmos à frente de um
caso insolvível, qual aquele, pela impossibilidade de próximo reencontro
entre o criminoso e suas vítimas?
8 Calderaro não me deixou
sem resposta.
— Estamos aqui, — elucidou, atencioso, — a fim de proporcionar-lhe morte digna.
Não chegará a enlouquecer em definitivo. Com o nosso concurso fraterno,
desencarnará antes do eclipse total da razão.
9 E porque me mostrasse espantado,
o prestimoso amigo acrescentou:
— Fabrício desposou uma criatura, por todos os títulos credora do amparo
celestial, e essa mulher quase sublime deu-lhe três filhos, aos quais
ele se consagrou nobremente, preparando-os para elevado ministério social.
São eles, presentemente, dois professores e um médico, dedicados ao
ideal superior de servir ao bem coletivo. 10
Fabrício não tem o direito de perturbar a família organizada à sombra
de seu amparo material, mas educada sem o seu personalismo despótico.
Pelo serviço que prestou à esposa e aos filhos, recebe do Alto o socorro
de agora, de maneira a transferir residência, por imposição da morte,
preparado para o futuro de reajustamento. 11
As preces da companheira e dos filhos garantem-lhe uma “boa morte” próxima,
para a qual vamos organizando as suas energias e habituando pari
passu a família a permanecer em missão ativa no bem sem a presença
material dele.
12 Silenciou o Assistente,
dispondo-se a fazer-lhe aplicações magnéticas no aparelho circulatório.
Demorou-se minutos longos administrando-lhe forças ao redor dos vasos
mais importantes e, em seguida, desenvolveu passes longitudinais, destinados
à quietação dos nervos.
13 Ante minha admiração natural,
Calderaro explicou-se:
— Preparamos acesso à trombose pela calcificação de certas veias. A desencarnação chegará suavemente, dentro de alguns dias, como providência compassiva, indispensável à felicidade do enfermo e de quantos lhe seguem de perto o martírio.
14 O doente, mais calmo, parecia
haver sorvido milagroso analgésico. Aquietou-se, descansando a cabeça
nos travesseiros alvos.
5.
Dentro do silêncio que se fizera entre nós, indaguei, curioso:
— Considerando, no entanto, o decesso, em breves dias, como prosseguirá o processo de resgate do nosso amigo?
2 — A liquidação já
começou, — redarguiu o instrutor, sereno.
— Como?
Calderaro fez expressivo gesto e recomendou:
— Espera.
3 Nesse mesmo instante, o
enfermo acionou a campainha à cabeceira. A esposa atendeu, à pressa.
Encontrou-o melhor e sorriu, feliz.
O velho, mais tranquilo, rogou:
— Inês, posso ver o Fabricinho?
— Como não? — Respondeu a companheira delicadamente, — vou buscá-lo.
4 Em poucos minutos, regressava
trazendo um menino de seus oito anos. O pequeno atirou-se-lhe aos braços
esqueléticos, com extremado carinho, e perguntou:
— Está melhor, vovô?
5 O doente contemplou-o, enternecido,
informando:
— Estou melhor, meu filhinho… Porque não veio de manhã?
— Vovó não deixou.
— Sim, é verdade; eu não me achava bem…
6 A senhora retirou-se, para
acompanhar a cena do outro lado da cortina.
Avô e neto sentiram-se mais à vontade.
Totalmente transfigurado com a presença do menino, nosso quase demente amigo suplicou:
— Fabricinho, eu desejo que você reze por mim…
7 O petiz não se fez rogado.
Ajoelhou-se ali mesmo e disse, respeitosamente, a oração dominical.
8 Terminada a prece, o doente
pediu, de olhos úmidos:
— Não se esqueça, meu filho, de orar por mim quando eu morrer.
O menino, agora de pé, enlaçou-lhe o busto e exclamou, chorando discretamente:
— O senhor não morrerá!…
9 Mostrando-se aliviado, o
velhinho correspondeu ao gesto afetivo, fitou o neto e inquiriu, com
estranho fulgor no olhar:
— Fabricinho, você acredita que Deus perdoa aos pecadores como eu?
O pequeno respondeu, lacrimoso e confundido:
— Eu acho, vovô, que Deus perdoa todos nós.
10 Revelando as ansiedades
que lhe povoavam a alma, voltou à indagação:
— Mesmo a um homem que trai a confiança paterna e rouba aos irmãos?
O netinho hesitou, incapaz de apreender toda a extensão daquela pergunta intencional; entretanto, no desejo de agradar ao doente, de qualquer modo, balbuciou com toda a simplicidade infantil:
— Eu penso que Deus perdoa sempre…
— É o que eu pretendia saber, — acentuou o velhinho, mais confortado.
11 A conversação entre ambos
prosseguiu afetuosa e amena.
Após detido exame, Calderaro apontou para a criança e esclareceu:
— Este menino é o ex-pai de Fabrício, que volta ao convívio do filho delinquente pelas portas benditas da reencarnação. É o único neto do enfermo e, mais tarde, assumirá a direção dos patrimônios materiais da família, bens que inicialmente lhe pertenciam. A Lei jamais dorme.
12 Assombrado com a informação,
remoí as perguntas que me afloravam, espontâneas.
Como se redimiria, por sua vez, o velho Fabrício? Regressaria também, em dias futuros, àquele mesmo lar? Sofreria o desequilíbrio completo, depois da morte do corpo denso? Demorar-se-ia em perturbação?
13 Calderaro, dando por findos
nossos trabalhos de assistência na casa, sorriu para mim, preparou-se
para a retirada e obtemperou:
— Nosso amigo enfermo, guardando na mente os resíduos da ação criminosa, logo após o abandono do domicílio fisiológico experimentará, por muito tempo, os resultados de sua queda, até que o sofrimento alije os elementos malignos que lhe intoxicam a alma. Quando esse serviço purgatorial estiver completo, então…
14 — Regressará aos seus familiares?
— Inquiri, ansioso, ante a frase suspensa.
— Se o grupo consanguíneo atual houver elevado o padrão espiritual a luminosas culminâncias, será compelido a esforçar-se intensivamente pelo alcançar. Entretanto, jamais estará desamparado. Todos temos a imensa família, dentro da qual nos integramos desde a origem — a Humanidade.
15 Nesse instante, abandonávamos
o aposento suntuoso.
Em breves segundos, tornávamos à Natureza, gozando a bênção do céu muito límpido. E enquanto o meu instrutor se refugiava em si mesmo, atento às responsabilidades do serviço, dei expansão a novos pensamentos, relativos à amplitude e à grandeza do império da justiça.
André Luiz
[1] No titulo do capítulo, mas não no índice: “A estranha enfermidade.”