O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Militares no Além — Autores diversos


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O exemplo de Paulo de Tarso

25/01/1950


1 Meu caro Aurélio, minha querida Julinha, Deus nos abençoe ao lado de todos, renovando-nos as energias no serviço do bem. Muito especialmente, meu prezado Aurélio, dirijo-me a você na noite de hoje para lembrar ao seu coração, que conservo por filho do meu próprio coração, a nossa assistência constante.

2 A reunião espiritual da Cruz na noite de hoje, e da qual estou regressando, versou em derredor do exemplo de Paulo de Tarson A Cristandade comemora-lhe hoje a conversão no caminho de Damasco e nas comunidades espirituais, vizinhas da Terra que vocês ainda pisam, estas recordações são mais vivas e, sinceramente, mais belas pelas dádivas de reconforto que recebemos de mais altos Círculos, em nossas manifestações de fé.

3 Claro está, meu amigo, que o seu nome esteve intimamente ligado às nossas preces. Notamos o seu abatimento e desânimo, menos registráveis pelos netos nos últimos dias, e pedimos renovação de forças para o seu coração. Não nos esqueçamos do grande convertido de Damasco, homem áspero, de ação inesgotável, antes da visita do Senhor, e companheiro valoroso e fraterno, com a mesma atividade indefinível depois dela! 4 Todos nós, os que temos passado pelos setores da administração no mundo, com raras exceções, à maneira de Paulo temos conhecido a autoridade, o poder e a determinação, nem sempre usados em suas mais altas expressões de subida ao Plano divino e quando a verdade nos fortalece através da visita sublime da revelação de infinito e eternidade, precisamos guardar o mesmo tom de fortaleza e desassombro para não desmerecer os dons recebidos.  5 É indispensável não nos acomodarmos com a ideia de inutilidade ou de impossibilidade nas linhas em que nos movimentamos. No fundo somos, cada um de nós, um centro de inteligência viva e atuante, corrigindo, melhorando, elevando e aperfeiçoando sempre, quando já aprendemos a gravitar para o Mais Alto. 6 O apóstolo dos gentios foi um dos mais bem acabados padrões de varonilidade cristã, agindo e criando sempre para o lado melhor da vida, até mesmo quando a espada romana lhe decepou a cabeça de herói, jamais anulado ou envelhecido no espírito imperecível. Do primeiro momento de Damasco até o fim do corpo, outro pensamento não lhe animou a candeia do cérebro que não fosse o de renovação e entusiasmo na luz e no bem!

7 Não precisarei narrar aqui quanto lhe ocorreu no desdobramento do serviço apostólico, porque o amor de todos vocês ao Evangelho torna desnecessária qualquer consideração histórica ou propriamente verbalística. Basta, meu caro Aurélio, que lhe lembremos a figura excelsa de lutador intimorato, valoroso na fé e na esperança, firme nos propósitos superiores e incansável no infinito bem. 8 Com ele aprendemos que os patrimônios materiais podem desaparecer, que as dificuldades podem sobrevir, que a sombra pode cercar-nos, mas que os galardões do espírito são imperecíveis, que a nossa alma, em toda parte e em todas as circunstâncias, consegue sobrepairar acima de todos os impedimentos, desde que se mantenha na visão clara do trabalho que nos cabe realizar por um mundo mais nobre, mais aperfeiçoado, mais seguro e feliz.

9 Paulo ensina-nos que não é a Terra a entidade suscetível de condecorar-nos com a felicidade e sim a escola que espera por nossa atitude de aprendizes mais velhos, no campo do sacrifício próprio, para melhorá-la e engrandecê-la. Não é o mundo nosso devedor e sim credor generoso a quem precisamos pagar pelo menos algumas parcelas de nossa dívida infinita. n

 10 Transmito aqui semelhantes imagens com o objetivo de reerguer-lhe o ânimo. Superiormente assistido como se encontra, não lhe justificamos a tristeza e o desencanto menos construtivo. Anime-se, meu caro, elevando as suas reflexões! Nós ainda não fomos obrigados a contemplar o horizonte além de braços crucificados à maneira d’Aquele que elegemos por nosso padrão divino. 11 Graças ao carinho que nos é dispensado por muitos emissários de seu amor infinito, nada nos tem faltado para que a paz e a alegria estejam preservadas em nosso círculo de vida particular. Creia que mais vale disputar com enfermidades passageiras que enfrentar as traições ocultas da estrada e mesmo nesses espinheiros, que tive a satisfação de experimentar por amor à minha própria consciência honesta, a dor não é irremediável, nem destruidora, quando nos acolhemos no fortim de nós mesmos, de nossas convicções mais elevadas, a se refletirem no interesse de todos.

12 Desejamos, assim, que você prossiga na posição do lidador fiel. Não se entregue a intimações do desalento, porque o desânimo não tem autoridade alguma para conduzir-nos à prostração.

13 Agora que nos lembramos de Paulo, o grande lutador em vitória constante dentro das trevas e dos sofrimentos que lhe assinalaram a época recuada, convertamos nossas lutas mais íntimas em sagrados motivos de elevação. Creia que todos permanecemos ao seu lado, agindo e cooperando no sincero prazer de servir ao seu fortalecimento. A sua atitude interior de adesão ao nosso programa será uma percentagem significativa para o nosso triunfo.

14 Agradeço aos meus netos o cuidado que nos dispensam e formulo votos para que o seu novo estágio seja abençoado campo de paz, seja frutífero em bênçãos de saúde e tranquilidade para você e Julinha.

15 Sua mamãe, presente, reforça as minhas palavras e pede-lhe serenidade e fortaleza em plena luta. E pedindo ao Médico celestial nos preserve o dom do equilíbrio, deixa-lhes um carinhoso e paternal abraço o velho amigo,


Antoninho



[1] Notas da Organizadora: Em 25 de janeiro de 1556 deu-se a fundação de São Paulo de Piratininga, a São Paulo de hoje, pelos jesuítas Manuel de Paiva, Manoel da Nóbrega, José de Anchieta, entre outros, fato relembrado por Arthur Joviano, em referência a Paulo e a Emmanuel, em mensagem de 3 de agosto de 1949. A referida mensagem é o prefácio espiritual do livro Deus conosco (VINHA DE LUZ, 2006), cujo trecho transcrevemos a seguir: “(…) é agradável comentar o esforço de Emmanuel na vanguarda do serviço de evangelização, pelo Espiritismo, nos domínios da língua portuguesa. (…) Nesse sentido, é importante meditar nos pontos de contato entre a vida de Manoel da Nóbrega e a de Públio Lentulus. Pelo amor profundo, devotado por ele à inesquecível figura de Paulo, poderá você concluir das razões que levaram o esforçado jesuíta a dar o nome do grande apóstolo à cidade que lhe mereceu especiais cuidados no lançamento, a ponto de esperar o aniversário da conversão do doutor de Tarso, em janeiro, para iniciar os primórdios da grande metrópole brasileira, colocando-a sob a proteção do amigo da gentilidade. É que também Paulo, na vida espiritual, jamais descansou. Quando o senador romano desencarnou, extremamente desiludido em Pompeia, foi contemplado com os favores do sublime convertido. Paulo sempre se consagrou às grandes inteligências afastadas do Cristo, compreendendo-lhes as íntimas aflições e o menosprezo injusto de que se sentem objeto no mundo, ante os religiosos de todos os matizes, quase sempre especializados em regras de intolerância. Amparado pelo apóstolo dos gentios, conseguiu Públio Lentulus transitar nas avenidas obscuras da carne, em existências várias, até encontrar uma posição em que pudesse servir ao divino Mestre com o valor e com o heroísmo daquela que lhe fora companheira no início da Era Cristã. (…)”


[2] Para saber mais sobre a vida e a conversão de Paulo, sugerimos a leitura do romance histórico Paulo e Estêvão, da lavra de Chico Xavier | Emmanuel. Vide dados bibliográficos à página 141.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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