O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mensagens de Inês de Castro — F. C. Xavier / Caio Ramacciotti / Inês de Castro


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Socorro espiritual a D. Pedro e D. Afonso

O estudo do amplo material, que o Chico me entregou, trouxe-me a sensação de que as mensagens de Inês de Castro ( † ) foram escritas, ao longo de 1977, à medida que ela, na Vida Espiritual, captava a reação de Pedro [que na presente encarnação foi o organizador desse livro] a respeito das cartas que lhe enviava.

Sentindo-o confuso a princípio, contudo mais sereno com o passar do tempo, pôde Inês, da Vida Maior, descrever diálogos profundos entre ambos — arquivados há mais de seis séculos em sua memória — muitos deles com a participação de Isabel de Aragão. ( † )

Nos últimos tempos de sua presença mais próxima junto a Pedro, por meio do Chico, Inês continuou a enviar cartas espirituais — que retratam a mágica história do amor medieval com repercussões perante o futuro — somente explicadas pela reencarnação.

E remete também a Pedro mensagens como a que segue e que retratam as preocupações de Inês e da Rainha Santa ( † ) com a reencarnação de pai e filho [Rolando e Caio] em terras brasileiras, no século XX.

No sítio espiritual em que Isabel de Aragão recebeu Inês, ambas comentam o comportamento dos antigos reis medievais em sua nova existência:

1 A paisagem era assinalada por grande beleza, mas não sabia como chegara até ali.

2 Dois mentores benevolentes e sábios tomavam a posição de condutores da nossa jornada, mas, à medida que me aproximava do sítio que devia visitar no Plano Maior, o coração se me oprimia no peito.

3 Informara-me, não a meu pedido, mas por determinação superior — a que não deveria fugir — que a Rainha Isabel de Aragão me esperava para um ligeiro entendimento. Creio que ela terá diminuído em muito o teor da própria grandeza para receber-me.

4 A mansão era bela no exterior, conquanto de linhas singelas. Muitas flores, especialmente rosas multicores e cravos vermelhos, compunham em predominância os jardins extensos. Companheiras muitas constituíam-lhe o séquito, entretanto ela não se fazia representar.

5 Ela mesma recebeu-nos na extensa varanda, que os perfumes invadiam numa síntese de aromas a caracterizar-se por suavidade indefinível.

6 Fiz diante de tão augusta mulher espiritual a reverência que lhe devo, mas, ao chama-la “Santa Isabel”, informou-me sorrindo:

— Isabel somente. Os homens criam titulações que eles mesmos destroem, quando o tempo lhes acentua a maturidade. Sou mulher humana e luto ainda…

7 Conhecemos, Inês, os caminhos que tens transitado e sabemos a extensão das dificuldades a transpor.

8 A sementeira do Reino de Deus é feita à custa de suor e de lágrimas, embora esse suor se converta em bálsamo curativo do espírito e essas lágrimas se façam alegrias sublimes.

9 Não existem caminhos de Jesus sem calvários por subir…

10 Os patrimônios de Cristo devem ser preservados pelos seguidores de Cristo. É preciso servir trabalhando e amando sempre…

11 Perguntei por D. Pedro, ao que respondeu:

— Pedro sofre a pressão de enormes problemas no centro dos quais, muitas vezes, se considera uma ilha de dor.

12 Recolhe-se numa forte couraça, na qual os seus sentimentos mais puros e mais belos se refugiam no isolamento, à maneira de tesouros ocultos em cidadela quase inacessível.

13 Entendo-lhe a luta, mas se posso algo pedir-te, não te desinteresseis do trabalho de meu filho Afonso, detido em dificuldades e óbices por um lado, conquanto surja liberto e vitorioso por outro.

14 Uma tarefa específica entre os homens, nos setores do bem, equivale a longa e difícil batalha…

15 E os homens buscam ganhar as guerras, e nós, em nome do Cristo e Senhor, aspiramos ao ganho da paz…

16 No meu espírito pobre, as perguntas se enovelavam. Queria falar de considerações outras, ouvir advertências, receber instruções e recolher avisos… Minha mente turvou-se.

17 A grande Isabel compreendeu que eu caíra numa crise de pranto. Abraçou-me maternalmente e despediu-se, entregando-me aos mentores.

Inês de Castro


Inês, preocupada em socorrer o companheiro, que — como Isabel de Aragão observa — estava enclausurado no isolamento e no egoísmo, atravessando fase mais difícil em sua existência atual, envia-lhe a mensagem que encerra este capítulo.

Nas seguintes palavras de Inês, evidenciam-se-lhe as preocupações em reafirmar ao infante medieval reencarnado o amor que os une, com os augúrios de uma vida enriquecida de bênçãos.

Assim escreveu Inês:


1 Amado rei e senhor meu, guarde o Todo Amoroso Pai a vossa saúde e a vossa alegria, a vossa tranquilidade e bom ânimo, com todos aqueles que amamos.

2 Venho rogar à vossa benignidade me perdoe se tangi cordas profundas de vosso magnânimo coração.

3 Peço-vos, com toda a veneração com que vos amo, não sofrais por palavras minhas. Compreendo a altura de vossa posição e as responsabilidades que carregamos em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Augusta Causa.

4 Não nos iludamos quanto a seis séculos que passaram. Um milênio na vida do Espírito é comparável à duração de um dia, e a Corte do nosso admirável D. Afonso IV, do ponto de vista espiritual, poucas diferenças demonstra.

5 Digo isso não para examinar consciências alheias, mas por mim própria, que tão pouco modifiquei por dentro de mim.

6 Se algo houver de bom ou se algum traço do belo apareceu ou possa aparecer nesta alma, que é um reflexo de sua própria alma, isso é plantação de sua real bondade ou resultado de seu próprio trabalho.

7 Do Plano Espiritual, vejo tão somente a sua querida imagem e ouço a sua voz, porque em sua formosa vida, sou a harpa do artista que a construiu e cujas peças somente ele conhece para executar as melodias nascidas do seu gênio criador.

8 Desse modo, eu o saúdo com amor e reverência, pedindo a Deus para que a sua vida esteja sempre e cada vez mais enriquecida de bênçãos, bênçãos que a sua magnanimidade distribui a favor de nós todos.

9 Serão para você todos os poemas que eu possa compor, todos os sonhos de ternura que a minha imaginação seja capaz de improvisar.

10 Amo e amarei a você, amado rei, com tudo e com todos os que você ame. E verei com imensa alegria quantos o conheçam em sua grandeza e o amem com o carinho que lhe possam doar.

11 Nossos livros serão ilustrados com a beleza do arco-íris, porque a tinta do so1 será usada por nós em sinal de respeito a Deus.

12 Aguardarei, com ânsia e serenidade, na paz da fé e na aflição do amor, o tempo em que Deus me restitua ao vosso carinho e à vossa proteção para sempre.

13 Em seu amado coração, receba o rio dos beijos de meu carinho e reconhecimento, com a alma toda sua sempre e cada vez mais sua.

Inês de Castro

Caio Ramacciotti


Texto extraído da 35ª edição desse livro, revisto e ampliado pelo autor.

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