1. MEDIUNIDADE E RELIGIÃO. — Misturada à magia vulgar, a mediunidade é de todos os tempos no mundo.
2 Confundida entre
os totens ( † )
e manitus, ( † )
nas raças primitivas, alteia-se, gradativamente, e surge, suntuosa e
complexa, nos templos iniciáticos dos povos antigos, ou rebaixada e
desordenada, entre os magos da praça pública.
3 Ocioso seria enumerar sucessos
e profecias, constantes dos livros sagrados das religiões, nas épocas
anciãs.
4 A cada passo, nas recordações
de todas elas, encontramos referências a manifestações de anjos e demônios,
evocações e mensagens de seres desencarnados, visões e sonhos, encantamentos
e exorcismos.
2. REFLEXO CONDICIONADO EM MEDIUNIDADE. — Em toda a parte, desde os amuletos das tribos mergulhadas em profunda ignorância até os cânticos sublimados dos santuários religiosos dos tempos modernos, vemos o reflexo condicionado facilitando a exteriorização de recursos da mente, para o intercâmbio com o Plano espiritual.
2 Talismãs e altares,
vestes e paramentos, símbolos e imagens, vasos e perfumes, não passam
de petrechos destinados a incentivar a produção de ondas mentais, nesse
ou naquele sentido, atraindo forças do mesmo tipo que as arremessadas
pelo operador dessa ou daquela cerimônia mágica ou religiosa e pelas
assembleias que os acompanham, visando a certos fins.
3 E compreendendo-se
que os semelhantes se atraem, o bruxo que se vale da mandrágora ( † )
para endereçar vibrações deprimentes a certa pessoa, a esta procura
induzir à emissão de energias do mesmo naipe com que, à base de terror,
assimila correntes mentais inferiores, prejudicando a si mesma, sempre
que não possua a integridade da consciência tranquila; 4
o sacerdote de classe elevada toda vez que aproveita os elementos de
sua fé para consolar um espírito desesperado, está impelindo-o à produção
de raios mentais enobrecidos, com os quais forma o clima adequado à
recepção do auxílio da Esfera Superior; 5
o médico que encoraja o paciente, usando autoridade e doçura, inclina-o
a gerar, em favor de si mesmo, oscilações mentais restaurativas, pelas
quais se relaciona com os poderes curativos estuantes em todos os escaninhos
da Natureza; 6 o professor,
estimulando o discípulo a dominar o aprendizado dessa ou daquela expressão,
impulsiona-o a condicionar os elementos do próprio espírito, ajustando-lhe
a onda mental para incorporar a carga de conhecimento de que necessita.
3. GRANDEZA
DA ORAÇÃO. — Observamos em todos os momentos da alma, seja no
repouso ou na atividade, o reflexo condicionado (ou ação independente
da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na
base das operações da mente, objetivando esse ou aquele gênero de serviço.
2 Daí resulta o impositivo
da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que somente a
conduta reta sustenta o reto pensamento 3
e, de posse do reto pensamento, a oração, qualquer que seja o nosso
grau de cultura intelectual, é o mais elevado toque de indução para
que nos coloquemos, para logo, em regime de comunhão com as Esferas
Superiores.
4 De essência divina,
a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do Espírito, em
qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os elementos
mais puros de que possa dispor. 5
No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria
ou na dor, na tranquilidade ou na aflição, ei-la exteriorizando a consciência
que a formula, em efusões indescritíveis, 6
sobre as quais as ondulações do Céu corrigem o magnetismo torturado
da criatura, insulada no sofrimento educativo da Terra, recompondo-lhe
as faculdades profundas.
7 A mente centralizada na
oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito,
absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.
8 Aliada à higiene do espírito,
a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à
sublimação.
4. EQUILÍBRIO E PRECE. — É indispensável compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar o corpo físico em que se demora.
2 Além dos inestimáveis
serviços da pele e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões
indébitas de elementos físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem
a estabilidade, 3 o
homem consegue mobilizar todo um sistema de quimioterapia bacteriana,
atualmente em plena evolução para mais ampla eficiência, com a antibiose
ou atuação bacteriostática levada a efeito por determinadas unidades
microbianas sobre outras, na vanguarda dos processos imunológicos.
4 É possível, então,
coibir, com relativa segurança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculose,
as riquetsioses, a psitacose, as infeções pulmonares e urinárias, etc.;
5 entretanto, não acontece
o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psicológica em que toda criatura
se submerge na vida social do Planeta.
6 Visto a distância,
o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de
pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios,
a encontrar o seu próprio caminho de libertação e de ascese. 7
Mentalmente exposto a todas as influências psíquicas, é imperioso se
eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e
intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções.
8 No que tange à saúde
e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de conhecimentos,
utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, professores e orientadores
diversos. 9 É natural,
dessa forma, se valha da prece para angariar a inspiração de que precisa,
a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.
10 No circuito de forças estabelecido
com a oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio
das células físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias
renovadoras que incorpora, espontaneamente, assimilando os raios da
Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas
das Inteligências desencarnadas de condição mais nobre, com as quais
se coloca em relação.
5. PRECE
E RENOVAÇÃO. — Na floresta mental em que avança, o homem frequentemente
se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo, compelindo-o
à fadiga e à irritação, 2
sejam elas provenientes de ondas enfermiças, partidas dos desencarnados
em posição de angústia e que lhe partilham o clima psíquico, 3
ou de oscilações desorientadas dos próprios companheiros terrestres
desequilibrados a lhe respirarem o ambiente. 4
Todavia, tão logo se envolva nas vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe
o pensamento aos Planos sublimados, de onde recolhe as ideias transformadoras
dos Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de
seus passos, na evolução.
5 Orar constitui a fórmula
básica da renovação íntima, pela qual divino entendimento desce do Coração
da Vida para a vida do coração.
6 Semelhante atitude da alma,
porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente pedir algo
ao Suprimento Divino, mas pedir, acima de tudo, a compreensão quanto
ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento,
de maneira a aproveitar o ensejo de trabalho e serviço no bem de todos,
que vem a ser o bem de si mesma.
6. MEDIUNIDADE E PRECE. — A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre associada à oração, para converter-se no instrumento da obra iluminativa do mundo.
2 Entre os egípcios e hindus,
chineses e persas, gregos e cipriotas, gauleses e romanos, a prece,
expressando invocação ou louvor, adoração ou meditação, é o agente refletor
do Plano Celeste sobre a alma do homem.
3 Orando, Moisés recolhe,
no Sinai, os mandamentos que alicerçam a justiça de todos os tempos,
4 e, igualmente em
prece, seja nas margens do Genesaré ou em pleno Tabor, respirando o
silêncio de Getsêmani ou nos braços da cruz, o Cristo revela na oração
o reflexo condicionado de natureza divina, suscetível de facultar a
sintonia entre a criatura e o Criador.
André Luiz