O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Oração

(Sumário)

1. MEDIUNIDADE E RELIGIÃO. — Misturada à magia vulgar, a mediunidade é de todos os tempos no mundo.

2 Confundida entre os totens ( † ) e manitus, ( † ) nas raças primitivas, alteia-se, gradativamente, e surge, suntuosa e complexa, nos templos iniciáticos dos povos antigos, ou rebaixada e desordenada, entre os magos da praça pública.

3 Ocioso seria enumerar sucessos e profecias, constantes dos livros sagrados das religiões, nas épocas anciãs.

4 A cada passo, nas recordações de todas elas, encontramos referências a manifestações de anjos e demônios, evocações e mensagens de seres desencarnados, visões e sonhos, encantamentos e exorcismos.


2. REFLEXO CONDICIONADO EM MEDIUNIDADE. — Em toda a parte, desde os amuletos das tribos mergulhadas em profunda ignorância até os cânticos sublimados dos santuários religiosos dos tempos modernos, vemos o reflexo condicionado facilitando a exteriorização de recursos da mente, para o intercâmbio com o Plano espiritual.

2 Talismãs e altares, vestes e paramentos, símbolos e imagens, vasos e perfumes, não passam de petrechos destinados a incentivar a produção de ondas mentais, nesse ou naquele sentido, atraindo forças do mesmo tipo que as arremessadas pelo operador dessa ou daquela cerimônia mágica ou religiosa e pelas assembleias que os acompanham, visando a certos fins.

3 E compreendendo-se que os semelhantes se atraem, o bruxo que se vale da mandrágora ( † ) para endereçar vibrações deprimentes a certa pessoa, a esta procura induzir à emissão de energias do mesmo naipe com que, à base de terror, assimila correntes mentais inferiores, prejudicando a si mesma, sempre que não possua a integridade da consciência tranquila; 4 o sacerdote de classe elevada toda vez que aproveita os elementos de sua fé para consolar um espírito desesperado, está impelindo-o à produção de raios mentais enobrecidos, com os quais forma o clima adequado à recepção do auxílio da Esfera Superior; 5 o médico que encoraja o paciente, usando autoridade e doçura, inclina-o a gerar, em favor de si mesmo, oscilações mentais restaurativas, pelas quais se relaciona com os poderes curativos estuantes em todos os escaninhos da Natureza; 6 o professor, estimulando o discípulo a dominar o aprendizado dessa ou daquela expressão, impulsiona-o a condicionar os elementos do próprio espírito, ajustando-lhe a onda mental para incorporar a carga de conhecimento de que necessita.


3. GRANDEZA DA ORAÇÃO. — Observamos em todos os momentos da alma, seja no repouso ou na atividade, o reflexo condicionado (ou ação independente da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na base das operações da mente, objetivando esse ou aquele gênero de serviço.

2 Daí resulta o impositivo da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que somente a conduta reta sustenta o reto pensamento 3 e, de posse do reto pensamento, a oração, qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regime de comunhão com as Esferas Superiores.

4 De essência divina, a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do Espírito, em qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os elementos mais puros de que possa dispor. 5 No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria ou na dor, na tranquilidade ou na aflição, ei-la exteriorizando a consciência que a formula, em efusões indescritíveis, 6 sobre as quais as ondulações do Céu corrigem o magnetismo torturado da criatura, insulada no sofrimento educativo da Terra, recompondo-lhe as faculdades profundas.

7 A mente centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.

8 Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.


4. EQUILÍBRIO E PRECE. — É indispensável compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar o corpo físico em que se demora.

2 Além dos inestimáveis serviços da pele e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões indébitas de elementos físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem a estabilidade, 3 o homem consegue mobilizar todo um sistema de quimioterapia bacteriana, atualmente em plena evolução para mais ampla eficiência, com a antibiose ou atuação bacteriostática levada a efeito por determinadas unidades microbianas sobre outras, na vanguarda dos processos imunológicos.

4 É possível, então, coibir, com relativa segurança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculose, as riquetsioses, a psitacose, as infeções pulmonares e urinárias, etc.; 5 entretanto, não acontece o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psicológica em que toda criatura se submerge na vida social do Planeta.

6 Visto a distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios, a encontrar o seu próprio caminho de libertação e de ascese. 7 Mentalmente exposto a todas as influências psíquicas, é imperioso se eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções.

8 No que tange à saúde e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de conhecimentos, utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, professores e orientadores diversos. 9 É natural, dessa forma, se valha da prece para angariar a inspiração de que precisa, a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.

10 No circuito de forças estabelecido com a oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio das células físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias renovadoras que incorpora, espontaneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de condição mais nobre, com as quais se coloca em relação.


5. PRECE E RENOVAÇÃO. — Na floresta mental em que avança, o homem frequentemente se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, 2 sejam elas provenientes de ondas enfermiças, partidas dos desencarnados em posição de angústia e que lhe partilham o clima psíquico, 3 ou de oscilações desorientadas dos próprios companheiros terrestres desequilibrados a lhe respirarem o ambiente. 4 Todavia, tão logo se envolva nas vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe o pensamento aos Planos sublimados, de onde recolhe as ideias transformadoras dos Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de seus passos, na evolução.

5 Orar constitui a fórmula básica da renovação íntima, pela qual divino entendimento desce do Coração da Vida para a vida do coração.

6 Semelhante atitude da alma, porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente pedir algo ao Suprimento Divino, mas pedir, acima de tudo, a compreensão quanto ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de maneira a aproveitar o ensejo de trabalho e serviço no bem de todos, que vem a ser o bem de si mesma.


6. MEDIUNIDADE E PRECE. — A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre associada à oração, para converter-se no instrumento da obra iluminativa do mundo.

2 Entre os egípcios e hindus, chineses e persas, gregos e cipriotas, gauleses e romanos, a prece, expressando invocação ou louvor, adoração ou meditação, é o agente refletor do Plano Celeste sobre a alma do homem.

3 Orando, Moisés recolhe, no Sinai, os mandamentos que alicerçam a justiça de todos os tempos, 4 e, igualmente em prece, seja nas margens do Genesaré ou em pleno Tabor, respirando o silêncio de Getsêmani ou nos braços da cruz, o Cristo revela na oração o reflexo condicionado de natureza divina, suscetível de facultar a sintonia entre a criatura e o Criador.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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