O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Ideoplastia

(Sumário)

1. NO SONO PROVOCADO. — Para maior compreensão de qualquer fenômeno da transmissão mediúnica, não nos será lícito esquecer a ideoplastia, 2 pela qual o pensamento pode materializar-se, criando formas que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam.

3 Entendendo-se que os poderes mentais são inerentes tanto às criaturas desencarnadas quanto às encarnadas, é natural que os elementos plásticos e organizadores da ideia se exteriorizem dos médiuns, como também dos companheiros que lhes comungam tarefas e experiências, estabelecendo-se problemas espontâneos, cuja solução reclama discernimento.

4 Para clarear o assunto, recordemos o circuito de forças existente entre magnetizador e magnetizado, no sono provocado.

5 Se o primeiro sugere ao segundo a existência de determinada imagem, em certo local, de imediato a mente do “sujet”, governada pelo toque positivo que a orienta, concentrará os próprios raios mentais no ponto indicado, aí plasmando o quadro sugerido, segundo o princípio da reflexão, 6 pelo qual, como no cinematógrafo, a projeção de cenas repetidas mantém a estabilidade transitória da imagem, com o movimento e som respectivos.

7 O hipnotizado contemplará, então, o desenho estabelecido, nas menores particularidades de tessitura, 8 e se o hipnotizador, sem preveni-lo, lhe coloca um espelho à frente, o sensitivo para logo demonstra insopitável assombro, ao fitar a gravura em dupla exibição, porquanto a imagem refletida parecer-lhe-á tão real quanto a outra.

9 Emprega-se comumente a palavra “alucinação” para designar tal fenômeno; contudo, a definição não é praticamente segura, de vez que na ocorrência não entra em jogo o devaneio ou a ilusão.

10 Qual acontece nos espetáculos da televisão, em que a cena transmitida é essencialmente real, 11 através da conjugação de ondas, o quadro entretecido pela mente do magnetizado, ao influxo do magnetizador, é fundamentalmente verdadeiro, segundo análogo princípio, 12 porque, fazendo convergir, em certa região, as oscilações do próprio Espírito, o hipnotizado cria a gravura sugerida, imprimindo-lhe vitalidade correspondente, à força da percussão sutil, pela qual a tela se estrutura.

13 O acontecimento, corriqueiro aliás, dá noções exatas da ideoplastia em todas as atividades mediúnicas comandadas por investigadores em que a exigência alcança as raias da presunção.

14 Multiplicando instâncias, além da fiscalização compreensível e justa, não se precatam de que se transformam em hipnotizadores incômodos, ao invés de estudiosos equilibrados, 15 interferindo no circuito de energias mantido entre o benfeitor desencarnado e o servidor encarnado, obstando, assim, a realização de programas do Plano Superior com vistas à identificação e revelação da Espiritualidade Maior.


2. NOS FENÔMENOS FÍSICOS. — Nas sessões de efeitos físicos, ante as energias ectoplasmáticas exteriorizadas no curso das tarefas em vias de efetivação pelo instrutor espiritual, 2 se o experimentador humano formula essa ou aquela reclamação, eis que a mente mediúnica qual ocorre ao “sujet” na hipnose artificial, se deixa empolgar pela ordem recebida, emitindo a própria onda mental, não mais no sentido de atender ao amigo desencarnado que dirige a ação em foco, mas sim para satisfazer ao pesquisador no campo físico.

3 Daí porque, apreendendo, com mais segurança, as necessidades do médium e respeitando-as com o elevado critério de quem percebe a complexidade do serviço em desenvolvimento, as entidades indulgentes e sábias se retraem na experiência mantendo-se em guarda para proteger o conjunto, 4 à maneira de professores que, dentro das suas possibilidades, se colocam na posição de sentinelas quando os alunos abandonam os objetivos enobrecedores da lição, a pervagarem no terreno de caprichos inconsequentes.


3. INTERFERÊNCIAS IDEOPLÁSTICAS. — Mentalizemos o orientador desencarnado, numa sessão de ectoplasmia regularmente controlada, quando esteja constituindo a forma de um braço com os recursos exteriorizados do médium, a planejar maior desdobramento do trabalho em curso. 2 Se, no mesmo instante, o experimentador terrestre, tocando a forma tangível, solicita, por exemplo: — “uma pulseira, quero uma pulseira no braço”, — de imediato a mente do médium recolhe o impacto da determinação e, em vez de prosseguir sob o controle benevolente do operador desencarnado, passa a obedecer ao investigador humano, centralizando de modo inconveniente, a própria onda mental induzida sobre o braço já parcialmente materializado, aí plasmando a pulseira nas condições reclamadas.

3 Surgida a interferência, o serviço da Esfera Espiritual sofre enorme dificuldade de ação, diminuindo-se o proveito da assembleia encarnada.

4 E, na mesma pauta, requerimentos fúteis e pedidos desordenados dos circunstantes provocam ocorrências ideoplásticas de manifesta incongruência, baixando o teor das manifestações, por viciarem a mente mediúnica, ligando-a à influência de agentes inferiores que, não raro, passam a atuar com manifesto desprestígio dos projetos de sublimação, a princípio acalentados pelo conjunto de pessoas irmanadas para o intercâmbio.


4. MEDIUNIDADE E RESPONSABILIDADE. — Decerto não invocamos o relaxamento para o governo das reuniões de ectoplasmia, nem endossamos a irresponsabilidade.

2 Recordamos simplesmente que a bancarrota de muitos círculos organizados para o trato dos efeitos físicos e, notadamente, da materialização, se deve à própria incúria ou impertinência daqueles que os constituem, 3 na maioria das vezes indagadores e pedinchões inveterados que descambam, imperceptivelmente, para a leviandade, comprometendo a obra ideada para o bem, 4 porquanto interpõem os mais estranhos recursos na edificação programada, provocando enganos ou fraudes inconscientes e intervenções menos desejáveis em resposta à irresponsabilidade deles mesmos.


5. EM OUTROS FENÔMENOS. — Idênticos fenômenos com a ideoplastia por base são comuns na fotografia transcendente, em seus vários tipos, 2 porque, se o instrumento mediúnico e acompanhantes não demonstram mais alta compreensão dos atributos que lhes cabem na mediação entre os dois Planos, preponderando com a força de suas próprias oscilações mentais sobre as energias exteriorizadas, perde-se, como é natural, o ascendente da Esfera Superior, que sulcaria a experiência com o selo de sua presença iluminativa, impondo-se-lhe tão somente a marca dos encarnados inquietos, ainda incapazes de formar o campo indispensável à receptividade dos agentes de ordem mais elevada. 3 Na mediunidade de efeitos intelectuais, a ideoplastia assume papel extremamente importante, 4 porque certa classe de pensamentos, constantemente repetidos sobre a mente mediúnica menos experimentada, pode constrangê-la a tomar certas imagens, mantidas pela onda mental persistente, como situações e personalidades reais, 5 tal qual uma criança que acreditasse estar contemplando essa paisagem ou aquela pessoa, tão só por ver-lhes o retrato animado num filme.


6. NA MEDIUNIDADE AVILTADA. — Onde os agentes ideoplásticos assumem caráter dos mais significativos, desde épocas imemoriais no mundo, é justamente nos círculos do magismo, 2 dentro dos quais a mediunidade rebaixada a processos inferiores de manifestação se deixa aprisionar por seres de posição primitiva ou por Inteligências degradadas que cunham ideias escravizantes para quantos se permitem vampirizar.

3 Aceitando sugestões deprimentes, quantos se entregam ao culto da magia aviltante arremessam de si próprios as imagens menos dignas a que se vinculam, engendrando tabus dos quais dificilmente se desvencilham, à face do terror que lhes instila o demorado cativeiro às forças da ignorância.

4 Submetida a mente a idolatria desse jaez, passa a manter, por sua própria conta, os agentes com que se tortura, tanto mais intensamente quanto mais extensa se lhe revele a sensibilidade receptiva 5 porque, com mais alevantado poder de plasmagem mental, a criatura mais facilmente gera, para si mesma, tanto o bem que a tonifica quanto o mal que a perturba.

6 E não se diga que o assunto vige preso a mero entrechoque de aparências, de vez que a sugestão é poder inconteste, ligando a alma, de maneira inequívoca, às criações que lhes são inerentes no mundo íntimo, obrigando-a a recolher as resultantes da treva ou da luz a que se afeiçoe.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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