1. EXPERIÊNCIA VULGAR. — Para examinar as ocorrências do fenômeno mediúnico indiscriminado, referimo-nos, linhas antes, n ao fenômeno hipnótico de ordem popular, em que hipnotizadores e hipnotizados, sem qualquer recurso de sublimação do espírito se entregam ao serviço de permuta dos agentes mentais.
2 Contudo, para gravar as
linhas básicas de nosso estudo, recordemos a propagação indeterminada
dos elétrons nas faixas da Natureza.
3 De semelhante propagação,
qualquer pessoa pode retirar a prova evidente com vários objetos como,
por exemplo, com a experiência clássica da caneta-tinteiro que, friccionada
com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar existentes
entre as fibras do pano fornecem os elétrons livres a elas agregados,
elétrons que se acumulam na caneta mencionada, por suas qualidades dielétricas
ou isolantes.
4 Efetuada a operação, elementos
leves, portadores de cargas elétricas positivas ou, mais exatamente,
muito pobres de elétrons, como sejam pequeninos fragmentos de papel,
serão atraídos pela caneta, então negativamente carregada.
2. MÁQUINA
ELETROSTÁTICA. — Na máquina eletrostática ( † )
ou indutora, utilizada nas experiências primárias de eletricidade, a
ação se verifica semelhante à experiência da caneta-tinteiro.
2 Os discos de ebonite em
atividade rotatória como que esfarelam as bolhas de ar, guardadas
entre eles, comprimindo os elétrons que a elas se encontram frouxamente
aderidos.
3 Com o auxílio de escovas,
esses elétrons se encaminham às esferas metálicas, onde se aglomeram
até que a carga se faça suficientemente elevada para que seja extraída
em forma de centelha.
3. NAS CAMADAS ATMOSFÉRICAS. — As correntes de elétrons livres estão em toda a parte.
2 Nos dias estivais, os conjuntos
de átomos ou moléculas de água sobem às camadas atmosféricas mais altas,
com o ar aquecido.
3 Nas zonas de altitude fria,
aglutinam-se formando gotas que, em seguida, tombam na direção do solo,
em razão de seu peso.
4 Todavia, as gotas que vertem
de cima, sem chegarem ao chão, por se evaporarem na viagem de retorno,
são surpreendidas em caminho pelas correntes de ar aquecido em ascensão
e, atritando os elementos nesse encontro, o ar quente, na subida, extrai
das moléculas d’água os elétrons livres que a elas se encontram fracamente
aderidos, arrastando-os em turbilhões para a altura, acumulando-os nas
nuvens, que se tornam então eletricamente carregadas.
5 Quando as correntes eletrônicas
aí agregadas tiverem atingido certo valor, assemelham-se as nuvens a
máquinas indutoras, em que a tensão se eleva a milhões de volts, das
quais os elétrons em massa, na forma de relâmpagos, saltam para outras
nuvens ou para a terra, provocando descargas que, às vezes, tomam a
feição de faíscas elétricas, em meio de aguaceiros e trovoadas.
6 Em identidade de
circunstâncias, quando o planeta terrestre se encontra na direção de
explosões eletrônicas partidas do Sol, cargas imensas de elétrons perturbam
o campo terrestre, responsabilizando-se pelas tempestades magnéticas
que afetam todos os processos vitais do Globo, — 7
a existência humana inclusive, porquanto costumam desarticular as válvulas
microscópicas do cérebro humano, impondo-lhes alterações nocivas, 8
tanto quanto desequilibram as válvulas dos aparelhos radiofônicos,
prejudicando-lhes as transmissões.
4. CORRENTES
DE ELÉTRONS MENTAIS. — Dentro de certa analogia, temos também
as correntes de elétrons mentais, por toda a parte, 2
formando cargas que aderem ao campo magnético dos indivíduos, 3
ou que vagueiam, entre eles, à maneira de campos elétricos que acabam
atraídos por aqueles que, excessivamente carregados, se lhes afeiçoem
à natureza.
4 Recorrendo a imagem
da caneta-tinteiro, em atrito ( † )
com o pano de lã, e da máquina eletrostática ( † )
em que os elétrons se condicionam para a produção de centelhas, 5
lembraremos que toda compressão de agentes mentais, através da atenção,
gera em nossa alma estados indutivos pelos quais atraímos cargas de
pensamentos em sintonia com os nossos.
6 A leitura de certa
página, a consulta a esse ou àquele livro, determinada conversação,
ou o interesse voltado para esse ou aquele assunto, nos colocam em correlação
espontânea com as Inteligências encarnadas ou desencarnadas que com
eles se harmonizem, 7
por intermédio das cargas mentais que acumulamos e emitimos, na forma
de quadros ou centelhas em série, 8
com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se entregam a
ideações análogas às nossas.
9 Não nos propomos afirmar
que o fenômeno da caneta-tinteiro ou do aparelho eletrostático seja
igual à ocorrência da indução mental no cérebro.
10 Assinalamos apenas
a analogia de superfície, para salientar a importância dos nossos pensamentos
concentrados em certo sentido, 11
porque é pela projeção de nossas ideias que nos vinculamos às Inteligências
inferiores ou superiores de nosso caminho.
12 E para estampar,
com mais segurança, a nossa necessidade de equilíbrio, perante a vida,
recordemos que à maneira das correntes incessantes de força, que sustentam
a Natureza terrestre, também 13
o pensamento circula ininterrupto, no campo magnético de cada Espírito,
extravasando-se para além dele, com as essências características a cada
um.
14 Queira ou não, cada alma
possui no próprio pensamento a fonte inestancável das próprias energias.
15 Correntes vivas
fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe projetarem no “halo energético”,
estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, à base de cargas magnéticas
constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, 16
de certa forma semelhantes às correntes de força que partem da massa
planetária, compondo a atmosfera que a envolve.
5. CORRENTES
MENTAIS CONSTRUTIVAS. — Assim como a Natureza encontra, na distribuição
harmoniosa das próprias energias, o caminho justo para o próprio equilíbrio,
sustentando-se em movimento contínuo, 2
o Espírito identifica, no trabalho ordenado com segurança, a trilha
indispensável para o seu clima ideal de euforia.
3 Quanto mais enobrecida
a consciência, mais se lhe configurará a riqueza de imaginação e poder
mental, 4 surgindo
portanto mais complexo o cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes
mentais, a vibrarem ao redor de si mesmo 5
e a exigirem mais ampla quota de atividade construtiva no serviço em
que se lhe plasmem vocação e aptidão.
6 Seja no esforço intelectual
em elevado labor, na criação artística, nas obras de benemerência ou
de educação, seja nas dedicações domésticas, nas tarefas sociais, nas
profissões diversas, nas administrações públicas ou particulares, nos
empreendimentos do comércio ou da indústria, no amanho da terra, no
trato dos animais, nos desportos e em todos os departamentos de ação,
o Espírito é chamado a servir bem, isto é, a servir no benefício de
todos, sob pena de conturbar a circulação das próprias energias mentais,
agravando os estados de tensão.
6. CORRENTES
MENTAIS DESTRUTIVAS. — Os referidos estados de tensão, devidos
a “núcleos de força na psicosfera pessoal”, 2
procedem, quase sempre, à feição das nuvens pacíficas repentinamente
transformadas pelas cargas anormais de elétrons livres em máquinas indutoras,
atraindo os campos elétricos com que se fazem instrumentos da tempestade.
3 Acumulando em si
mesma as forças autogeradas em processos de profundo desequilíbrio,
a alma exterioriza forças mentais desajustadas e destrutivas, 4
pelas quais atrai as forças do mesmo teor, caindo frequentemente em
cegueira obsessiva, 5
da qual muitas vezes se afasta, desorientada, pela porta indesejável
do remorso após converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.
6 Noutras circunstâncias,
considerando-se que o processo da obliteração mental, ou “acumulação
desordenada das nuvens de tensão no campo da aura”, se caracteriza por
imensa gradação, 7
se as criaturas conscientes não se dispõem à distribuição natural das
próprias cargas magnéticas, em trabalho digno, estabelecem para si a
degenerescência das energias.
8 Nessa posição, emitem
ondas mentais perturbadas, pelas quais se ajustam a Inteligências perturbadas
do mesmo sentido, 9
arrojando-se a lamentáveis estações de aviltamento, em ocorrências deploráveis
de obsessão, 10 nas
quais as mentes desvairadas ou caídas em monoideísmo vicioso se refletem
mutuamente.
11 E chegadas a
semelhantes conturbações, seja no arrastamento da paixão ou na sombra
do vício, sofrem a aproximação de correntes mentais arrasadoras, oriundas
dos seres empenhados à crueldade, por ignorância — encarnados ou desencarnados,
— 12 que, em lhes vampirizando
a existência, lhes impõem disfunções e enfermidades de variados matizes,
segundo os pontos vulneráveis que apresentem, criando no mundo vastas
províncias de alienação e de sofrimento.
André Luiz
[1] Capítulo 13.