O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Missionários da Luz — André Luiz


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Mediunidade e fenômeno

(Sumário)

1. Era considerável o número de amigos encarnados, provisoriamente libertos do corpo físico através do sono, que se congregavam no vasto salão. Em primeiro lugar, junto da mesa diretora, onde Alexandre assumiu a chefia, instalaram-se os alunos diretos e permanentes do generoso e sábio instrutor. Distribuíam-se os demais em turmas sucessivas de segundo plano.

2 Calculei a assistência de companheiros nessas condições em pouco mais de cem pessoas, aproximadamente, exceção dos desencarnados que acorriam até ali em mais vasta expressão. Além do grupo do Irmão Francisco, que trouxera os tutelados, outras associações da mesma natureza compareciam com os seus pupilos, interessados em novas instruções.

3 Observei, porém, uma particularidade: somente os aprendizes comprometidos com Alexandre podiam relacionar suas dúvidas, pedidos e indagações, não em sentido verbal, mas através de consultas que eram previamente transmitidas a ele, antes de iniciar a dissertação.

4 Atendendo-me a curiosidade, Sertório, que se mantinha ao meu lado, explicou, atencioso:

— Há muitas escolas deste gênero para os encarnados que se dispõem a aproveitar os momentos de sono físico. É natural que aos discípulos permanentes, desse ou daquele setor, caiba o direito de interrogar. Como vemos, não há particularismo. Trata-se de uma questão de ordem dos serviços, mesmo porque os aprendizes de comparecimento eventual terão direitos outros, por sua vez, nos núcleos a que pertencem.

5 Satisfeito, em face do esclarecimento, indaguei:

— Qual o tema da noite? Há programa preestabelecido?

— Há sempre plano organizado para o trabalho, — respondeu. — Contudo, os temas são improvisados por Alexandre, depois de receber as indagações e consultas dos frequentadores habituais. O orientador examina, atentamente, as questões suscitadas pela maioria e fornece instruções de modo a satisfazer igualmente aos assuntos com minoria de interessados.

6 — E poderá informar quanto ao tema provocado pela maioria dos aprendizes, nesta noite?

— Creio que se refere à mediunidade e fenômeno, em geral.


2. Em seguida, o companheiro, por especial gentileza, convidou-me a integrar, na assembleia, a equipe dos auxiliares do devotado instrutor que tomara a tribuna, iniciando os serviços educativos.

2 Mais do que em outras ocasiões, realçava-se-lhe a figura veneranda e imponente. Irradiando a luz que lhe era própria, Alexandre dominava a reunião de trabalhadores e estudantes, não pelo magnetismo absorvente dos oradores apaixonados, mas pela bondade simples e pela superioridade sem afetação.

3 Todas as atenções centralizadas nele, começou a explanação com uma rogativa ao Senhor, suplicando-lhe o dom de compreender o auditório e de ser por ele compreendido. Era tocante e nova para mim semelhante oração, inteiramente espiritual e sem o mínimo laivo de personalismo. Todavia, quanto mais procurava impessoalizar-se, afirmando-se mero instrumento da Vontade Divina, mais destacado se tornava o orientador aos meus olhos, como verdadeiro expoente de sabedoria, humildade, prudência, fidelidade, confiança e luz.

4 Finda a oração comovedora, começou a falar, dirigindo-se aos ouvintes com palavras firmes e diretas:

— Irmãos, prosseguindo em nossos trabalhos, comentaremos hoje vossos pedidos de orientação mediúnica, em face das dificuldades que se vos apresentam na luta de cada dia e que classificais como impedimentos de natureza psíquico-fisiológica. 5 Desejais realizações generosas nos domínios da revelação superior, sonhais conquistas gloriosas e edificações sublimes; entretanto, há que corrigir vossas atitudes mentais diante da vida humana. Como intentar construções sem bases legítimas, atingir os fins sem atender aos princípios? Não se reduz a fé a simples amontoado de promessas brilhantes, e o conjunto de ansiedades angustiosas que vos possui os corações, de modo algum, poderia significar a realização espiritual propriamente dita. 6 A edificação do reino interior com a luz divina reclama trabalho persistente e sereno. Não será tão somente ao preço de palavras que erguereis os templos da fé viva. Como acontece a comezinhos serviços de natureza terrestre, é imprescindível a escolha de material, esforços de aquisição, planos deliberados previamente, aplicação necessária, experimentação de solidez, demonstrações de equilíbrio, firmeza de linhas, harmonia de conjunto e primores de acabamento.

7 Alexandre fez ligeira pausa, fixou atentamente a assembleia, como se estivesse a transmitir-lhe ondas vigorosas de magnetismo criador, e prosseguiu:

— Reúnem-se aqui muitos irmãos que pretendem desenvolver as percepções mediúnicas; entretanto, aguardam simples expressões fenomênicas, supondo erroneamente que as forças espirituais permanecem circunscritas a puro mecanismo de forças cegas e fatais, sem qualquer ascendente de preparação, disciplina e construtividade. 8 Requerem a clarividência, a clariaudiência, o serviço completo de intercâmbio com os Planos mais elevados; no entanto, terão aprendido a ver, a ouvir e, sobretudo, a servir, na esfera de trabalho cotidiano? Terão dominado todos os impulsos inferiores, para se colocarem no rumo das regiões superiores? 9 Poderá o feto caminhar e falar no Plano físico? Deveríamos conferir à criança de cinco anos direitos cabíveis ao adulto de meio século? Se as leis humanas, ainda transitórias e imperfeitas, traçam linhas de controle aos incapazes, estariam as leis divinas, imutáveis e eternas, à mercê dos desordenados desejos da criatura? 10 Ó meus amigos, sem dúvida, há muitos gêneros e processos mediúnicos em função no mundo das formas em que viveis! Urge, porém, estimar o trabalho antes do repouso, aceitar o dever sem exigências, desenvolver as tarefas aparentemente pequeninas, antes de vos inquietardes pelas grandes obras, e colocar os desígnios do Senhor acima de todas as preocupações individuais! 11 Urge fugir da apropriação indébita no comércio com as forças invisíveis, furtar-se ao encantamento temporário e à obsessão sutil e perversa! Coletivamente, não somos duas raças antagônicas ou dois grandes exércitos, rigorosamente separados através das linhas da vida e da morte, e, sim, a grande e infinita comunidade dos vivos, tão somente diferenciados uns dos outros pelos impositivos da vibração, mas quase sempre unidos para a mesma tarefa de redenção final! 12 Não julgueis que a morte da forma santifique o ser que a habitou! Se o raio de sol não se contamina ao contato do pântano, também o doente rebelde é o mesmo enfermo se apenas troca de residência. O corpo físico representa apenas o vaso em uso, durante algum tempo, e o vaso quebrado não significa redenção ou elevação do seu temporário possuidor. 13 Recorremos a semelhante imagem para dizer-vos que o habitante da Esfera, atualmente invisível aos vossos olhos, é um irmão nem sempre superior a vós outros, nos círculos evolutivos. Desencarnação não expressa santificação. Os companheiros que vos antecedem no Plano espiritual não permanecem reunidos em aprendizagem muito diferente. 14 Os elétrons e fótons que vos constituem a vestimenta física integram, igualmente, os nossos veículos de manifestação, em outras características vibratórias. É necessário, portanto, atentardes para as vossas possibilidades interiores, para as maravilhas de vossa divindade potencial.

15 Em vossos desejos insopitáveis de intercâmbio com o Invisível, naturalmente anelais a aproximação da sociedade celeste. Esperais a revelação da verdade divina, a par de elementos insofismáveis de certeza tranquila; entretanto, para isso, é indispensável organizar e desenvolver vossos valores celestes, como criaturas celestiais que verdadeiramente sois. 16 Todo um exército de trabalhadores do Cristo funciona em cada núcleo de vossas atividades relativas à espiritualização, convocando-vos ao sentimento iluminado, à virtude ativa, ao departamento superior da vida íntima; todavia, é ainda muito forte a vossa tendência de materializar todas as expressões do Espírito, esquecidos de espiritualizar a matéria. 17 Solicitais a luz, quase sempre perseverando nas sombras; reclamais felicidade, semeando sofrimentos; pedis amor, incentivando a separação; buscais a fé, duvidando até de vós mesmos.

18 A possibilidade de comerciar emoções com as Esferas invisíveis que vos rodeiam não representa, de modo algum, a realização espiritual imprescindível à edificação divina de cada um de nós, porque o problema da glória mediúnica não permanece em ser instrumento de determinadas Inteligências, mas em ser instrumento fiel da Divindade. 19 Para que a alma encarnada efetue semelhante conquista é indispensável desenvolva os seus próprios princípios divinos. A bolota é o carvalho potencial. O punhado de sementes minúsculas é o trigal de amanhã. O gérmen insignificante será, em breves dias, a ave poderosa cortando amplidões.


3. Alexandre estava cada vez mais empolgante e mais belo. Do alto, jorravam-lhe sobre a fronte fios irisados de brilhante luz.

— Mediunidade, — prosseguiu ele, arrebatando-nos os corações, — constitui “meio de comunicação”, e o próprio Jesus nos afirma: “eu sou a porta… se alguém entrar por mim será salvo e entrará, sairá e achará pastagens”! ( † )   Por que audácia incompreensível imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor? 2 Ouvi-me, irmãos meus!… Se vos dispondes ao serviço divino, não há outro caminho senão Ele, que detém a infinita luz da verdade e a fonte inesgotável da vida! Não existe outra porta para a mediunidade celeste, para o acesso ao equilíbrio divino que anelais no recôndito santuário do coração! 3 Somente através d’Ele, vivendo-lhe as sublimes lições, alcançareis a sagrada liberdade de entrar nos domínios da Espiritualidade e deles sair, conquistando o pão eterno que vos saciará a fome para sempre. 4 Sem o Cristo, a mediunidade é simples “meio de comunicação” e nada mais, mera possibilidade de informação, como tantas outras, da qual poderão assenhorear-se também os interessados em perturbações, multiplicando presas infelizes. 5 Lembrai-vos, contudo, de que a lei divina jamais endossou o cativeiro e nunca sancionou a escravidão! Esquecestes a palavra divina que pronunciou: “vós sois deuses”? ( † )

6 Ao enunciar esta última frase, o orientador assumira atitude muito diversa. Pareceu-me que em pleno tórax acendera-se-lhe sublime luz, levemente anilada, luz que nos enviava, a todos, raios de inexprimível alegria. Seus cabelos assemelhavam-se agora a fios de sol de safirina expressão. O olhar tornara-se-lhe mais sublime e profundo. E muitos de nós, desencarnados e encarnados, choramos de agradecimento e júbilo, tocados de inexplicável emoção.

7 Após ligeiro intervalo, continuou o amoroso e sábio instrutor:

— Ó meus amigos, a persistência na condição de animalidade vos perturba! Sois a coroa espiritual da face da Terra, pela razão com que fostes galardoados pelo Senhor do Universo. O facho esplendoroso do raciocínio clareia o santuário de vossas consciências, o sublime vos convida ao “mais além”, irmãos mais velhos vos convocam ao convívio do Pai; no entanto, buscais demorar voluntariamente na fauna da irracionalidade primitiva. 8 No campo vibratório da mente humana, sente-se ainda o veneno das víboras ingratas, o instinto dos lobos famulentos, as ciladas das raposas, o impulso sanguinário dos tigres vorazes; a vaidade e o orgulho dos leões. 9 Não acrediteis que semelhantes atributos sejam característicos do corpo mortal simplesmente. São qualidades que o Espírito conserva em si, olvidando os patrimônios divinos. 10 Ora, a morte física surpreende as criaturas na atitude que cultivaram. Modificam-se os Planos de vibração, mas a essência espiritual é sempre a mesma. Daí o emaranhado de manifestações inferiores nas esferas mediúnicas de vossas atividades. 11 Em muitas ocasiões, ao invés de cultivardes as qualidades positivas de realização com Jesus, permaneceis no fomento de interesses mesquinhos da concorrência humana aos centros passageiros de pura sensação. 12 Tomados de enormes equívocos, nos círculos do desenvolvimento medianímico, acreditais seja possível vencer o domínio pesado das vibrações grosseiras, cristalizadas pela viciação de muitos séculos, tão somente à força de movimentação mecânica das células materiais. 13 Sem qualquer preparação, intentais a travessia das fronteiras vibratórias, invocando as potências invisíveis de qualquer natureza, para o adestramento de forças psíquicas, qual homem leviano que exigisse orientadores, ao acaso, em plena multidão, esquecido de que nem todos os transeuntes da via pública permanecem em condições de beneficiar, orientar e ensinar. 14 Se as máquinas mais simples da Terra pedem o curso preparatório do operário, para que o setor da produção não desmereça em qualidade e quantidade, como esperais que a mediunidade sublime se reduza a serviços automáticos, a puras manifestações de mecanismo fisiológico, indene de educação e responsabilidade? 15 Sempre será possível abrir meios de comunicação entre vós outros e os Planos que vos são invisíveis, mas não esqueçais de que as afinidades são leis fatais de reunião e integração nos reinos infinitos do Espírito! Sem os valores da preparação, encontrareis irremediavelmente a companhia dos que fogem aos processos educativos do Senhor; e sem as bênçãos da responsabilidade encontrareis logicamente os irresponsáveis.


4. Objetareis que o fenômeno é indispensável no campo experimental das conquistas científicas, que o inabitual deve ser convocado a favorecer novas convicções; entretanto, somos dos primeiros a reconhecer que os vossos caminhos na Crosta se desdobram entre fenômenos maravilhosos. 2 Já resolvestes, acaso, o mistério da integração do hidrogênio e do oxigênio na gota d’água? Explicastes todo o segredo da respiração dos vegetais? Por que disposições da Natureza viceja a cicuta que mata, ao lado do trigo que alimenta? Que dizeis da haste espinhosa da Terra oferecendo a flor, como graciosa taça de perfume celeste? 3 Solucionastes todos os problemas biológicos das formas físicas que povoam o Planeta, nas diversas espécies? Qual é a vossa definição do raio de sol? Vistes, alguma vez, o eixo imaginário que sustenta o equilíbrio do mundo? 4 Se semelhantes fenômenos, de caráter permanente na Crosta, não despertam as almas adormecidas, fornecendo-lhes a legítima concepção da existência de Deus, como esperais destruir a rebeldia milenária dos homens, exigindo espetáculos prematuros de manifestações da Espiritualidade superior? 5 Não, meus amigos! Urge abandonar os setores de ruído externo para iniciardes o desenvolvimento interior das faculdades divinas! A paixão do fenômeno pode ser tão viciosa e destruidora para a alma, como a do álcool que embriaga e aniquila os centros da vida física! 6 Vosso jogo de hipóteses, na maioria das circunstâncias, não passa de dança macabra dos raciocínios, fugindo às realidades universais e adiando, indefinidamente, a edificação real do espírito! 7 Concordamos convosco em que a experimentação é necessária; que a pesquisa intelectual é o ponto de partida dos grandes empreendimentos evolutivos; que a curiosidade respeitável é mãe da ciência edificante; que todo e qualquer processo de conhecimento requisita campo de observação e trabalho, como é imprescindível o material didático, nas escolas mais simples. 8 Entretanto, urge reconhecer que os elementos de aprendizagem não devem ser convertidos pelo aluno em meras expressões de brinquedo ou entretenimento. Além disso, ainda que os aprendizes se esclareçam, relativamente às lições, é forçoso observar que a informação não é tudo, porquanto o esclarecimento educativo é apenas parte do aprendizado. 9 Que dizer dos discípulos que estudam sempre, sem jamais aprenderem no terreno das aplicações legítimas? Que dizer dos companheiros, portadores de luzes verbais para os outros, que nunca se iluminam a si mesmos? Catalogar valores não significa vivê-los. Ensinar o caminho a viajores, não demonstra conhecimento direto e pessoal da jornada. Há excelentes estatísticos que nunca visitaram as fontes originais de seus recursos informativos, e eminentes geógrafos que raramente saem do lar. 10 Referimo-nos a semelhantes imagens para fazer-vos sentir que, se é possível manter atitudes dessa ordem, no campo limitado da curta existência na Crosta, não se pode fazer o mesmo no reino infinito da vida espiritual, em cujos Círculos viveis desde agora, apesar da vossa condição de criaturas ligadas aos veículos inferiores.


5. Mediunidade não é disposição da carne transitória e sim expressão do Espirito imortal. 2 Naturalmente, o intercâmbio aprimorado, entre os dois Planos, requere sadias condições do vaso sagrado de possibilidades fisiológicas que o Senhor vos confiou para santificação; todavia, o corpo é instrumento elevado nas mãos do artista, que deve ser divino. 3 Se aspirais ao desenvolvimento superior, abandonai os Planos inferiores. Se pretendeis o intercâmbio com os sábios, crescei no conhecimento, valorizai as experiências, intensificai as luzes do raciocínio! 4 Se aguardais a companhia sublime dos santos, santificai-vos na luta de cada dia, porque as entidades angélicas não se mantêm insuladas nos júbilos celestes e trabalham também pelo aperfeiçoamento do mundo, esperando a vossa angelização! 5 Se desejais a presença dos bons, tornai-vos bondosos por vossa vez! Sem afabilidade e doçura, sem compreensão fraternal e sem atitudes edificantes, não podereis entender os Espíritos afáveis e amigos, elevados e construtivos. 6 Se não seria razoável encontrar Platão ensinando filosofia avançada a tribos selvagens e primitivas, nem Francisco de Assis operando com salteadores, não será admissível a integração dos Espíritos esclarecidos e santificados com as almas rigorosamente agarradas às manifestações mais baixas e grosseiras da existência carnal. 7 Em vossas atividades espiritualistas, lembrai-vos de que não vos encontrais perante uma doutrina sectária de homens em trânsito no Planeta! Permaneceis num movimento divino e mundial, de libertação das consciências, numa revelação sublime de vida eterna e de valores imortais para todas as criaturas de boa vontade! 8 Acolhendo essa convicção, não vos detenhais na atitude exclusiva e presunçosa dos que supõem haver encontrado na mediunidade tão somente um sexto sentido! O valor mediúnico não é dom de privilegiados, é qualidade comum a todos os homens, requisitando a boa vontade sincera no terreno da elevação. 9 Por agora, é inegável que necessitamos das grandes tarefas estimuladoras, em que determinados companheiros encarnados são convocados aos grandes testemunhos nesse setor do esclarecimento coletivo, na disseminação da fé positiva e edificante; mas o futuro nos revelará que o serviço dessa natureza pertence a todas as criaturas, porque todos nós somos Espíritos imortais. 10 Não alimenteis qualquer dúvida! Não permitais que o padrão vibratório das forças físicas vos apague a luz gloriosa da divina certeza deste momento, porque todos nós, amados amigos, nos encontramos diante da própria Espiritualidade sem fim, renovando energias viciadas de séculos consecutivos, a caminho de transformações que vós mal poderíeis imaginar, nos Círculos de vosso presente evolutivo! 11 Elevemo-nos, pois, no espírito do Senhor, que nos convidou ao banquete da luz, desde hoje! Levantemo-nos para o porvir, não no sentido de menosprezar a Terra, mas no propósito de aperfeiçoar as nossas qualidades individuais, para sermos verdadeiramente úteis às suas realizações que hão de vir! 12 Entreamemo-nos intensamente, realizando os preceitos evangélicos e edifiquemo-nos, cada dia, erguendo-nos para a redenção final.


6. E, concluindo a formosa dissertação da noite, Alexandre rematou, depois de longa pausa, apelando sentidamente:

— Unamo-nos todos no compromisso sagrado de cooperação legítima com Jesus! n

2 Se o braço humano modifica a estrutura geológica do Planeta, rasgando caminhos novos, edificando cidades magníficas e proporcionando fisionomia diferente ao curso das águas da Terra, intensifiquemos nosso esforço espiritual, renovando as disposições milenárias do pensamento animalizado do mundo, construindo estradas sólidas para a fraternidade legítima, concretizando as obras de elevação dos sentimentos e dos raciocínios das criaturas e formando bases cristãs que santifiquem o curso das relações entre os homens!

3 Não provoqueis o desenvolvimento prematuro de vossas faculdades psíquicas! Ver sem compreender ou ouvir sem discernir pode ocasionar desastres vultosos ao coração. Buscai, acima de tudo, progredir na virtude e aprimorar sentimentos. Acentuai o próprio equilíbrio e o Senhor vos abrirá a porta dos novos conhecimentos!

4 Se o desejo de transformar o próximo atormentar-vos a alma, lembrai-vos que há mil modos de auxiliar sem impor, e que somente depois do fruto amadurecido há provisão de sementes com que atender às necessidades de outros núcleos da semeadura!

5 Desligai-vos do excessivo verbalismo sem obras! Não vos falo aqui tão somente das obras do bem, exteriorizadas no Plano físico, mas, muito particularmente, das construções silenciosas da renúncia, do trabalho de cada dia no entendimento de Jesus-Cristo, da paciência, da esperança, do perdão, que se efetuam portas a dentro da alma, no grande país de nossas experiências interiores!

6 Em todos os labores terrestres, transformai-vos na Vontade de Nosso Pai! E em vossos serviços de fé, não intenteis fazer baixar até vós os Espíritos superiores, mas aprendei a subir até eles, conscientes de que os caminhos de intercâmbio são os mesmos para todos e mais vale elevar o coração para receber o infinito bem, que exigir o sacrifício dos benfeitores!…

7 Jamais quebreis o fio de luz que nos liga, individualmente, ao Espírito Divino! Não permitais que o egoísmo e a vaidade, os apetites inferiores e as tiranias do “eu” vos empanem a faculdade de refletir a Divina Luz. 8 Recordai que em nossa capacidade de servir, e em nossas posições de trabalho, estamos para Deus como as pedras preciosas da Terra estão para o Sol criador, — quanto mais nobre a pureza da pedra, mais possibilidades apresenta para refletir o brilho solar.

9 Colocai as expressões fenomênicas de vossos trabalhos em segundo plano, lembrando sempre de que o Espírito é tudo!


7. Nesse instante, Alexandre silenciou, mantendo-se, então, em muda rogativa. Admirado, comovido, notei que o generoso instrutor se transfigurava, ali, aos nossos olhos. 2 Pela primeira vez, depois de meu retorno ao novo Plano, observava acontecimento tão singular. Suas vestes tornaram-se de neve radiosa, sua fronte emitia intensa luz e de suas mãos estendidas evolavam-se raios brilhantes que, caindo sobre nós, pareciam infundir-nos estranho encantamento. 3 Profunda emoção dominou-me o íntimo e quase todos nós, sem definir a causa daquelas divinas vibrações, chorávamos de alegria, contendo o peito opresso de júbilo inesperado.

4 Depois de alguns momentos de êxtase sublime, vi que Sertório compreendera a minha perplexidade. É verdade que, por várias vezes, presenciara a oração de entidades elevadas, oração que se fazia acompanhar sempre dos mais belos fenômenos de luz, mas nunca observara, dantes, semelhante transfiguração!

5 Tocando-me o braço, de leve, o companheiro acentuou:

— Todas as potências de natureza superior congregaram-se em torno de Alexandre, neste momento, transformando-o em intermediário de dádivas para nós. É por isso que ele irradia e resplandece com tamanha intensidade.

6 Compreendi a beleza da cena e a sublimidade da lição.

Decorridos alguns segundos, o grande orientador, retomando o seu aspecto habitual, elevava uma prece de reconhecimento ao Senhor e encerrava alegremente a divina reunião.


André Luiz



[1] Nota: No original, a partir do próximo parágrafo até o término da preleção de Alexandre, os parágrafos estão “entre aspas”.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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