1 O berço da Renascença
Era um viveiro de sóis
Consagrado ao pensamento
De Gênios, Santos e Heróis.
Nas retaguardas medievas,
Jaziam agora as trevas
De Átila a Tamerlão;
Entre as cinzas das Cruzadas,
Multidões desesperadas
Pediam renovação.
2 Aos gritos da Humanidade,
Cansada de grandes réus,
Sanando a angústia dos povos,
Explodiam tempos novos,
Vinham respostas dos Céus…
3 Na Europa aflita e insegura,
Dante ilumina a cultura,
Gutemberg amplia a escola,
Ante a fé, Savonarola
É novo facho a brilhar;
Copérnico estuda e espreita,
Da Vinci é a forma perfeita,
Colombo é o poder no mar…
4 No entanto, embora o progresso
Anunciando o Porvir,
Não se via no horizonte
Réstia de paz a surgir;
Discórdia ferindo o mundo,
Era tormento infecundo,
Intérmino vendaval;
Pelas fornalhas da guerra,
O ódio agitava a Terra
Em luta descomunal.
5 Foi então que a Voz do Alto
Conclamou no Imenso Azul:
— “Desdobre-se no Planeta
Novo lábaro no Sul!…
Povo heroico se levante
Sobre o maciço gigante,
Marcado a estrelas no Além;
Obreiros de mãos armadas
Levantarão nas estradas
O Reino do Eterno Bem.”
6 Surgia o Brasil nascente
Nos braços de Portugal
Que lhe deu, ao pé dos Andes,
Visões de altura imortal!…
Chega ilustre caravana,
Lisboa é a voz soberana,
Tomé de Souza conduz;
No entanto, entre os companheiros,
O armamento dos obreiros
Era a mensagem da Cruz.
7 O ensinamento do Cristo n
Faz-se verdade e clarão
Nas forjas em que se erguia
O País em ascensão.
Nóbrega, Anchieta, Gregório
Espalham no território
O Evangelho do Senhor
E o Brasil grava, na História,
A fé cristã por vitória,
Traduzida em paz e amor.
8 Nos domínios do Universo,
Ninguém evolui a sós,
A humanidade na Terra
É a soma de todos nós.
Mas, de olhar alçado aos cimos,
Por súplica repetimos,
Em Brasília, aos céus de luz:
— “Brasil de perenes brilhos,
Pela união de teus filhos,
Deus te conserve em Jesus.”
Castro Alves
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