1 Das sombras, onde a Morte se levanta
— Enlutada madona do poente —
Também procede a luz resplandecente
Da verdade imortal, profunda e santa.
2 No túmulo, o mistério se agiganta,
Torturando a razão desfalecente…
Em seu portal, o sol volta ao nascente
E a vida generosa brilha e canta.
3 Oh! Ciência, que sondas de mãos cegas,
Em vão procuras Deus! debalde negas!…
A miséria de luz é o teu contraste.
4 Além da morte, encontrarás, chorando,
O quadro doloroso e miserando
Dos monstros pavorosos que criaste.
Anthero do Quental
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