1 A fim de não descermos, alma boa,
A considerações frias ou cegas,
Lembra, no culto da beneficência,
O tesouro de bênçãos que carregas.
2 Usando as mãos tão ágeis quanto livres,
Sem quaisquer embaraços,
Pensa na provação dos companheiros
Que caminham sem braços.
3 Em contemplando céus, estrelas, flores,
Sem notar que a visão é um dom de luz que levas,
Fita os irmãos que trazem sobre os olhos
Duas vendas de trevas.
4 Manejando a palavra que te exprime
E com que aprendes tanto quanto estudas,
Medita na extensão das outras vozes
Inibidas ou mudas.
5 Ante os seres queridos
Que te ofertam amor e que estimas amar,
Anota, coração, os que varam a vida
Sem um pouso por lar.
6 Envolvendo em conforto um filho amado
Que recolhes por laço predileto,
Reflete nos pequenos desprezados
Que padecem na rua a carência de afeto.
7 Enquanto a fé te ampara e abençoa a alegria,
Lutes, de estrada a estrada, muito embora,
Encontras tanta gente arrasada de angústia,
Tanta gente que chora!…
8 Enumera as vantagens que desfrutas
E escuta, alma querida, o convite de alguém,
É o Cristo que te aguarda o concurso fraterno
Para estender no Mundo a construção do Bem.
Maria Dolores
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