1 O sol descia de manso.
Poente. Calor no ar,
O aprendiz e o professor
Estavam à beira-mar.
2 Ante as sentenças ouvidas,
O jovem, com atenção,
Falou ao mentor amigo
No término da lição:
3 — O que me dói, professor,
Ante a luz de tanto ensino,
É ser um cara “manjado”
Tão errado e pequenino.
4 Oro. Medito. Prometo.
Busco em Deus o meu abrigo,
Mas sofrendo tentações,
As quedas estão comigo…
5 Sei o que devo seguir
E faço o que não convém…
Deus é tão grande e eu “fracóide”
Serei obreiro do Bem?
6 O professor disse: — “Filho,
O problema é começar…
Deus nos deu a cada um
O poder de auxiliar.”
7 Veio o silêncio. Fitavam
Um homem lançando rede…
Depois, o jovem clamou:
— Professor, estou com sede!…
8 O amigo sorriu, bondoso,
E respondeu, de alto senso:
— “Veja, filho!… Estamos sós,
Diante do mar imenso!…
9 “Tanta água!… Tanta água!…
Que o Céu cobre com carinho!…
E agora necessitamos
Do poço de algum vizinho…”
10 Não longe, uma casa pobre
Deu-lhes acesso ao quintal;
O poço pequeno e limpo
Apareceu, afinal.
11 Terminara para os dois
A inesperada procura;
O moço fartou-se de água,
Água simples, água pura…
12 E disse o mentor contente,
Ao desligar-se de um jarro:
— “Cada qual pode ser poço,
Mesmo que seja de barro.”
Jair Presente
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