1 A sessão seguia calma.
Harmonia e precisão.
Antonico orientava
A justa doutrinação.
2 Pelo médium Gabriel,
Um Espírito incorporado,
Demonstrando imensa dor,
Passou ao próprio recado:
3 — Meus irmãos, sou um infeliz,
As culpas me custam caro,
Os meus erros foram muitos,
Imploro perdão e amparo…
4 Prejudiquei muitos órfãos,
Muitas viúvas lesei,
Fui um ladrão, às ocultas,
Tentando enganar a lei…
5 Mandei matar inimigos,
Não sei como agi assim,
Agora, desencarnado,
Minha angústia não tem fim…
6 Ante a pausa que se fez,
Disse Antonico, à vontade:
— E você queria o Céu
Depois de tanta maldade?
7 A vida que você conta
É tão imunda e tão feia,
Que não quero vê-lo aqui,
Ladrão mora é na cadeia…
8 O Espírito, em choro alto
Desfez-se em longo lamento:
— Meu amigo, tenha dó
De meu grande sofrimento!…
9 Antonico replicou:
— Não me venha rogar prece;
Quem é você que procura
Aquilo que não merece?
10 Clamou o comunicante:
— Infeliz do homem que cai…
Você pergunta quem sou?!…
Antonico, eu sou seu pai.
Jair Presente
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