1 Dei-te um berço de rendas e de flores,
Adorei-te por nume excelso e amigo
E inclinei-te, meu filho, a ser comigo
Soberano de sonhos tentadores.
2 Ordenava no orgulho que maldigo:
— “Não te curves nem sirvas, aonde fores…”
Entreguei-te mentiras por louvores
E enganosa fortuna por abrigo.
3 Hoje, de alma surpresa, torno a casa!
Tremo ao ver-te no luxo que te arrasa,
Como quem dorme em trágico veneno!
4 E choro, filho meu, choro vencida,
Por guardar-te entre os grandes toda a vida,
Sem jamais ensinar-te a ser pequeno.
Andradina de Oliveira
|