1 Pudesse agora arrancar-vos
Do terreno sorvedouro
E abrir-vos os salões de ouro
Dos cimos da Criação…
Conduzindo-vos aos prados
De flores da Imensidade,
Onde eterna claridade
Nos conduz à Perfeição;
2 Ó rutilâncias sublimes
Da vida risonha e pura,
Altar de doce ventura,
Luminoso rosicler,
No qual a paz e o amor
Fazem eterna aliança,
Onde um halo de esperança
É a vida de todo o ser;
3 Ó madrugadas brilhantes,
Luares opalescentes.
Sobre estradas resplendentes
Nos jaspes da imensidão,
Ó panoramas divinos,
Lindos quadros luminosos,
Manhãs de riso e de gozos
Da Terra da Promissão;
4 Que luzes maravilhosas
Sobre etéreos alabastros,
Sóis, estrelas, mundos, astros
Na vida superior,
Toda a música da Terra
Não se iguala à melodia
Da sacrossanta harmonia
Que se desprende do Amor;
5 Quisera, pois, arrancar-vos
De tanta noite obscura,
Mas agora na amargura
Faz-se mister que sofrais;
Depois, porém dessas dores,
Sentir-vos-eis nos espaços,
Acalentados nos braços
Do mais sublime dos pais.
Casimiro de Abreu
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