1 Quanto é amargo e penoso ver tateando
O pobre cego sobre a senda escura!…
Quanto mais vive, mais a desventura
Escurece-lhe o dia miserando…
2 Mas há, na Terra, noite ainda mais densa,
Cheia de escuridão e iniquidade
Dos que se vão, sem luz e sem piedade,
Afundar-se no abismo da descrença.
3 Cegos de Deus, felizes vós vos credes,
Pois que as luzes celestes já antevedes,
Pelo poder da fé que ampara e adoça.
4 Vivei tranquilos nessa noite imensa,
Porque no mundo a treva da descrença
É uma estrada mais negra do que a vossa!…
Casimiro Cunha
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