1 Ri, corpo humano, o riso dos palhaços,
Nos espasmos das articulações,
Inda mesmo com a carne em afecções,
Caindo nua, em pútridos pedaços.
2 Ri, na lubricidade dos devassos
E na volúpia das corrupções,
Inda que se amarfanhem corações
Com teus risos irônicos e crassos.
3 Ri, sempre, porque a alma, essa, paupérrima,
Dia há de vir se encontrará misérrima,
Com o seu quinhão de lágrimas nos ermos…
4 Ri, corpo humano, esquálido fantasma,
No mesmo barro obscuro, onde se plasma
A figura dos grandes estafermos.
Augusto dos Anjos
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