“Amai, pois, a vossos inimigos…” — JESUS — Lucas, 6.35.
“Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.” — Cap. XII, 3.
1 Não apenas os nossos adversários costumam cair.
2 É preciso entender que as situações constrangedoras não aparecem unicamente diante daqueles que não nos comungam os ideais, cujas deficiências, por isso mesmo, estamos naturalmente inclinados a procurar e reconhecer.
3 As criaturas que mais amamos também erram, como temos errado e adquirem compromissos indesejáveis, como, tantas vezes, temos nós abraçado problemas difíceis de resolver.
4 E todos eles, — os irmãos que resvalam na estrada, — decerto pedem palavras que os esclareçam e braços que os levantem.
5 Tanto quanto nós, na travessia das trevas interiores, quando as trevas interiores nos tomam de assalto, reclamam compaixão e socorro, ao invés de espancamento e censura.
6 Ainda assim, compaixão e socorro não significam aplauso e conivência para com as ilusões de que devemos desvencilhar-nos.
7 Em verdade, exortou-nos Jesus a deixar conjugados, o trigo e o joio, ( † ) na gleba da experiência, de vez que a Divina sabedoria separará um do outro, no dia da ceifa, mas não nos recomendou sustentar reunidos a planta útil e a praga que a destrói. 8 À vista disso, a compaixão e o socorro expressam-se no cultivador, através da bondade vigilante, com que libertará o vegetal proveitoso da larva que o carcome.
9 O papel da compaixão é compreender.
10 A função do socorro é restaurar.
11 Mas se a compaixão acalenta o mal reconhecido, a título de ternura, converte-se em anestesia da consciência e se o socorro suprime o remédio necessário ao doente, a pretexto de resguardar-lhe o conforto, transforma-se na irresponsabilidade fantasiada de carinho, apressando-lhe a morte.
12 Reconhecendo, pois, que todos somos suscetíveis de queda, saibamos estender incessantemente compaixão e socorro, onde estivermos, sem escárnio para com as nossas feridas e sem louvor para com as nossas fraquezas, agindo por irmãos afetuosos e compassivos mas sinceros e leais uns dos outros, a fim de continuarmos, todos juntos, na construção do Bem Eterno, trabalhando e servindo, cada qual de nós, em seu próprio lugar.
Emmanuel