Escritor, Poeta, com obras publicadas de grande valor literário ele é citado com um seu poema no livro “Poetas do Brasil”, onde figuram os maiores nomes da literatura nacional.
“Um médico anapolino me disse, certa vez, que bastaria o livro “Parnaso de Além-túmulo” para atestar a perfeição da mediunidade de Chico Xavier, valendo, ainda, como elemento de prova da comunicação dos mortos.
De fato, naquela obra — a primeira das cento e cinquenta publicadas com a assinatura do famoso intérprete, encontra-se um valioso registro da lavra de além-túmulo, endereçada aos mortos do mundo do vivos.
Assisti, em várias oportunidades, ao veloz movimento do lápis, fazendo o Chico fluir mensagens admiráveis, como se visse, das entranhas da terra, brotar uma fonte no alto e a água despejar-se em cachoeira, na lauda do solo. Desse jorro, diz M. Quintão, prefaciando aquele livro : — “Não há ideação prévia, não há encadeamento de raciocínio, fixação de imagens. É tudo inesperado, explosivo, torrencial!” — Na perfeição de cada estilo, não é necessário anunciar Emilio de Menezes, em “Recado”:
“No incenso a Baco já não me agonizo,
Prossigo além, exótico e discreto,
Mangando embora, mas com regra siso…”
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(Antologia dos Imortais)
Nem se precisa dizer que é Alvarenga Peixoto, em “Redivivo”:
“Divina lira,
Musa que inspira,
Meu coração,
A relembrar….
Celebra, amena,
A vida plena,
A paz sublime.
A luz sem par.”
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(Cartas de Coração)
Nem que é Augusto dos Anjos, em “Vozes de uma sombra”:
“Donde venho? Das eras remotíssimas,
Das substâncias elementaríssimas,
Emergindo das cósmicas matérias.
Venho dos invisíveis protozoários,
Da confusão dos seres embrionários,
Das células primevas, das bactérias”
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(Parnaso de Além-Túmulo)
Ou Alceu Wamosy, em “Página ao Homem”:
“Romeiro da ansiedade, em lágrimas avanças,
A estrada é solidão enquanto a luz declina
Esbravejam bulcões na tela vespertina,
Faz-se a noite aguaceiro em súbitas mudanças!”
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(Poetas Redivivos).
Em 1975, vindo de umas férias, com esposa e filho (esse contava três anos de idade), fizemos uma visita ao Chico, em, Uberaba. Sala cheia, como sempre, fila zigue-zagueando dentro e fora do salão, esperei a oportunidade e consegui chegar ao médium. Conversando sobre determinado caso, Chico me informou: — “Há aqui um médico homeopata e eu vou ouvi-lo, sobre o nome do remédio”. — Pensei eu estivesse o médico na assistência, mas Chico se levantou, para ir à cabine de recepção de mensagens. Ficou de pé, na porta, pois um grupo de senhoras cercou-o, não lhe dando ensejo nem de entrar na cabine nem de sentar-se. E o tempo passou — meia hora, no mínimo. Meu menino, no braço da mãe, demonstrava cansaço e eu, receando prolongar-se a espera, propus ao Chico me deixasse levar a família ao Hotel e, depois, ficaria na sala aguardando, o tempo que fosse preciso, o resultado da conversa que ele viesse a ter com o doutor. — “Não é preciso — observou — aqui está o nome do remédio”. E desdobrou um papel branco, contendo o nome do medicamento, o do laboratório, seu endereço e apreciações outras — tudo gravado à tinta manuscrita. — Estivera eu todo o tempo a seu lado e não tenho dúvida de que ele não escreveu nada nesse período, pois as inúmeras consulentes não lhe deram folga. O papel apareceu em sua mão, com os elementos de orientação bem expressos.
Falei, outras vezes, com o Chico; mas nem tive oportunidade de tocar no assunto com ele, fazendo as minhas perguntinhas de acupuntura. Nem mesmo lhe contei que, chegando daquela vez mesmo, a Goiânia, telefonei para São Paulo, encomendando o remédio cujo nome apareceu inentendidamente no papel branco.
E que veio do outro lado do fio, a informação: — “Como o senhor sabe desse remédio? Agora é que estamos acabando de o produzir!” (O Popular — Goiânia — 25.9.1977)