Intelectual e Orientadora educacional, vive há mais de vinte e cinco anos dedicada à causa espírita em Goiás, presidente da Irradiação Espírita Cristã que segrega dezoito departamentos assistenciais sob sua orientação. Escolhida pelo Grêmio Lítero Carlos Gomes como a Mulher do Ano de Goiás de 1977.
“Amor! Rememora a luz.
Que do Cristo se descerra…
Um berço, um barco, uma cruz
E o bem redimindo a terra”
Auta de Souza
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Atendendo o convite de um grande educador mineiro José Ignácio de Souza, fui conhecer, em Pedro Leopoldo, em 1939, um médium que começava a ser conhecido no Brasil por sua psicografia: Francisco Cândido Xavier. De Belo Horizonte, partimos rumo à pequena cidade mineira, onde chegamos à tardinha. Fomos acolhidos com carinho e encaminhados a uma sala humilde, onde se encontrava Chico Xavier, sentado à cabeceira de uma mesa rústica, tendo à sua frente papel e muitos lápis. Nos bancos, ao redor, vários senhores já se encontravam assentados, e, entre eles, nos colocamos.
Eu era uma recém normalista e aquele ambiente ou o ar compenetrado dos presentes, diante da leitura do Evangelho, me infundiram um grande respeito. Terminada a leitura, o médium começou a escrever, com incrível rapidez. Após a psicografia, à medida que as páginas iam sendo lidas, lágrimas de emoção afloravam aos olhos dos beneficiados. Algumas mensagens traziam provas irrefutáveis de presença de pessoas queridas há muito desencarnadas, outras faziam apelos veementes à divulgação do Esperanto na Terra do Cruzeiro e finalmente a mensagem dirigida a todos os corações, trazendo o convite à renovação interior à luz dos ensinamentos evangélicos. E aquela voz, diferente de todas as vozes, e que lia a matéria recebida do Além, partindo daquele que irradiava bondade e ternura, exercia profunda influência em meu Espírito. Naquele instante, despertaria em mim o grande interesse pelo espiritismo e o livro espírita se transformaria no alimento indispensável ao despertar espiritual.
Em verdade, quando jovens temos o coração repleto de indagações e do desejo ardente de consertar as injustiças do mundo, desejamos provas reais da presença do Espírito e muitas vezes um misto de ansiedade e desespero se instala no coração, diante da própria impotência.
E foi nesta hora que apareceu como um facho de luz a mensagem mediúnica de Chico Xavier, hoje, materializada em dezenas e dezenas de livros: livro estudo, livro história, estórias, romance, poesias, ciência, filosofia, religião, remédio, livro roteiro, todos eles inteiramente calçados nos ensinos sublimes de Jesus.
É muito difícil dizer da gratidão e do carinho de minha alma a esse Seareiro do Pai. Saberia o filho compreendera bênção do amor maternal ou a grandeza da proteção paterna?
Assim, para nós outros, que fomos encontrar na literatura espírita, que veio, dos Espíritos mais elevados até nós, graças ao espírito de renúncia, dedicação e amor do Chico Xavier, a nossa gratidão. Esses livros têm sido luz espiritual para o norteamento do rumo a seguir; o bálsamo para as horas difíceis; o júbilo nos momentos de lazer o socorro às aflições alheias; o estímulo constante para a sementeira da fraternidade no processo assistencial; o amparo direto nas horas de indecisão; o roteiro abençoado a nos mostrar a bandeira verde da esperança dentro da problemática da evolução humana.
Os Espíritos do Senhor, usando esse instrumento afinadíssimo, temperado na dor, que é a mediunidade de Chico, conseguiram trazer à humanidade, e de uma maneira maravilhosamente atraente a palavra do Cristo nos recordando: “Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros, João 13:35”.
E assim, o amor de Deus continua na Terra crescendo na bondade de Francisco de Assis, na dedicação de um Vicente de Paulo, na renúncia-caridade de um Chico Xavier. Graças a Deus”. (O Popular — Goiânia — 25.9.1977)