1 Morre Zeca Leal numa palhoça,
Morre a sós quem servira a vida inteira…
Faz calor… Cantam aves na mangueira…
Depois, é a noite, a sombra que se engrossa…
2 Morre Leal lembrando o milho, a eira,
O cafezal imenso, além da roça…
Nisso, aparece um moço à choça…
“Quem é?” — murmura o pobre em voz rasteira.
3 — “Já não aguento mais minhas feridas!…”
O moço toca as chagas doloridas
E diz: “Eu sou Jesus! Vim socorrê-las!…”
4 Leal entrega o corpo à terra fria
E segue o Cristo em pranto de alegria,
Numa estrela mais clara que as estrelas!…
Cornélio Pires
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