A 25 de julho de 1978, na pequena cidade de Oldhan, a poucos quilômetros de Londres, nasceu a menina Louise Brown, pesando 1.6 kg.
O óvulo de sua mãe — senhora Lesley Brown — fora fecundado numa proveta, em laboratório, e transplantado com êxito para o claustro materno.
Os médicos desse notável feito, o ginecologista Patrick Steboe e o fisiologista Robert Edwards, da Universidade de Cambridge, alcançavam assim a concretização de uma façanha há longo tempo acalentada pela ciência genética em relação ao homem: uma fecundação humana extragenital.
Com o escoar do tempo outros países participaram com êxito desses experimentos no campo da Genética.
Em torno desse importante e debatido tema, o Espírito Emmanuel assinou as respostas a seguir formuladas, por intermédio de Francisco Cândido Xavier.
Bebê de proveta, a reencarnação, a moral, etc.
1 — Ser concebido dentro de uma proveta, em laboratório, significaria para o nascituro — e/ou para seus pais — uma provação a ser aceita e superada?
R — Consideramos o assunto com sadio otimismo, desde que o óvulo fertilizado em proveta, com o apoio de autoridades respeitáveis, para a implantação no claustro materno revela senso de maturidade espiritual na mulher que assume a maternidade conscientemente, em plenitude de responsabilidade ante a vida que passa a acalentar no próprio regaço.
2 — A circunstância de ser concebido artificialmente e só depois de alguns dias ser transportado para o útero materno significaria, para o Espírito que vai nascer desse recurso de manipulação científica, alguma limitação espiritual para o bebê?
R — Não vemos qualquer limitação espiritual para o bebê, uma vez que o processo de reencarnação para o Espírito experimenta menos riscos, porquanto estará sob apoio mais completo da responsabilidade humana.
3 — Aluguel de úteros maternos é uma realidade a ser alcançada brevemente por cientistas e pesquisadores. Procederia mal a mulher que, por necessidade econômica e material, alugasse seu útero para a gestação de um óvulo fecundado que não fosse seu! Tal subterfúgio ou recurso extra não traria consequências ao nascituro?
R — As mães incapazes de amamentar os próprios filhos recorrem aos préstimos de companheiras que as assessoram nesse mister ou aproveitam outros recursos para a alimentação dos recém-nascidos. Quando a mulher se dispõe a ser mãe consciente e digna do elevado encargo de se responsabilizar por determinadas vidas, sem possibilidades próprias para isso, julgamos justo que uma companheira, se possível, tome a si o trabalho de gestar, em favor dela, o filho ou os filhos que essa mulher digna da maternidade consciente se propõe a receber nos próprios braços.
4 — Transgredirá a Lei de Deus a mulher solteira que queira ter filhos sem o intercurso sexual com um companheiro masculino, ou seja, que queira engravidar através de inseminação artificial?
R — No caso, o problema é estritamente de natureza consciencial.
5 — A fecundação e criação de bebês de proveta em série, ou em larga escala de feição industrial, não traria para a Humanidade outros problemas de conotação imprevisível?
R — A evolução moral dos povos não permitirá a criação de semelhante indústria, ou o homem estará rebaixando o nível de conhecimento superior em que se encontra, com perigosos comprometimentos para a Humanidade inteira.
6 — Sabendo-se que nada no Universo acontece por acaso e sim que tudo obedece aos planos do Mais Alto, é razoável deduzirmos que os Espíritos que devem vir à luz do nosso Mundo por este caminho, são previamente preparados para esta via de nascimento?
R — Sim, quando a Ciência na Terra, iluminada pela bênção da fé na imortalidade, puder intervir no auxílio, realmente digno, junto ao trabalho da Genética no campo humano, sem nenhuma disposição para extravagâncias e abusos através de experimentações absolutamente desaconselháveis; a implantação do óvulo fertilizado no claustro da mulher responsável evitará muitos desastres na reencarnação, especialmente os que se referem ao aborto sem justificativas.
7 — Como é vista no Plano Espiritual Superior a conquista científica que possibilitou o “bebê de proveta”?
R — Os Amigos da Espiritualidade consideram a realização com o melhor otimismo, desde que o óvulo fertilizado em proveta por autoridades competentes revele senso de maturidade espiritual na mulher que assume tal maternidade consciente, sempre em plenitude de responsabilidade ante a vida que passa a acalentar no próprio regaço.
8 — Isso significará evolução na estrada humana?
R — Sim, porque enquanto o homem estiver socorrendo a mulher que aspira a ser mãe, aceitando voluntariamente os encargos decorrentes dessa tarefa, a ciência terrestre estará colaborando com a natureza, amparando-lhe os processos de autopreservação.
9 — O homem age sabiamente entrando, qual vem fazendo, nesses problemas do campo da Genética?
R — O homem cumpre um dever cooperando com a natureza nesse sentido, abstendo-se de experiências extravagantes que não teriam razão de ser. Aliás, a Divina Sabedoria oferece ao homem determinados recursos de evolução que o próprio homem se vê impulsionado a aperfeiçoar. Descoberto o fogo a inteligência terrestre esmerou-se em aprender como aproveitá-lo. Conquistada a força elétrica a Ciência, até agora, ainda lhe estuda os efeitos e aplicações.
10 — Possui o Plano Espiritual razões específicas para apoiar a gestação da criança de proveta?
R — Uma dessas razões, mais que justa, será observar na mulher a disposição à maternidade, atendendo mais à ação do que ao instinto. Outro motivo para desejarmos todos amplo sucesso nessas experiências será a diminuição dos processos de aborto, nos quais milhares de criaturas se empenham a débitos complicados prejudicando amigos desencarnados em vias de novo nascimento no Plano Físico e prejudicando, desse modo, a si mesmas.
11 — Certo tipo de intervenção do homem na Embriologia não criará oportunidades de experiências infelizes?
R — Quando destacamos a excelência da colaboração humana na gênese do corpo, com a fertilização do óvulo feminino em proveta, a fim de que o ovo seja entregue à nidação no claustro materno, não nos reportamos aos experimentadores cruéis, capazes de provocar fenômenos teratológicos, de vez que semelhantes inteligências, conforme esperamos, serão controladas pelas autoridades chamadas a legislar no relacionamento entre as criaturas.
12 — Os Amigos Espirituais consideram a possibilidade da Ciência criar um aparelhamento especial que substitua o claustro materno em suas funções?
R — A Ciência, indiscutivelmente, poderá chegar até lá; no entanto, por muito tempo ainda será prudente permanecer o homem no aperfeiçoamento da fertilização do óvulo para a condução do ovo ao ninho maternal. Nesse sentido é muito provável que vejamos na Terra as amas de gestação, como já se conhecem as amas-de-leite ou as amas guardiãs da criança. Observando-se o assunto, nas implicações remotas que ele envolve, as amas de gestação deverão ser, decerto, submetidas a testes de afinidade, saúde, empatia e resistência física, antes de se lhe contratarem os serviços atinentes à formação dos nascituros. Isso é mais que natural, sem que haja qualquer diminuição do amor entre pais e filhos.
13 — Quais então os perigos presentes e futuros que essa manipulação dos gens pode gerar à vida nos dois planos da existência?
R — O materialismo inteligente, quando cruel, sem qualquer ideia de Deus e da imortalidade da alma é o perigo que ameaça a manipulação dos recursos genéticos sem responsabilidade, mas devemos confiar nos homens de bom-senso e de espírito humanitário que, através de legislações dignas, podem e devem coibir quaisquer abusos suscetíveis de aparecer no campo das pesquisas de caráter delituoso e deprimente. Confiemos no amparo e na inspiração dos Mensageiros do Cristo, em auxílio à coletividade humana.
Fernando Worm