São 14h 30min de uma tarde de julho em Uberaba. No trajeto que medeia entre sua residência e a sede do “Grupo Espírita da Prece”, comento para o médium o visível aumento das filas de necessitados de toda sorte que o procuram a cada fim de semana. Chico redargui: “Não foi apenas o número que aumentou. Você esteve aqui há sete meses atrás e poderá observar que aumentou principalmente o grau de ansiedade das pessoas. Estes são tempos de prova e renovação para todos nós, criaturas humanas cada vez mais carentes de amparo no aprendizado do Bem. Mas a Misericórdia Divina alcança a todos sem exceção e assim vamos seguindo para a frente com as nossas tarefas.
O atendimento prolonga-se por horas a fio. São mães e pais que perderam filhos, irmãos e amigos, aos quais o desaparecimento de alguém trouxe grandes provações; outras tantas pessoas são portadoras de males físicos, morais, mentais, espirituais; é a própria involução da condição humana que parece sofrer de uma cadeia de sofrimentos aparentemente intermináveis.
Com raras exceções, cada atendimento dura apenas alguns minutos. Uma trilha musical de fundo suave, músicas que incluem Mozart, Haendel, Bach e outros, auxilia a harmonização do ambiente de trabalho.
O médium permanece sentado num banco de madeira do “Centro” enquanto ouve os consulentes; às vezes indaga, perquire, dá sugestões, faz apontamentos. Os Espíritos que o auxiliam fornecem as informações necessárias.
Algumas vezes, os Espíritos aparentados com a pessoa que está solicitando orientação se manifestam pela palavra do médium, ou enviam recados através dele.
É quando surge a imprevisível pergunta: “Quem é fulano?”. A pessoa atendida geralmente é tomada por surpresa e habitualmente responde: “é meu avô, ou avó, pai, irmão, irmã, tio, amigo, companheiro, colega etc.”. Então o médium completa:” Esse Espírito está aqui conosco e roga para que lhe seja dito isso ou aquilo (geralmente citando nomes, datas, situações que o médium desconhecia totalmente e, apesar disso, invariavelmente corretos). “Deus não desampara ninguém, por maiores que sejam nossas provações a Misericórdia Divina tem o bálsamo de que necessitamos.”
Noutras ocasiões Chico Xavier apenas ouve o que a pessoa tem a relatar, toma nota do nome e endereço do Centro Espírita que essa pessoa eventualmente frequenta, permanecendo tais registros sobre a mesa de trabalhos. A alguns lembra o medianeiro que seja feito o pedido de orientação por escrito para que ele psicografe a resposta dos Espíritos. A outros endereça palavra de consolo e esperança, solidariedade e amparo e, em algumas circunstâncias, indicações homeopáticas.
Alguns visitantes recebem respostas e esclarecimentos mais diretos e objetivos, conforme o teor do que foi perguntado.
Após a recepção mediúnica dessas orientações, serviço esse que perdura em média por 6 horas consecutivas, encerra-se a primeira parte da reunião pública da noite.
Em seguida, na parte final das tarefas, comumente os espíritos amigos aparentados com pessoas do auditório enviam mensagens de saudade, reconforto, paz e esperança, com muitas citações e referências pessoais no texto respectivo. Para melhor esclarecimento, ao final deste capítulo, reproduzimos uma das mensagens do jovem Cássio aos seus pais, D. Tereza Leite Llorente e Sr. Florentino Llorente, residentes em São Paulo, e outra mensagem assinada por D. Marina Lúcia Pedrosa, que foi a esposa do Gen. Ilcon da Cunha Cavalcanti, residente no Rio de Janeiro, e que nos escreveu autorizando a publicação da mensagem.
Fernando Worm