1 Meu pai, minha mãe, Sueli e os mais.
Pedi vez para ter voz e papear qualquer coisa que possa dizer o que sinto, sem os meios de falar como desejo. Indaguei de minha tia e dos amigos se podia escrever sem botar banca, mas eu mesmo, passado a limpo segundo a nossa textologia. Posso. Desde que não crie problemas, nem espanque os bons costumes.
2 Sei que vocês vieram em reuniões passadas querendo palavras novas, e onde a onda em que pudesse entrar sem dificuldade? Nossos amigos novatos em mediunidade e serviço ao próximo desejavam que eu estivesse rente para identificar verdades, entregar o ouro daqui para glorificar os que já estão glorificados aí na Terra, querendo que Deus amoleça para que tomem as chaves do Céu. Digam, porém, aos nossos amizades para que não se fóssem n com as caretas de tantos caras ouriçados para guardar os hábitos em que se enquadraram há muito tempo.
3 Creiam na verdade se quiserem. A vida na Terra é isto aí. Uma escola. Cada qual carrega a sua carteira feita de ossos. Por mais que a bondade dos outros nos enfeite, a realidade não é diferente.
4 Acordei por aqui feliz da vida e há quem exija de mim, explique como foi. Expliquem eles primeiro como nasceram aí dos troncos em que florescem e esclarecerei, o que experimento, sem papo de contar o que vi.
5 De fato, larguei os freios nas águas, mas nada sei de presunto guardado em paletó de madeira. Apesar disso, estou na condicional e quem vive assim não muito longe de canucha não consegue nem escafeder pelos canos e nem roncar prosa, enviando amizades a pensões do Governo.
6 Estou faturando horrores, mas unicamente em matéria de lições que não sei transmitir. Não posso largar o trabalho a fim de paparicar esses muquiranas que não topam a verdade. 7 Não sei em que se escoram para sarcastizar médiuns e gritar contra nós, os Espíritos, tão vivos quanto qualquer criatura viva, embora já não queiramos ser vivos, e, por isso mesmo, não será justo que esses debilóides da cultura para menos se manifestem contra nós, quando procuramos dar uma incorporada, com disciplina em nome das orações dirigidas a Deus.
8 Não sei porque assumem os ares de importância com que pintam por este mundo de escola no sem fim. Geralmente dão o teco, esses ateus de palha, quando estão de olhos no copo ou quando se acham excitados depois de queimarem erva. São quase sempre passadores e fofoquentos, gerando barulho sem qualquer justificativa. Declaram-se contra a verdade e é isso aí. Tumulto, confusão, má fé e frioleiras de cucas desocupadas ou de moringas perturbadas de esquente.
9 Mas a vida é a vida mesmo e a morte é aquela de fera velha, pondo gritos nas bocas. De fera; porém, não temos qualquer vizinhança e vamos indo…
10 Agora, de meses para cá, somos muitos. n Queremos trabalhar pelos companheiros perdidos no fumacê. Muita gente boa está dando esticadas por essas plagas de delírio, em que a mente enlouquece de corpo estirado. Precisamos servir e compreender. Não há tempo para dar bolas e fazer papos furados em que a conversa mole grita frases raras para desculpar a neurose e a bobagem nas quais tantos militam.
11 Digam aos amizades nossos para não darem no pé, com medo de trabalho. De trabalho bom é o bem que fica. Sei que muitos companheiros estão saindo de nossa avenida receando compromissos. n Que não saiam dessa como pensam porque a prensa das provas dá logo presença e a hora de voltar soa na campainha do tempo, sem qualquer consideração.
12 Sueli, diz você que anda triste. Não faça isso. Fossa tem um nome e esse nome é o tédio, no qual tanta gente perde o uniforme escolar no educandário do mundo para vagar aqui, entre aqueles que dão aquelas de fantasmas, sem ver a luz do dia, embora estejam fora da noite. 13 A vida é ação e alegria. Ação de criar, renovação e bondade. Alegria de estender o bem e plantar a felicidade; e a felicidade, sabe você, é a única riqueza que podemos dar sem ter, porque mesmo sofrendo é possível erguer a felicidade dos outros.
14 Papai, minha mãe, abençoem o filho adoidado que ainda sou. Sueli, abrace o irmão que não a esquece. Lembre-me aos amigos. Continuo pedindo preces em meu favor.
15 Estou melhorando. E escrever com algum traçado de gíria não quer dizer que eu seja Espírito obsessor. Apenas luto. Mas se firo quero fazer isso apenas a mim mesmo. A todos desejo paz e progresso e muita utilidade e vantagem no baú do coração para não serem apanhados nos flagórios da verdade quando chegarem aqui.
16 Por hoje, tchau. O maior abraço da paróquia para a turma toda e que Deus nos abençoe.
17 Voltei a falar, mas agora estou procurando firmar-me para saber se disse.
Jair
COMENTÁRIOS
Logo no início, uma revelação importante.
Ao dizer “nossos amigos novatos em mediunidade e serviço ao próximo desejavam que eu estivesse rente para identificar verdades, entregar o ouro daqui…” Jair se refere a Nely Teixeira Vargas, sua conhecida, funcionária da Reitoria da UNICAMP. Era preocupação de Nely que Jair viesse pela mão do Chico com um sem número de revelações comprobatórias da veracidade da mensagem. Com a observação de Jair, D. Nely se deu por satisfeita…
Encontramos ainda na mensagem frases para as quais cabe maior explicação:
1 — “Agora de meses para cá somos muitos” Como podemos também observar em mensagem do Wady Abrahão Filho, de uns tempos a esta parte os jovens desencarnados foram aglutinando-se para trabalho em equipe no Plano Espiritual, serviço de socorro aos jovens da Terra, vitimados pela ilusão dos vícios. Quatro desses abnegados jovens da Espiritualidade se encontram presentes neste livro, trazendo as mensagens dos JOVENS NO ALÉM para os companheiros da Terra.
2 — “Sei que muitos companheiros estão saindo de nossa avenida receando compromissos” — ver observação de mensagem anterior em que Carlos, Sérgio e Wilson confessam estar abandonando compromissos assumidos com os serviços beneficentes na Casa da Sopa no Grameiro.
Caio Ramacciotti
[1] Obs. Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide Glossário de gírias.