1 Paquerei o mundo, procurando o ouro do Céu. E caminhei curtindo maravilhas.
2 Achei meu pai, o amigão que me pôs pra jambrar.
3 Guardei pra mim uma gente bacana chamada família e mandei a bola pra frente.
4 Saquei amizades que me colocaram nas jogadas e me ensinaram a sacudir a carola, tirando sarros.
5 Peguei uma nota comprida e gastei grana uma barbaridade.
6 Adorei máquinas lindas e ouvi ninfas geniais quase entrando pelos canos da vidração.
7 Aprendi a sair bem de grudes e zebras, de confas n e pintas bravas.
8 Bati papos badalados, na crista da marola.
9 Mas quando o conta-vida se mandou pra cima de mim, empacotando o meu corpo num tremendo barato de praia, é que achei o tesouro do Céu que eu procurava:
— O coração de minha mãe, porque o coração de minha mãe é um pedaço de Deus.
Augusto
COMENTÁRIOS
“Paquerei o mundo, procurando o ouro do céu…”
Nesta mensagem vazada em gíria objetiva e bem colocada, Augusto se dirige aos jovens do mundo, fazendo um pequeno resumo de sua passagem pela Terra.
Nascido em berço de paz, recebendo dos pais o carinho e apoio de um lar bem estruturado, sem maiores problemas com o dinheiro, viveu muito em toda a extensão do termo. O fascinante mundo dos jovens não lhe foi vedado, até que o conta-vida se mandou para cima dele…
No idioma característico dos jovens, Augusto definiu o drama que enfrentamos no mundo, sem a compreensão de seus verdadeiros valores. Somos frágeis e, sem a mensagem da Vida Eterna que Jesus nos trouxe, corremos o risco de, surpreendidos pela morte prematura, chegar do lado de Lá, ainda à procura dos tesouros de Deus, quando aqui mesmo os podemos encontrar, se entendermos as nossas responsabilidades e o papel que nos é destinado nas lutas planetárias.
Meditemos sobre esta autobiografia do Augusto.
Caio Ramacciotti
[1] Obs. Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide Glossário de gírias.