Reunião pública de 17-2-1961.
1ª Parte — Cap. VII — Item 3 — § 10.
1 Aproxima-te dos caídos para ajudar.
2 Não suponhas, contudo, que eles sejam apenas os companheiros que encontras na estrada, em decúbito, vitimados de inanição ou de desalento.
3 Assesta as lentes do espírito e surpreenderás os que jazem prostrados, embora garantam o corpo, em condição vertical, à maneira de torre inútil.
4 Entretanto, é preciso compreender para discernir.
5 Há os que caíram amando, sem saber que o afeto insensato os arrojaria nas trevas.
6 Há os que caíram em rijas cadeias, por ignorarem que as flores genuínas do lar costumam viver no adubo do sofrimento.
7 Há os que caíram auxiliando, por desconhecerem que a caridade real pede apoio à renúncia.
8 Há os que caíram por devotamento à dignidade, transformando a Justiça em gládio de intolerância.
9 Há os que caíram nos duros freios do orgulho, imaginando-se mais limpos e mais nobres que os seus irmãos.
10 Há os que caíram no fogo das paixões delinquentes, ateado por eles mesmos à própria senda.
11 Há os que caíram nas grades do ódio, por olvidarem que o perdão é sustento da vida.
12 E há ainda aqueles outros que caíram na miséria da usura, como se pudessem comer o dinheiro que acumularam chorando…
13 Cada um deles traz a dor, nos recessos da alma, por elemento de correção.
Não lhes agraves, assim, o suplício moral, alargando-lhes as feridas.
14 Todos somos viajores nas trilhas da Terra, carregando fardos de imperfeições.
15 Hoje, podes estender os braços e levantar os que desfalecem. Amanhã, porém, é novo dia de caminhada e, embora tenhamos a obrigação de orar e vigiar, nenhum de nós sabe realmente se vai cair.
Emmanuel