NA ÚLTIMA HORA
1 O anjo da morte entrara, belo e puro…
E, ostentando nas mãos um facho aceso,
Disse-me ao coração triste e surpreso:
— Pobre amigo! É a ti mesmo que eu procuro!…
2 A memória rompera estranho muro.
A sós comigo, exânime e indefeso,
Regressei ao passado e vi-me preso
Às ansiedades do caminho escuro.
3 Amores e ambições… penas e abrolhos…
E o pranto que jorrava de meus olhos
Banhou-me a fria máscara de cera.
4 Mas na sombra abismal do último dia,
Não chorava a existência que fugia;
Em vão, chorava o tempo que perdera…
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