Da crítica
Num domingo de calor
1 Benedita Fernandes, abnegada fundadora da Associação das Senhoras Espíritas Cristãs, de Araçatuba, no Estado de S. Paulo, foi convidada para uma reunião de damas consagradas à caridade, para exame de vários problemas ligados a obras de assistência. E porque se dedicava, particularmente, aos obsidiados e doentes mentais, não pôde esquivar-se.
2 Entretanto, a presença da conhecida missionária causava espécie. O domingo era de imenso calor e Benedita ostentava compacto mantô de lã, apenas compreensível em tempo de frio.
— Mania! — Cochichava alguém, a pequena distância.
— De tanto lidar com malucos, a pobre espírita enlouqueceu… — Dizia elegante senhora à companheira de poltrona, em tom confidencial.
— Isso é pura vaidade, — falou outra, — ela quer parecer diferente.
— Caso de obsessão! — Certa amiga lembrou em voz baixa.
3 Benedita, porém, opinava nos temas propostos, cheia de compreensão e de amor.
4 Em meio aos trabalhos, contudo, por notar agitações na assembleia, a presidente alegou que Benedita suava por todos os poros, e, em razão disso, rogou a ela tirasse o mantô por gentileza.
5 Benedita Fernandes, embora constrangida, obedeceu com humildade e só aí as damas presentes puderam ver que a mulher admirável, que sustentava em Araçatuba dezenas de enfermos, com o suor do próprio rosto, envergava singelo vestido de chitão com remendos enormes.
Hilário Silva
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Ante os problemas dos outros
Emudece os lábios teus.
Em tudo sempre supomos
Mas quem sabe é sempre Deus. ( † )
Casimiro Cunha
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Haja o que houver no caminho,
Não pense mal de ninguém:
Cada qual vê o vizinho,
Conforme os olhos que tem. ( † )
Gastão de Castro
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Filhos, a estrada real para Deus chama-se Caridade. ( † )
José Horta