1 Vão e voltam os viajores. Sucedem-se os dias ininterruptos. A árvore útil permanece, à margem do caminho, atendendo, generosamente, aos que passam.
2 Mergulhando as raízes na terra, protege a fonte próxima, alentando os seres inferiores, que se arrastam no solo. Recolhendo o orvalho celeste, na fronde alta, atende aos pássaros felizes que cortam os céus.
3 Costuma descansar em seus braços a serpente venenosa. Na folhagem, as aves pacíficas tecem o ninho. A andorinha errante e exausta ganha força nova em seus galhos, enquanto o filhote mirrado ensaia o primeiro voo.
4 O viandante repousa à sua sombra.
O botânico submete-a a estudos demorados e experiências laboriosas.
A agricultura apossa-se-lhe das sementes.
Pede-lhe o enfermo a substância medicamentosa.
O faminto exige-lhe frutos.
Os jovens arrebatam-lhe as flores.
O podador reclama-lhe o fogo de inverno.
5 Não raro, seus ramos são conduzidos às câmaras mortuárias, onde chovem as lágrimas de dor ou aos adornos de praças festivas, onde vibram gargalhadas de ironia da multidão.
6 Em seu tronco respeitável, muitos servos do campo experimentam o gume afiado da foice ao deixar o rebolo.
7 Na ausência do homem, os animais grosseiros buscam-lhe os benefícios. A lesma percorre-lhe os galhos, o lobo goza-lhe o refúgio.
8 Seu trabalho, porém, não se circunscreve ao plano visível. Movimentando todas as suas possibilidades, o vegetal precioso esforça-se e respira, para que as criaturas respirem melhor, em atmosfera mais pura.
9 O mordomo da terra, no entanto, quase nunca lhe vê o serviço integral, não lhe conhece os sacrifícios silenciosos e jamais relaciona a totalidade das dádivas recebidas. 10 Raramente, dá-lhe um punhado de adubo e nunca se informa, respeito à invasão dos vermes para defendê-la, convenientemente. Conhecendo-lhe apenas o concurso econômico, ameaça-a todos os dias, com o machado destruidor, se a colheita dos benefícios tangíveis oferece expressão menos abundante.
11 A árvore generosa, porém, continua produzindo e alimentando, servindo e espalhando o bem, nada esperando dos homens, mas confiando na garantia eterna de Deus.
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12 Médiuns dedicados a Jesus, fixai a árvore útil como símbolo de vossas vidas!… Dilacerados e perseguidos, incompreendidos e humilhados, alimentando vermes e pássaros, auxiliando viajores felizes e infelizes, continuai em vosso ministério sublime de amor, não obstante a indiferença do ingrato e o escárnio da foice, convencidos de que, enquanto o machado do mundo vos ameaça, sustenta-vos, na batalha do bem, o invisível manancial da Providência Divina.
Emmanuel
[1] Esta mensagem, diferindo nas palavras marcadas, foi publicada originalmente em 1945 pela FEESP e é a 44ª lição do
livro “Coletânea do Além.”