O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Intercâmbio do bem — Familiares diversos


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Dino De Caro (Dunga)

18 JUNHO 1963 — 15 MAIO 1983

Dunga, 2.º anista de Educação Física da U.M.C. — Universidade de Mogi das Cruzes, completava com os pais Dino Miguel de Caro e Neusa Jacintho de Caro, os 5 irmãos, José, Waldomiro, Maria, Fábio, Álvaro e a cunhada Aida (esposa de José), o círculo familiar com sólidas ligações afetivas.

Filho carinhoso, extremamente apegado à família e aos amigos, traz em sua mensagem a prova inequívoca da Vida Espiritual.

Nasceu e desencarnou na Capital Paulista. Sua mensagem trouxe, conforme depoimento de D. Neusa, muita tranquilidade, pois sentem todos que o Dunga está vivo e junto da família.




MENSAGEM


1 Querida mãezinha, estou a uni-la com meu pai em meu pedido de bênção.

2 Tenho estado inquieto e, só por isso, insisti com a vovó Maria Jacinto n para que me obtivesse a permissão para escrever-lhes alguma notícia neste encontro.

3 Estou, naturalmente, em dificuldades para vencer a timidez à frente de tantos amigos que desconheço e que, entretanto, me assessoram e me estimulam a escrita com o lago de pensamentos tranquilos, a cuja beira me sinto garatujando esta carta que não sei de que modo me sairá do lápis inseguro.

4 Tomo estas expressões para definir o ambiente de que me sirvo, porque todas estas pessoas amigas, inclinadas quase em sua totalidade para mim, emitem forças mentais que me deram a ideia de um lago sereno, conforme estou pensando.

5 Mãezinha, estou preocupado com o nosso Fábio, n porque o irmão não me retira da ideia, mantendo-me a imagem no cérebro dele, qual me enxergou na queda de que não consegui escapar da moto do nosso amigo Marcos Júlio. n

6 O nosso Fábio se aflige demasiadamente, a ponto de me alcançar com as suas explosões de mágoa e tristeza que não consigo compreender.

7 O Marcos tem sofrido muito e peço aos pais queridos me auxiliarem a vê-lo contente e renovado.

8 Seguíamos despreocupados pela Dutra, quando a máquina saltou um obstáculo com o qual não contávamos e o resultado foi o desequilíbrio na chepa de que me aproveitava.

9 Se as Leis de Deus me marcaram a volta à Vida Espiritual, utilizando-se daquele momento de alegre excursão, isso não é motivo para que o nosso querido Fábio se melindre e se irrite, perdendo a esportiva que sempre foi a nossa marca, quando juntos sabíamos desfrutar o contentamento desse ou daquele passeio em companhia de amigos.

10 Aliás, a moto não teve culpa, o Marcos não tem qualquer traço de responsabilidade em minha queda e nem eu mesmo posso carregar qualquer complexo de culpabilidade, porque eu não tive outro jeito se não despencar da garupa e estatelar-me no chão.

11 Pelo choque na cabeça, percebi que a situação era grave. Sinceramente, ao sentir-me rodeado de gente, embora no corpo inerte ou imóvel, segundo acredito, experimentei o desejo enorme de voltar para casa, mas era tarde para isso.

12 Senti-me tonto, a me apagar devagarinho e nada mais vi, senão que um sono ao peso de toneladas me caía sobre o pensamento, com o que perdi a noção de mim próprio.

13 Hoje, pergunto a mim mesmo se a morte para todas as pessoas que atravessam o paralelo do silêncio será esse torpor que não nos dá qualquer chance para entender o que se faz de nós em tal momento, mas semelhante indagação fica para depois.

14 Quando acordei, ignorando, como ignoro até hoje, o tempo em que estive à matroca, por dentro de minhas próprias ideias, percebi que alguém me auxiliava.
À medida que me conscientizava mais, enternecido e grato me reconhecia com tantos cuidados em meu favor.

15 Respondendo às minhas perguntas, quando consegui conversar, a senhora que me estendia proteção me convidou a chamá-la por vovó Maria Jacinto e aqui rendo a ela, que, aliás, me acompanha, as homenagens do meu reconhecimento.

16 Agora, querida mamãe, suponho que já escrevi o bastante para que me vejam tranquilo.

17 O Fábio e os irmãos, tanto quanto o Marcos Júlio, estão em minha lembrança, mas, peço aos benfeitores de meu novo pouso auxiliarem a todos para que se mantenham de cérebro acomodado na certeza de que estou vivo, em outras condições de existência.

18 Penso, porém, que isso não é novidade, porque nascendo no mundo físico, sempre me vi desse jeito, desconhecendo de que maneira fui entregue aos pais queridos para viver e aprender com a vida sem formular perguntas estéreis.

19 Desejo a todos muita saúde e paz, com lembranças ao José, ao Valdomiro, ao Álvaro, à irmãzinha e a todos os nossos.

20 Pais queridos, as saudades são muitas, mas não posso esmorecer.
É preciso seguir para frente e ser o amigo corajoso e firme na fé em Deus que preciso ser.

21 Reunindo os dois em meu coração, sou hoje como sempre, o filho reconhecido.

Dino

Dino de Caro  

09 de setembro 1983. 


Caio Ramacciotti

Paulo de Tarso Ramacciotti



[4] D. Maria Jacinto Baptista — bisavó materna, desencarnada em 1935.

[5] Fábio de Caro — irmão mais novo; viajava com o grupo de amigos, juntamente com Dino, para uma churrascada no município de Arujá (SP), quando ocorreu o acidente, na Rodovia Presidente Dutra.

[6] Marcos Júlio — amigo que dividia sua moto com Dino na ocasião do acidente.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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