1 Querida Vilma, Deus nos proteja.
2 Este é um grande momento para mim.
3 Falar a você, escrevendo com o auxílio da nossa querida avó Maria Abadia, n vem a ser um sonho para mim, do qual não desejaria acordar.
4 Estou com a memória em boa situação. Lembro-me de tudo o que sucedeu, desde que saí de Rio Verde para Goiânia.
5 O caminhão estava pesado e eu tinha comigo um peso de mais de vinte e seis horas com fome de dormir…
6 Você compreende. Aquela necessidade de fazer pontos, ganhar um pouco mais…
7 Recordo-me de que telefonei a você, prometendo vir para a casa, mas aqueles cochilões ao volante me amedrontavam…
8 Quase ao termo da viagem de serviço, não longe de Goiânia, o sono me furtou a atenção e a máquina deu de nariz num barranco, junto do qual o meu sono de motorista se achou num desmaio total.
9 Reconhecer que não mais poderia voltar ao que fora ou ao que era, foi um suplício para mim.
10 A vovó Maria Abadia me internou em um parque de tratamento, e lutei, quanto pude, contra a ideia da morte.
11 Só mesmo com tempo, conseguiria contar a você, em pormenores, o que me aconteceu para entrar na realidade.
12 Agora, é pedir a Deus que nos proteja e pedir a você que me auxilie a estar conformado.
13 Querida Vilma, agradeço- à nossa Dilma, n a nossa querida irmã, e à nossa querida Áurea. n
14 Tenho muita gente para endereçar agradecimentos, mas o essencial era dizer a você que se não posso trazer-lhe as riquezas que sempre lhe desejei, trago ao seu carinho de esposa, toda a dedicação de sempre, no carinho imenso de seu esposo e seu servidor de sempre, sempre o seu
Thales
Nasceu Thales Meirelles Cury em Cássia, Estado de Minas Gerais, a 19 de abril de 1939, e desencarnou a 30 de setembro de 1981, na rodovia entre Rio Verde e Goiânia, nas proximidades desta capital, em consequência de acidente com o caminhão que dirigia, ao dormir no volante.
Filho do Sr. José Elias Cury e de D. Áurea Meirelles Elias, residentes em Uberaba, à Rua Henrique Dias, 895, fone: 3332-0907.
Segundo nos informou a destinatária da carta mediúnica, Sra. Vilma Maria da Silva, em sua residência, à Rua Passa Quatro, 197, também em Uberaba, na manhã de 12 de fevereiro 1984, Thales era desquitado e com ela convivia, maritalmente, há sete anos, dentro da mais absoluta harmonia conjugal.
Em junho de 1981, chegou Thales em casa, um pouco assustado, afirmando:
— Um rapaz, hoje, me disse que eu morrerei este ano ainda.
E dirigindo-se à sua segunda sogra:
— Reza, D. Irondina, para eu voltar aqui!
E o curioso de tudo isso é que a profecia do jovem se cumpriu: Thales, com efeito, só retornou a Uberaba, em Espírito, não obstante o seu corpo tenha sido sepultado nesta cidade.
De duas entrevistas que fizemos com o Sr. José Elias Cury, no primeiro trimestre de 1984, colhemos mais os seguintes informes sobre o seu filho desencarnado:
a) Thales era um bonachão, mão-aberta, completamente desprendido dos bens materiais;
b) esteve casado por quinze anos, com a primeira mulher, com ela residindo em Barretos, Estado de São Paulo, na companhia do casal de filhos — José Francisco e Valéria —, respectivamente, com 18 e 16 anos de idade, residindo, em 1972, à Rua 18, n.o 236, conforme consta de seu Título de Eleitor;
c) motorista desde os 15 anos de idade, Thales percorreu o Brasil de norte a sul e de leste a oeste, sendo muito estimado pelos seus colegas de profissão, e por eles apelidado de Gordo, já que pesava cerca de 120 quilos;
d) Thales guiava o caminhão de transporte de gado de seu irmão Antônio Elias Cury, tendo morrido nove vacas Nelore, no desastre que o recambiou à Vida Espiritual;
e) a Missa de 7.º Dia, em intenção de seu Espírito, foi celebrada na Igreja Matriz de São Benedito.
“Na mensagem consoladora, recebida pelo médium Chico Xavier”, — concluiu Sr. José Elias Cury, em nosso último encontro — “o que mais me impressionou foi a semelhança da assinatura de meu filho com a que ele deixou, numa nota de requisição de mercadorias, em Goiânia, seis dias antes de sua morte. E de deixar a gente intrigado, lembrando-nos de que precisamos agradecer a Deus por tantas bênçãos em nosso favor!”
Vejamos, agora, quais os nomes citados na pequena mensagem de Thales, recebida pelo médium Xavier, a 24 de setembro de 1982:
1 — “Avó Maria Abadia”: D. Maria Abadia da Silva, senhora avó de D. Vilma, nascida no Desemboque, município de Sacramento, Minas Gerais, a 15 de agosto de 1903, desencarnada a 22 de abril de 1973, esposa de Limírio José da Silva, nascido em 1897 e desencarnado em 1967.
2 — “A nossa Dilma”: Trata-se da filha de criação do casal, na época da entrevista com 17 anos de idade.
3 — “A nossa querida Áurea”: D. Áurea Meirelles Elias, senhora mãe do comunicante, residente em Uberaba, e que sempre dava uma boa demão para o filho, nos dias de maiores apertos, principalmente quando, de acordo com a Análise Transacional, se imergia no clima da puerícia.
Diante de tantas provas da imortalidade, que possamos agradecer a Jesus pela bênção do Espiritismo que, com Allan Kardec, veio disciplinar a mediunidade, facilitando-nos o reencontro com os nossos entes amados que nos antecederam na grande viagem de retorno ao Plano Extra-Físico.
Elias Barbosa