1 Querida esposa, Deus nos proteja.
2 Tenho apenas alguns minutos, a fim de articular esta carta. Sinceramente, escrevo com o meu coração, sem que o meu cérebro procure me controlar. É a saudade que me faz agir assim, no propósito de pacificar os seus sentimentos a meu respeito.
3 Sabe você que é muito difícil encontrar num homem a paz que deseja, quando se vê longe da esposa e dos filhos queridos, mas não devo me acovardar.
4 Deus nos oferece o melhor que somos capazes de receber, e por esse motivo creio que tudo aconteceu para o nosso bem, conquanto esse bem possa parecer uma bênção emoldurada de espinhos.
5 O meu pai Romão, n a vovó Ana, n sempre os parentes quanto amigos, são aqui grandes sustentáculos para mim.
6 Espero que sua calma e a sua fé me alcancem, transformando as ansiedades que ainda tenho, em esperanças tranquilas.
7 Agradeço a você as preces e as expressões de consolo, e peço-lhe me desculpe se regressei para a Vida Espiritual, quando mais desejava estar em sua companhia, a fim de velarmos pelo futuro de Deuslene, n do Valdirzinho n e de Deusley, n nossos queridos filhos, mas a morte não conhece reclamações e funciona, em nome da Providência Misericordiosa de Deus, abençoando-nos com a sua força imbatível, com certeza para livrar-nos de males futuros, que talvez a nossa teimosia em permanecer pudesse ocasionar.
8 Enfim, estou no ABC da conformação e da paciência, e devo zelar por minhas lições. Peço a você não se sinta sem o seu companheiro de todos os dias. Estamos juntos, ao lado de nossas crianças, e Deus nos auxiliará para que a felicidade do dever cumprido, mesmo quando enfeitada de lágrimas, esteja sempre conosco.
9 Querida Zezé, n tudo de bom é o que rogo a Jesus em seu favor, porque ao vê-la satisfeita e abençoada, também eu me sentirei abençoado e feliz. A todos os nossos corações queridos, pais, amigos, irmãos e irmãs do coração, as minhas lembranças e agradecimentos.
10 E para você, querida esposa, a quem devo todo o meu anseio de ser melhor para merecê-la perante Deus e perante a Vida, fica nestas páginas apressadas, todo o coração do seu
Valdir
De uma carta que a Sra. Maria José Alves Ferreira — D. Zezé — nos enviou, poucos dias após a transmissão da mensagem de seu marido, pelo médium Xavier, transcrevamos a parte que consideramos mais importante:
“Como gostaria muito de que esta mensagem fosse publicada, tenho a certeza de que a mesma irá reconfortar muitas almas também necessitadas de ter a certeza de que a vida e os sentimentos continuam além da morte, e que Deus, Nosso Pai Bondoso, não deixa nenhum de seus filhos no léu da sorte.
“Meu esposo, Valdir Nunes Ferreira, nascido em Campina Verde, Minas Gerais, no dia 25 de maio de 1942, e desencarnado em Goiânia, onde morávamos, na época, no dia 1º de julho de 1979, às 16:00 horas, quando íamos levar as crianças à matinê, em consequência de uma parada cardíaca, fatal.
“Aproximadamente um mês antes de sua desencarnação, meu marido sonhou com um amigo seu, José Francisco Soares, natural de Prata, Minas, também minha cidade, este desencarnado cinco anos antes, isto é, no dia 27 de outubro de 1974, quando em sonho Zezinho o convidava a ir ter com ele, no Mundo Espiritual, pois que lá, onde se encontrava, era muito bom.
“Outro fato aconteceu três dias antes: Valdir, de repente, disse a mim e às crianças, que ele deveria ir primeiro para arrumar um cantinho no Céu para nos esperar.
“Nosso filho, Deusley, então com sete anos incompletos, disse: — Papai, não vá se esquecer de nos mandar o endereço.
“Meu marido, com a resposta do menino, riu gostosamente.
“Eu, muitas vezes, sentia-me muito só, julgando que a desencarnação modificasse as pessoas, e que o meu marido havia nos esquecido, não sentia aquele mesmo amor que nos uniu na Terra.
“Assim, adormecia, quando certa noite, acordei com ele me chamando, como fazia sempre, toda vez que chegava em casa.
“A partir daí, criei alma nova, e na mensagem, ele me tranquiliza, mais uma vez, ao dizer: “É a saudade que me faz agir assim, no propósito de pacificar os seus sentimentos a meu respeito.”
“Indo a Uberaba, ao me aproximar de Chico Xavier, pela segunda vez, a fim de obter notícias do Além, este me perguntou quem era Ana. Eu disse ser minha avó, ao que ele acrescentou que ela — Ana — mandava me dizer que o Valdir estava bem, mas muito preocupado comigo e com as crianças, que ele havia deixado ainda pequenas, e agradecendo à Maria Nunes, mãe dele, pelas preces que ela sempre fazia em meu favor.”
Vejamos, agora, com mais detalhes, alguns apontamentos sobre os nomes citados na mensagem, recebida a 20 de dezembro de 1980:
1 — “O meu pai Romão”: Sr. Romão Ferreira Borges, desencarnado a 2 de março de 1959.
2 — “Vovó Ana”: D. Ana Vieira da Silva, avó de sua esposa, desencarnada a 16 de setembro de 1970.
3 — Deuslene: Deuslene Aparecida Silva Ferreira, filha.
4 — Valdirzinho: Valdir Nunes Ferreira Filho, nosso conhecido de linhas acima.
5 — Deusley: Deusley Romão Silva Ferreira, filho.
6 — “Querida Zezé”: Eis um dos pontos altos da mensagem, no que se refere à questão comprobatória, uma vez que o comunicante, ao retornar através dos recursos que a mediunidade com Jesus e Kardec lhe oferece, usa o apelido carinhoso que lhe era habitual, quando no plano denso da matéria, ao se dirigir à esposa.
Ao término, leitor amigo, de nossa agradável viagem pelo mar das mensagens de nossos treze autores espirituais, a totalidade, praticamente, de Espíritos que haviam se corporificado na vasta região do Triângulo Mineiro, roguemos a Jesus muita saúde para o médium Francisco Cândido Xavier, nosso amigo de todas as horas, a fim de que ele prossiga firme e imbatível como sempre o tem sido, desde 1927, trabalhando com o Divino Mestre e Kardec, sob a sábia e amorosa orientação de Emmanuel, o benfeitor espiritual que todos aprendemos a amar e respeitar.
Elias Barbosa