O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Gaveta da esperança — Mensagens familiares de Laurinho


7

Agradecimentos ao Pai

Pela segunda carta de nosso filho — tão grande presente — nem sei como agradecer a Deus.

Além dos grandes ensinamentos que encerra, suas particularidades são provas de que a morte não existe. Foi psicografada em 8 de abril de 1978 em Uberaba/Minas Gerais.


1 Querida mãezinha Priscilla. Abençoe seu filho.

2 Queria dizer tanto. Mas as emoções são longas. E as frases parecem tintas para decoração limitada.

3 Não sei o que dizer. Que estou feliz? Isso é verdade, mas não estou apenas feliz. Estou reconhecido.

4 Grato ao seu amor, à dedicação do meu pai, ao carinho da turma toda. Tanto de casa, quanto daquela outra equipe, dentro da qual somos, em Casa Branca, uma casa de alegria e de esperanças.

5 Tudo está revivendo em mim. Seus escritos, para mim, são cartas estruturadas com fragmentos de estrelas. Dessas estrelas que rebrilham em sua devoção maternal.

6 Mãezinha, creia. Tudo está respondido. Nos pensamentos nossos que se entrelaçam em que dialogamos sobre a vida.

7 Deus recompense seu carinho. Carinho, sobretudo, na adesão a todos os empreendimentos de seu filho. A senhora e meu pai nunca me insuflaram medo. E a coragem que me deram é um patrimônio que me enriquece de forças novas.

8 É verdade. Deixei o corpo, num choque entre dois gigantes, um Maverick e um eucalipto de força notável. Mas nem um nem outro me impuseram a demissão do carro físico. O velocímetro é que estava numa temperatura de febre. Mas o motorista igualmente não teve culpa.

9 Não sei explicar o que é isto, mas a devoção pelo movimento é um sinal dos tempos novos. O progresso por aí, é o controle do motor, entretanto, o motor é uma espécie de coração do avanço tecnológico.

10 Se na Terra conseguirmos, de fato, as oitenta batidas por minuto, expressando os oitenta quilômetros por hora, tudo seguirá melhor. Nós, porém, os que temos vindo, aparentemente mais cedo, fomos chamados a abrir caminhos.

11 Até que o homem domine o voo com absoluta segurança, muita máquina ainda exigirá aperfeiçoamento. Não estou fazendo apologia da imprudência e sim o elogio da coragem, esse destemor que a senhora soube inspirar em cada um de nós.

12 Tudo está bem. Não há motivos para lágrimas, porque estamos todos trabalhando pela melhora total.

13 Ainda me vejo na Avenida São Luiz, esnobando as motos e recordo os passeios no Jardim Público, trocando ideias com os amigos sobre a melhor maneira de se renovar a vida sem sofrimentos para ninguém.

14 No caso, no entanto, em me referindo a mim e ao nosso Evaldo, é que a nossa última festa devia ser a de São João da Boa Vista.

15 Despedimo-nos da Terra sem os rituais do sofrimento. Devia ser assim. Meu avô Basile com amigos outros me convencem. Temos muita conta de retaguarda por ajustar e, graças a Deus, é melhor pagar compromissos, que contrair novos débitos.

16 Agradeço todo o amor que a sua dedicação situou em derredor de notícias. A senhora apenas excedeu-se num ponto: suas palavras me apresentam qual se fosse eu um gênio celeste em trânsito pelo mundo. Mas que mãe existirá que não encontrará anjos e gênios nos próprios filhos?

17 Sei que os outros compreenderão, e peço a Deus me faça ser um dia, qual a senhora me concebe em sua imaginação rica de amor.

18 As notícias da imortalidade são realmente importantes. Muitos pais e mães de agora não estão compreendendo os filhos quando trazidos para cá.

19 É preciso mostrar que a morte já era. Estamos vivos e aprendendo a dominar-nos como é preciso.

20 Agradeço a meu pai a sinceridade com que me reconhece em meus breves recados.

21 Envio para Yo, para a Ra, para a Mirta e para a Lu, aquele abraço do irmão das quatro meninas. A vida vai passando.

22 A Yo presentemente e Peter, Gustavo e Guilherme e a Ra ou a nossa Rachel, também já nos trouxe um belo grupo com a Shell, a Rafaela e o José Neto, e eu mesmo vou multiplicando a mim próprio em ideias novas. Selma e Lucila são o futuro.

23 Agradeço a todos os nossos por tudo o que fizeram e fazem por mim.

24 Estamos aqui, Evaldo, José Tadeu e eu mesmo, moços que se estragaram ou se refizeram com atritos de máquinas e agradecemos às nossas mães especialmente por nos haverem criado sem receio de andar prá frente. D. Aparecida receba essa nossa gratidão.

25 Mãe querida, envio um beijo a vó Lourdes e a vó Genoveva, grandes mulheres que sabem viver sem incomodar os descendentes.

26 Aqui temos muitos companheiros, mas não posso nomear a todos. Preciso porém satisfazer ao desejo de um rapaz de nome Nelson que pede seja comunicado à sua mamãe Sebastiana de Mello Oliveira aqui presente que ele se acha em companhia do pai Olavo.

27 Um notável menino e moço de nome Maurício pede para que se responda ao coração materno que chama insistentemente por ele, que a mensagem dele nesta noite se chama: — Um beijo para você mamãe. Ele se refere ao nome da progenitora que é D. Alexandrina Xavier Vieira.

28 Amigos de muita elevação, acompanham amigos de Curitiba e os saúdam. Não tenho maior relacionamento no campo espírita, mas dois deles se registram conosco Dr. Luiz Vasconcelos e o Sr. José Lopes.

29 Muita gente deseja falar, mas precisamos inventar um relógio novo. O problema é que podemos inventar um novo conta-vida, mas o tempo é de Deus e o que é de Deus ninguém muda.

30 Agradeço às companheiras de Casa Branca que vieram em nossa companhia.

31 Por fim devo assinalar um recado a mais: é um jovem aflito, para se confortar a mãezinha que espera no papel e no lápis. E o jovem Marco Antônio, que informa à sua mãezinha Dona Maura que ele está junto dela e lhe pede calma e coragem.

32 Quanto ao mais, vamos tocando o barco, e que Deus nos abençoe.

33 Termino dizendo: Querida Barata, a senhora é o mais precioso Barato do mundo.

34 Abraços ao Pai Lauro, e para a senhora um beijão do filho que hoje pensa mais em trabalho para ser melhor. Mãezinha receba todo o amor do seu, sempre seu

Laurinho

Laurinho

Laurinho

Laurinho


Creio que toda mãe, quando passa por uma provação dessa, pede sempre a Deus pela felicidade de seus filhos, tanto nesta quanto na Outra Vida.

Em minhas preces diárias, sempre implorei para que Deus fizesse meu filho feliz. Ainda fui mais longe porque, até esta data, quando a saudade me sangra o coração, sento-me na escrivaninha de Laurinho e escrevo “aquela” carta a ele.

Converso mentalmente com meu filho, de coração a coração, pedindo a Deus que Laurinho ouça e receba meus pensamentos, minhas ideias, minhas perguntas, minhas bênçãos.

Nossos assuntos continuam os mesmos, nossa conversa é idêntica à que falávamos pessoalmente.

Sei que muitas mães vão me supor louca, principalmente as que tiveram a felicidade de não atravessar uma prova destas; mas afirmo, e dou testemunho, que estou em meu juízo perfeito. Continuo nos meus afazeres para com a família, que é numerosa, para com amigos e para com todos que me solicitam uma palavra de carinho, paz, elevação e coragem.

Mas é uma sintonia quase perfeita, uma papo legal que tenho a felicidade de poder manter com Jesus, e por Seu intermédio, com meu filho também.

Por incrível que pareça, sempre tive a felicidade de receber as respostas de minhas cartas, as que deposito com muito amor, carinho e confiança, especialmente muita Fé, na Gaveta de Esperança.

Percebam que num trecho da segunda mensagem Laurinho vem me respondendo: “…que está feliz, mais do que feliz…”

Saber que nosso filho é feliz, que nosso esforço não está sendo em vão, que nossas preces estão sendo ouvidas pelo Pai, ajudando Laurinho, e que ele próprio compreendeu a Vida Maior, recebendo com coragem suas tarefas, trabalhando com afinco pela sua própria evolução espiritual e melhoria de todos os seus, para mim e para minha família, foi maravilhoso.

Notem seu carinho: …“Seus escritos para mim são cartas estruturadas com fragmentos de estrelas…”

Enquanto orávamos para nosso filho ter coragem e aceitar a Nova Vida, assim ele se manifesta: “…e a coragem que me deram é um patrimônio que me enriquece de forças novas…”

Como adverti a todas as minhas queridas irmãs, com relação à partida dos nossos filhos, Laurinho nos dá uma prova de que, se eles fizeram a “viagem”, foi porque algo superior existe presidindo nossos destinos, eis que afirma: “…nós porém, os que temos vindo aparentemente mais cedo, fomos chamados a abrir caminhos…”

Na verdade, ele está clareando caminhos, pois, quantos se modificaram com sua “partida”, quantos estão refletindo melhor, principalmente essa multidão de jovens que o conheceu!

Quantos pais estão agindo diferentemente com seus filhos após terem estudado e observado os recados de Laurinho!

Centenas de cartas me são endereçadas, vindas de todos os pontos do Brasil, os mais distantes; são de filhos desajustados, desesperados, e de pais que me solicitam uma palavra de consolo pela perda de um ente querido, ou pais que não sabem mais o que fazer com seus próprios filhos.

Que dizer de tudo isso?

O mundo está mesmo necessitado de uma reforma urgente, indicada por tanta mocidade desesperada, tanta criança desamparada.

Onde iria encontrar resposta para tudo isso, senão na Doutrina dos Espíritos?

Confirmando que a vida continua, eis como se expressa Laurinho: “…é preciso mostrar que a morte já era, estamos vivos e aprendendo a dominar-nos como é preciso…”

Diante disso, temos que pensar muito, procurando merecer uma situação melhor na Vida Verdadeira, o que dependerá sempre de nós mesmos, da nossa conduta nesta vida tão breve e na qual, no entanto, muitos testemunhos nos são pedidos.

Muitos livros espíritas e mensagens nos ensinam que, no Plano Espiritual, existe muita disciplina, muita ordem, pois tudo é mais planejado, e com minúcias, muito ao contrário do nosso meio tão miseravelmente egoísta e conturbado.

Qual a mãe que não se emociona e deixa de ter, qualquer dúvida com relação às comunicações espirituais quando seu filho querido se dirige a ela pelo apelido mais íntimo?

Devo agradecer a Deus o privilégio. Assim termina Laurinho a sua carta: “…aquele beijo para você minha querida Barata…”


IDENTIFICAÇÕES


EVALDO — Evaldo Rui Monteiro, nascido em 6 de março de 1958, na cidade de Casa Branca, desencarnou no mesmo acidente, em 12 de dezembro de 1976. Filho de Adalberto Monteiro e Eunice R. Monteiro.

YO — Apelido dado por Laurinho à irmã Yolanda.

RA — Apelido escolhido por ele mesmo para Rachel, sua irmã.

MIRTA — Apelido que ele fez questão de dar à sua irmã Selma desde o seu nascimento.

LU — Apelido escolhido por ele para Lucila.

PETAR — Petar Sikora, marido de Yolanda, de nacionalidade iugoslava.

GUSTAVO — Sobrinho de Laurinho; filho de Petar e Yolanda, residentes em Mococa, Estado de São Paulo.

GUILHERME — Também sobrinho, filho de Petar e Yolanda.

SHELL — Apelido de José Araújo Filho, marido de Rachel.

RAFAELA — Sobrinha, filha de Rachel e Shell.

JOSÉ NETO — Sobrinho, cujo nome é José Araújo Neto. Nasceu quinze dias depois da partida de Laurinho. Filho de José Araújo Filho e Rachel, residentes em Casa Branca.

DONA APARECIDA — Mãe de José Tadeu, e mais três filhos. Família residente em Casa Branca.

JOSÉ TADEU — José Tadeu Farina Banchi, nascido a 17 de novembro de 1955, em Corumbataí, Estado de São Paulo. Filho de Ângelo Banchi e Aparecida Farina Banchi. Desencarnou a 28 de agosto de 1971, em desastre automobilístico, na estrada que liga Vargem Grande do Sul a Casa Branca.

VÓ GENOVEVA — Avó paterna. Genoveva Ciambra Basile, residente em Casa Branca. Aniversaria exatamente no mesmo dia em que Laurinho partiu.

SEBASTIANA DE MELLO OLIVEIRA — Outra mãe para a qual Laurinho enviou recado do filho e do marido. Estava presente na reunião na noite em que veio esta carta.

NELSON — Filho da senhora acima citada.

OLAVO — Pai de Nelson que também se encontra na Outra Vida.

MAURÍCIO — Desencarnado aos oito anos de idade, residia em Goiânia, Estado de Goiás.

D. ALEXANDRINA XAVIER VIEIRA — Mãe de Maurício, presente à reunião.

DR. LUIZ VASCONCELOS — Sabemos que é pessoa de Curitiba. Desencarnado.

JOSÉ LOPES — Também de Curitiba. Desencarnado.

MARCO ANTÔNIO — Marco Antônio de Araújo Nascimento, nascido em 19 de agosto de 1943; desencarnou a 6 de junho de 1971 em desastre de automóvel.

MAURA BITTENCOURT SILVA ARAÚJO — Mãe de Marco Antônio, destinatária do recado.


Priscilla Pereira da Silva Basile


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