1 … E o mentor amigo nos contou com alegria e espontaneidade.
2 Tendo Jesus terminado uma de suas preleções, ao entardecer, junto às águas do lago, entrou em conversação com os discípulos, perguntando a eles qual seria a virtude que avançasse além dela própria.
— É a paciência… — replicou Bartolomeu.
3 E o diálogo prosseguiu.
— Bartolomeu — elucidou o Divino Mestre — a paciência é íntegra. Não se elastece.
4 — É o amor ao próximo — aventou Simão Pedro.
— O amor ao próximo é um dever inarredável. Não se modifica.
5 — É o espírito de serviço — aventurou Mateus.
6 Jesus sorriu e explicou:
Entretanto, o espírito de serviço, expressando boa vontade e benevolência, é uma obrigação que não se altera.
7 — É o perdão das ofensas — disse João, acanhado.
— João, já aprendemos que o perdão das ofensas deve ser repetido setenta e sete vezes.
8 — É a fé — adiantou Tiago.
A fé, porém, é um estado de sublimação da alma que não se desloca.
9 — É a brandura no trato com os nossos semelhantes — sugeriu André com timidez.
— A brandura pra nós, no entanto, é uma atitude compulsória.
10 O silêncio caiu sobre a turma, qual se os acompanhantes do Mestre estivessem confessando a própria impossibilidade para formular uma resposta à altura da indagação.
11 Depois de alguns minutos de expectação, o Cristo lançou compassivo olhar sobre os presentes e rematou:
— Meus amigos, a virtude que se desdobra além de si mesma será sempre o ato de perdoar aos bons, quando os bons aceitam a infelicidade de errar…
Augusto Cezar