1 Caras, vocês mandam o sarrafo pra cima de nós e saem na linha grossa, perguntando porque ficamos super noticiosos depois de largar o pijama de madeira. n
2 Ninguém precisa pensar que estamos grilando a cuca dos outros.
O negócio é que ninguém fica de pés juntos.
3 Enquanto na Terra, todos damos um chega-pra-lá na zebra que nos põe na horizontal e quase todos chegamos aqui num crepe danado, engrupidos e tantãs.
4 Se vocês desaparecessem mesmo nos carangos e magrelas em que costumam estraçalhar a lata, era o caso de fecharmos o bico, mas vocês escapolem daí, papeando grosso e pintam por aqui numa bananosa de lascar o cano.
5 Vocês se cuidem.
Azarão dá em qualquer lugar.
6 Não estamos dando malhação.
Acontece que todos os que dão a cara por aqui, entrados na pua, dão muito trabalho e não podem dar nos cascos.
7 Alguém dirá que Deus ajuda.
E ajuda mesmo. Mas procurem ver um campo que o homem deixa às moscas. Quando o empresário da terra larga Deus sozinho, mato e bicharia dão às pancas.
8 Assim somos nós.
Deus nos concede carangos e motocas, mas se deixamos Deus sozinho dentro delas, o resultado é espinafração, catimbo, sururu e desencarnação.
E depois disso ninguém pense que vai encontrar maré mansa.
9 A morte é uma solenidade marcada para tempo próprio, mas se o dono das rodas aumenta o sebo da gasolina para a velocidade dos campeões, os problemas que aparecem não estão no gibi.
10 Não vão achar finórios ou quimbas, nem gruja ou livramento.
Cada um tem de mandar a sua brasa ou mostrar o plá que pode.
11 Quem pinta por aqui não parte pra galega. Não adianta ficar bronqueando ou por conta da vida.
12 Andem no caprichado.
Meus cupinchas, se vocês tiverem de abotoar o paletó, que estejam no caminho certo.
13 Nada de milonga ou moleza, porque quem quiser melhoradas, onde estamos, tem muito apito pra ouvir e pedreiras pra cachorro.
14 Quem puder escutar ou quem quiser emprestar os ouvidos pra nós, tomem conhecimento disso.
15 Descanso é pra lesmas e assim mesmo só até que o trator não apareça.
Pensem nisso.
16 Não estamos botando banca de profetas.
Vivam sem pensar em excesso na morte, mas saibam conduzir a vida nas trilhas retas, conforme o figurino.
17 Não acreditem nessa história de sono eterno, coisa que nem as lagartas no casulo conseguem achar, porque, quando menos esperam, são postas pra jambrar na condição de borboletas.
18 Creio que falei e se não tiver falado como eu queria, aqui fica o fim de papo.
Augusto Cezar
[1] O título desse capítulo é o mesmo do índice no livro impresso, mas não no corpo do livro, que é: “Aos caras amigos.”
[2] Obs. Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide Glossário de gírias.