1 O alvião do progresso dilacera a paisagem para infundir-lhe vida nova.
2 O martelo esmigalha a pedra para desencarcerar-lhe o espírito de utilidade e beleza.
3 Que seria de nós outros se falhassem a lição e o sofrimento, nossos beneméritos libertadores?
4 Rejubila-te, assim, em face das lutas que te visitam o coração.
5 No clima torturado de um forno, o vaso adquire poder e resistência, sem os quais nunca se habilitaria às glórias do serviço.
6 Quem goza, despreocupado, na vestimenta da carne, costuma encontrar a realidade em forma de monstro que persegue a vida, todavia, quem aprende na rude escola dos obstáculos, mais tarde surpreende, feliz, a fonte divina da Vida Abundante.
7 O curso primário da experiência iluminativa reclama flores de consolação, em todas as circunstâncias, mas o aprendiz que avança na senda de paz, da sabedoria, compreende o mistério da dor e aspira a posição do fruto que beneficia a todos, inspirando-se nos elevados propósitos da Providência Inexaurível e reconhecendo que a colaboração diligente com o Mestre é a radiosa meta dos discípulos acordados e vigilantes.
8 Necessário confiar para merecer confiança, dar para receber, auxiliar para ser auxiliado.
9 A Lei é tão segura para aquele que cerra aos outros as portas do socorro fraterno, quão generosa para quem estende o coração repleto de amor, no serviço aos semelhantes.
10 Cada Espírito, qual ocorre a cada mundo, possui existência própria, peculiaridades que lhe são inerentes e eflúvios diferenciados entre si.
11 Por agora, meu amigo, emergindo laboriosamente da selva dos impulsos, caminhamos na direção do Divino, à maneira da corrente de água viva, no rumo do oceano.
12 Imprescindível não fugir ao movimento incessante, centralizando-nos no objetivo.
13 Toda vacilação é demora.
14 Toda retenção na angústia é estacionamento ruinoso.
15 Toda fuga é permanência no vale sombrio.
16 E para que a ação esteja revestida de mérito e santidade, o trabalho no bem com a sublimação da inteligência ser-nos-á testemunho de cada instante.
17 Dormimos, através dos séculos sucessivos, nas impressões primitivistas da carne, à maneira do seixo incrustado na serrania agreste; agora, na grande espiral de nossa ascensão, atormentados pelas exigências do Plano inferior e constrangidos pelas determinações das Esferas mais altas, cabe-nos aprender, aplicar, avançar e subir, auxiliando a todos, por intermédio das possibilidades com que a experiência nos felicita.
18 Certamente, a vitória permanece, ainda, infinitamente distante. A nossa hora, portanto, só admite uma conclusão — lutar ou perder.
Para o viajor da verdade, estes dois verbos assume significação luminosa e terrível.
19 Lutar é perseverar no posto de trabalho que o Senhor nos confia, superando todas as inibições com esquecimento de todo o mal e valorização de todo o bem.
Perder é recuar com indefinível adiamento da realização divina a que nos propomos atingir.
20 O Todo-Compassivo, porém, sustentar-nos-á na vanguarda, mantendo-nos em ligação com os seus infinitos recursos, se agirmos até o fim, dentro da lealdade aos seus desígnios.
21 Ser fiel à mais elevada manifestação do Senhor, suscetível de ser recolhida por nossa consciência, conduzindo-nos de conformidade com os princípios mais nobres, impressos em nosso ser, é impositivo natural da tarefa que nos compete, no plano de trabalho em que fomos situados.
22 Não dispomos, em razão disso, de outra mensagem mais eloquente de amor a dirigir-te, além do “não temas” ( † ) que o Amigo Celeste nos endereçou, há quase vinte séculos.
23 Prossigamos à frente, dilatando a nossa capacidade receptiva para que a influência superior encontre mais acentuada ressonância em nossa cooperação individual, na obra do todo.
24 Na estrada de purificação em que nos regozijamos, presentemente, o discípulo mais feliz é aquele que se sente defrontado pelas maiores oportunidades de servir à elevação dos outros, ainda mesmo com absoluto sacrifício de si próprio, à maneira da lâmpada que se consome para iluminar.
25 O aprendiz de Jesus que ama e auxilia, esclarece e perdoa, guardando a visão da eternidade, é a garantia da regeneração do mundo.
26 Afeiçoemo-nos, assim, invariavelmente, aos imperativos do Mestre e o Mestre atender-nos-á as necessidades. 27 Cogitemos dos interesses do Senhor e o Senhor cogitará de nossos interesses.
28 E que o amor seja o nosso tesouro de bênçãos vivas, congregando-nos cada vez mais intensamente no serviço glorioso do Cristo, n mantendo-nos em sublimada comunhão espiritual, embora a diversidade dos Círculos de aprendizado em que nos encontramos, são os votos do meu coração, hoje e sempre.
Emmanuel
[1] No original: “de Cristo” — Vide explicação de Allan Kardec sobre a anteposição do artigo à palavra Cristo.