Emídio Manuel Pereira de Araújo
1 Querida tia Edna, mãezinha pelo coração, estou passando melhor. Sei quanto vem sofrendo com o nosso adeus involuntário.
2 Não queira mal aos companheiros que me ofereciam lealdade e interesse pela vida.
3 Basta-nos, tia Edna, a saudade em que vivemos presentemente, esperando que o tempo volte atrás, embora saibamos que isso não pode acontecer.
4 Estou internado num Parque Hospital de Recuperação Espiritual, e já consigo suportar muitas horas sem os remédios de cuja aplicação não estive muito certo.
5 Deus me auxiliará para que lhe dê pelo menos uma fatia de felicidade, neste seu caminho em que me fez viver.
6 Peço-lhe não chore mais com desconsolo e creia que a Divina Providência traça um caminho de libertação para os seus tutelados, que somos nós, todos os filhos do Céu na Terra.
7 A vovó Escolástica, o vovô Emídio e o vovô Manuel são aqui verdadeiros pais para mim, e tenho esperança de que em breve estarei em plena sanidade espiritual.
8 Querida tia e mãe pelo coração, minha querida tia Edna, com o seu coração generoso e bom continua palpitando o coração do seu sobrinho e filho espiritual,
Emídio
Emídio Manuel
Emídio Manuel Pereira de Araújo nasceu e desencarnou em Salvador, Bahia, respectivamente, a 24 de setembro de 1960 e 14 de maio de 1982.
Sobre a mensagem que titulamos “Caminho da Libertação”, recebida a 4 de fevereiro de 1983, ouçamos o que nos tem a dizer a Sra. Edna Pereira, tia-mãezinha pelo coração do comunicante, no folheto organizado por ela, com o Prefácio: “Tua infância foi a nossa alegria e tua vida a nossa esperança / Rita — mãe / Edna — tia-mãe”, a mensagem e a foto do filho, além dos esclarecimentos sobre os nomes citados na referida página mediúnica:
“Meu encontro com Francisco Xavier
Vi Francisco Cândido Xavier, pela primeira vez, no dia 4 de fevereiro de 1983, às 16 horas, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais.
Naquele momento, eu me enchia de amor-ternura por ele.
Tinha eu a expressão da dor — da dor mais doída, a que se manifesta com a vontade de rasgar a alma e de torcer o coração.
Meus cabelos estavam desgrenhados.
Tinha as lágrimas volumosas que não obedeciam ao comando das mãos que, em vão, iam à face, tentando sufocá-las.
Via tudo embaçado, meus olhos molhados me impediam enxergar com brilho.
Era, pois, a tristeza maior incontida, que me absorvia e me fazia brotar o pranto, o mais pranteado.
Meu pranto parecia juntar-se a todos os prantos deste mundo.
Foi, então, chegada a minha vez de falar com Chico. (…)
Agora, era então Chico que me perguntava:
— E o padrasto?
Foi deveras impressionante esta pergunta. Qual seria, meu Deus, o veículo informativo, se ali ninguém me conhecia e eu estava sozinha?
Quando me preparava para lhe dar o nome do meu cunhado, ele arrematou, passando, agora, a informar sem pausa, expressando convicção:
— Ele está bem. Está com bons mentores. Está com o avô Emídio (meu pai, que surpresa!) Está também com o avô Manuel, Rafael, Ana e Rita — fazendo aí uma ressalva — mas esta Rita não é a mãe dele.
Respondi desconhecer.
Calmamente, solicitou que eu me informasse na família.
O diálogo encerrou aí e deixei o recinto trôpega, atônita, pois, era tudo surpreendente; era também o meu despertar para a realidade do Espiritismo. Agora, já não me restava dúvida: eu tinha a certeza plena, pleníssima de que meu Emídio Manuel, meu Niel, estava vivo, mas, numa outra dimensão.
Deixei o Grupo Espírita da Prece, e lá regressei às 18:30 horas, pois, agasalhava a esperança de receber uma carta. Ignorava, no entanto, que ali iria ver o registro da minha vó, que era bonita e boa, mas eu nunca pronunciava seu nome, já que achava Escolástica um nome muito feio.
O portão estava agora aberto para um grande público e quase todos, assim como eu, esperavam receber uma carta do Além e sabiam também que a estimativa era de 6 a 8 cartas que saem pela madrugada de cada sexta-feira. Os médiuns, em volta de uma mesa comprida, faziam palestras, no silêncio daquela massa comprimida; mais tarde, Chico apareceu, tomando lugar próximo à cabeceira da mesa, encerrando, assim, as palestras. Com um fundo musical, ele escrevia, ininterruptamente.
Creio que durou duas horas o trabalho psicográfico e, concluído, passamos a ouvir a leitura das cartas, acompanhadas dos choros sentidos dos familiares.
Fui a última a receber. Eram, então, 4 horas da madrugada e com o coração torcido pela dor, ouvi a leitura feita por Chico, era a mais linda, a mais confortadora, a mais desejada carta até então por mim recebida.
Obrigada, meu Deus! Não sei como mereci tanto!
Obrigada, meus Irmãos Invisíveis, Deus lhes pague!
Obrigada, Francisco Cândido Xavier, mil vezes obrigada!
Obrigada, Emídio Manuel, meu Niel, meu querido! Você sempre foi muito bom. (…)
Esclarecimentos
Emídio, avô materno — 33 anos de desencarnado.
Manuel, avô paterno — 58 anos de desencarnado.
Escolástica, bisavó materna — 45 anos de desencarnada.
Recebi da família estas informações:
Ana, tia-bisavó materna, e Rita, escrava da família, ambas falecidas no início deste século.
Ao Dr. Romualdo Monteiro de Castro, Sr. Armando Silveira e ao Militar Aparecido — desculpe-me por ter esquecido o seu sobrenome — registro a minha gratidão.
.Edna Pereira
Elias Barbosa