O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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E a vida continua… — André Luiz


24

Evelina em ação

(Sumário)

1. Antes que o Sol reaparecesse, Ernesto, Evelina e alguns amigos do Instituto de Proteção Espiritual — dentre os quais se destacava o Irmão Plotino que, a pedido do Instrutor Ribas, chefiava a diminuta caravana socorrista — abordaram São Paulo, no intuito de cooperarem com os assistentes espirituais, empenhados na libertação de Elisa, encerrada na prisão dos próprios restos.

2 Informados de que a filha determinara a remoção da morta para casa, demandaram Vila Mariana.

3 Evelina trazia o coração ensôfrego. Veria o pai pela primeira vez. Acariciava na memória a imagem dele, colhida em retratos de família. Ansiava compreendê-lo, ampará-lo.

Ernesto encorajava-a.

4 Quase no limiar da residência, Plotino recomendou parada à equipe e comunicou que, primeiramente, ganharia o interior, desacompanhado, de maneira a efetuar ligeira inspeção, examinando o serviço a fazer.

5 Sob as atenções da filha que se apoiava em Serpa e em alguns amigos da vizinhança, tanto quanto guardada pela vigilância de vários benfeitores espirituais, Elisa, semidesperta, jazia no impasse, de vez que agarrada por Desidério por uma das mãos e alentada pelas forças dele, que lhe invadiam a alma, parecia comprazer-se com a estranha hipnose.

6 Às primeiras inquirições de Plotino, o piedoso enfermeiro desencarnado que se encarregaria do apoio magnético para exonerar a viúva dos despojos a que se imanizara, confessou o receio de que se via acometido: 7 Se constrangesse a senhora Fantini a largar o carro físico inutilizado, não lograria violentar-lhe o pensamento perfeitamente lúcido. Forçar-lhe-ia a retirada, mas não dispunha de meios para isolá-la mentalmente do acompanhante rebelde, a cujo patrocínio ela mesma se confiara.

8 Imprescindível a intervenção de alguém com suficiente poder de persuasão para compelir Desidério a mudar de atitude.

9 Irmão Plotino abeirou-se dele com delicadeza fraternal e suplicou-lhe o concurso para que Elisa fosse liberada e conduzida a mansões de refazimento.

10 Acomodado ao pé da morta, o interpelado se achegou ainda mais para ela e simplesmente rugiu em voz selvagem:

— Palhaços!… Não me tirarão daqui… Que querem nesta casa? Ela é minha mulher… Ninguém me demoverá com petitórios e ladainhas. Tenho experiência! Conheço os que não se separam nas furnas tenebrosas que recebemos por moradias… Ninguém, mas efetivamente ninguém, me arrancará desta sala!…

11 — Alguém fará isso, irmão Desidério, — enunciou Plotino sem alterar-se.

— Quem?… Diga quem!…

O emissário sorriu paciente e murmurou apenas:

— Deus.

12 O inconformado amigo trovejou blasfêmia terrível e Plotino voltou sobre os passos percorridos, pondo-se ao encontro dos companheiros. Explicou-lhes o que se passava e imaginou as providências cabíveis. Aquele era o momento para a intervenção pessoal de Evelina. Todo o grupo persistiria em oração, a fim de apoiá-la, porquanto a companheira deveria entrar a sós, no refúgio doméstico, de modo a tentar a renovação do pai, que, decerto, não hesitaria em obedecer-lhe.


2. Viu-se, para logo, o prodígio dos pensamentos congregados em um só objetivo.

2 Sem qualquer indução à teatralidade, mas sim fundidos no só intuito, profundo e sincero, de projetar as energias do amor na obra socorrista, aqueles corações em prece lançaram vasto lençol de safirina luz sobre a porta de entrada, credenciando a companheira para a abençoada missão que se lhe delegara. 3 Espiritualmente ligada aos amigos que se lhe haviam metamorfoseado em base de equilíbrio e sustentação, Evelina penetrou o recinto, qual se fora uma estrela repentinamente transfigurada em mulher.

4 Desidério, aterrado, fixou a aparição e caiu de joelhos!… Era ela, sim, — pensou, — a sua filha, a sua amada filha que jamais lhe escapara da lembrança, mesmo quando se mergulhara em aventuras nas trevas mais densas!…

5 À medida que Evelina o fitava, entremostrando radiante e doce ternura, o infortunado genitor contemplou-se no suave clarão que a mensageira irradiava… Viu-se na penúria de um sentenciado que persistisse, por anos e anos, no fundo de um cárcere, sem o menor cuidado para consigo mesmo. Qualificou-se por monstro, à frente de um anjo, e, à maneira de um cão batido e aviltado, intentou arrastar-se para fugir…

6 A moça adivinhou-lhe o propósito e falou, simples:

— Meu pai!…

7 Desidério sentiu que aquela voz lhe alcançava as entranhas… Sim, aquelas duas palavras lhe vinham daquela alma querida que ele julgara nunca descesse do Céu para interpelá-lo… Tornando a fletir os joelhos trêmulos, o assombro se lhe rebentou no peito, numa explosão de lágrimas:

— Pois é você, minha filha, é você a quem Deus manda para me pedir o impossível?


3. Evelina abeirou-se dele, colocou-lhe a destra na fronte padecente, e o diálogo prosseguiu.

2 — Meu pai, decerto que Deus abençoa esta hora de reencontro, mas somos nós mesmos, o senhor e eu, os promotores, não do impossível, mas de nossa reaproximação, em nome dele mesmo, nosso Criador e Pai de Misericórdia…

3 — Que quer você de mim?!…

— Venho convidá-lo a estar comigo… Admitiria o senhor que o tempo desaparecesse, sem que eu sonhasse com este momento? Atravessei a infância e a juventude, namorando seus retratos, casei-me, um dia, na Terra, rogando a sua bênção nas minhas orações e, quando os Desígnios Divinos me retiraram do corpo físico, formei o ideal de reencontrá-lo!…

4 O infortunado esboçou um gesto de autocompaixão, e gemeu:

— Veja, minha filha, o que fizeram de mim, os criminosos que nos destruíram…

5 — Oh! meu pai, não acuse!… O senhor terá sofrido, mas a dor é sempre bendita perante Deus, o senhor terá suportado provas difíceis; no entanto, aprendemos, presentemente, que todo dia é ocasião de renovar e partir para destinos mais altos!…

6 — Com certeza, nas Moradas Divinas, que você mereceu, ficou sabendo que não perdi meu corpo em acidente algum…

— Sim, conheço hoje toda a verdade a nosso respeito…

7 — Não pode, então, ignorar que os meus verdugos são igualmente os seus, nós dois fomos esbulhados pelos mesmos bandidos!… Se no Céu não existe memória para o mal, é preciso recordar a você que Amâncio Terra, o celerado que se arvorou em seu padrasto…

8 Porque os soluços o compelissem a compridas reticências, Evelina aclarou com humildade:

— O senhor não se agastará comigo se disser que ele me quis bem e me respeitou sempre como sua própria filha… 9 Se é inegável que cometeu falta grave para com o senhor, diante das Leis Divinas, creio que o arrependimento que ele carrega, há mais de vinte anos, fala pela regeneração que fez dele um homem de bem…

10 — Você não pode esquecer que ele exilou você de casa, ainda em tenra idade…

— Enviou-me para a escola, meu pai. Deu-me disciplinas que me livraram de tentações, nas quais eu teria sucumbido em muitos erros, durante a permanência no mundo; nunca me regateou assistência e nem me contrariou os impulsos para o matrimônio; em minha meninice, encorajava-me nos estudos, interessava-se por minhas notas, premiava a minha boa vontade com brindes e carinhos que somente o senhor me poderia dar… 11 É verdade que meu padrasto nunca substituiu o senhor em meu coração, meu pai, mas sua filha não deve ser ingrata a quem lhe deu tanto!… Em casa, foi sempre um protetor de nossa felicidade… Nunca lhe vi o mínimo gesto de desconsideração para com minha mãe…

12 — Ah! Não me fale de Brígida, aquela infame!…

— Oh! Pai de meu coração, porque condenar aquela que nos uniu? Que conseguiria fazer minha mãe ainda tão moça, a carregar-me nos braços, não fosse o apoio de um companheiro? 13 Aceitando a colaboração de Amâncio, ela não acolhia deliberadamente o desditoso caçador que lhe impusera a desencarnação, mas sim o amigo que o senhor mesmo, um dia, levou para a nossa casa, segundo as confidências de mãezinha, em suas horas de saudade e desolação… Saiba que minha mãe sempre me ensinou a reverenciar a sua memória e a enobrecer o seu nome…

14 Ante a compreensão superior que a filha punha em evidência, Desidério chorava com mais força, em suas manifestações de autopiedade, dando a impressão de quem se propunha buscar, de qualquer modo, novas razões para ser infeliz.

15 — Você talvez não desconheça que me acho aqui, ao pé da família de outro inimigo que não posso exculpar, Ernesto Fantini, o traidor que intentou matar-me, dando a seu padrasto o figurino pelo qual me aniquilou… Esta mulher cadaverizada, mas viva em minhas mãos, foi a esposa dele, pela qual, consumido de ciúmes, pretendeu ele assassinar-me, nada fazendo com isso, senão aproximar-me dela, já que o comportamento de Brígida me bania do lar… Pense no doloroso destino de seu pai!… Expulso de minha casa, depois da morte do corpo, à face da influência de um perseguidor, tive de asilar-me em casa de outro, porque no pensamento da companheira, hoje morta para o mundo, encontrava o meu sustento!…

16 — Quem penetrará os desígnios de Deus, meu pai? Não estaremos todos numa rede de testemunhos de amor, em vista de faltas e compromissos nas existências passadas? Peço à Providência Divina abençoe nossa irmã Elisa e a recompense pelo bem que nos tem feito… Quanto a Ernesto Fantini, a quem o senhor se refere, é forçoso lhe diga que ele tem sido para sua filha um devotado amigo na Vida Espiritual… Muito antes de saber-me vinculada ao seu coração, rodeava-me de cuidados, restaurando-me as energias. Em todos os lances da estrada nova, vem sendo para mim um apoio, um irmão…

17 — Você, querida filha, terá adquirido a visão dos anjos para enxergar benfeitores nesses canalhas, mas eu não consigo reconhecer as criaturas humanas com retinas celestes. Sou um homem, simplesmente um homem infeliz!… Apesar de tudo, não acredito que você possa guardar a mesma benevolência para com aquele que lhe foi carrasco, entre as paredes domésticas, este criminoso foragido do cárcere, que se apresenta mascarado, aqui mesmo, diante de nós… Caio Serpa…

— Que diz, meu pai?

18 E Evelina fez a voz mais compassiva:

— Caio foi para mim um guia generoso, auxiliando-me a entender a vida com mais segurança… Nos dias da mocidade, propiciou-me sonhos de ventura que me ajudaram a viver… Com ele imaginei o paraíso na Terra… E, se na condição de esposo esperou de mim a felicidade que não lhe pude dar, será isso motivo para que venhamos a condená-lo? 19 Indiscutivelmente, assumiu compromisso para com Mancini que, decerto, resgatará em momento justo; entretanto, porque desprezar os que se fazem objeto de nosso amor, quando nos certificamos de que não são tão felizes quanto supúnhamos? 20 Admite o senhor que os nossos irmãos delinquentes não são enfermos, carecedores de atenção? Porque não manifestar piedade, à frente das vítimas da loucura, qual o fazemos diante dos acidentados nos desastres que lhes furtam a existência? Serão os mutilados de espírito, diferentes dos mutilados do corpo?

21 Os lamentos do genitor inconformado se patentearam mais tristes:

— Ai de mim, que não sei perdoar!… O carro da vida me esmaga por farrapo inútil!…

22 — Meu pai, não lhe ocorre que todos somos filhos de Deus, dependentes uns dos outros?

— Não posso!… Não posso compreender como devo abraçar os que me espancam!…

23 — Não deseja caminhar adiante? Ser livre e feliz?

— Oh! sim!…

— Então, olvide todo mal. 24 Nunca refletiu no poder do tempo? O tempo nos auxilia a descobrir a fonte do amor que nos lava todas as culpas…

25 — O tempo, filha? Para os Espíritos de minha espécie, o relógio é máquina de enlouquecer… Anteontem, ontem e hoje padeço por abominar três lobos, Amâncio, Ernesto e Serpa, e sofro para defender três ovelhas, Elisa, você e Vera, já que arredei Brígida para longe de mim!… Você não ignora que Vera se deixou magnetizar pelo tratante que foi seu marido!…

26 — Piedade, meu pai!… Pensemos em Vera e Caio com os melhores sentimentos de que sejamos capazes!… Reflitamos no futuro… Amanhã, ser-nos-ão eles preciosos amigos, devotados protetores!…

27 — Você apenas enxerga o bem, eu vejo o mal que vence o bem…

— Não é isso. O senhor se julga perfeitamente são de espírito, quando, na realidade, como acontece ainda comigo, precisa de assistência e reajuste. 28 Eu também, meu pai, de princípio, admiti-me espoliada pela vida!… Aceitava mãezinha e meu padrasto, em muitas ocasiões, por adversários que me haviam desterrado propositadamente de casa, para que eu não lhes estorvasse a felicidade, mas na estância de recuperação a que me conduziram, por misericórdia de Deus, passei a abraçá-los por nossos reais amigos, de quem recebi todo o amparo que me foi possível assimilar… 29 Até nos dias últimos, quando reencontrei Caio mais fortemente encadeado a Vera Celina, esbati-me em mágoas arrasadoras, interpretando aquele que me foi o esposo terrestre por modelo acabado de ingratidão, ao mesmo tempo em que censurava Celina, por intrusa e ladra de meu tesouro afetivo; entretanto, o orvalho da Bondade Infinita de Deus visitou a ressequida plantação de meus sentimentos pobres, através das lições de instrutores abnegados, — médicos e enfermeiros da Compaixão Divina, — e reequilibrei-me, concluindo que Caio e Vera são nossos irmãos da alma… Eles são como são, enquanto que somos como somos e Deus espera que nos amemos, assim como nos permite ser!… 30 Indispensável, meu pai, entender-nos, ajudar-nos reciprocamente e caminhar adiante!… Caminhar sempre, resgatando os compromissos de ontem para que o amanhã seja melhor… O Todo-Misericordioso semeou flores e bênçãos em todos os sítios da estrada a perlustrar… Compreender é buscar a frente, auxiliar os outros será garantir-nos! O amor não falha e Deus nos criou para o amor sem lindes!…

Desidério chorava, impossibilitado de emitir qualquer observação.

31 E Evelina:

— Analise com o seu próprio raciocínio. Naturalmente que o nosso irmão Ernesto, não obstante os conflitos íntimos que o afastavam espiritualmente do lar, consagra à nossa Elisa a afeição do homem de bem, e, por isso mesmo, com o discernimento que hoje possui, ter-lhe-á entregue, de todo o coração, o título de companheiro que tem sido e será para ela, perante Deus. Porque não deveremos, de nosso lado, conferir a Caio o direito de dar-se a Vera, conquistando a felicidade que lhe não pude proporcionar, nem mesmo quando me achava no mundo físico?

32 — Ah! Querida filha, — alarmou-se o genitor, — semelhante renúncia não significará destruir-nos em suicídio moral?

— Não, meu pai. O amor verdadeiro eleva-se de nível… 33 Hoje entendo que as afeições transviadas podem ser corrigidas no santo instituto da família, através da reencarnação… Deus nos permite abraçar, como filhos, aquelas mesmas criaturas que não soubemos amar em outras posições sentimentais!… 34 Os nossos pensamentos de ternura, uns para os outros, um dia serão livres e puros, quais as fontes cristalinas que se irmanam no chão empedrado do Planeta ou como as irradiações dos astros, que se enlaçam sem perder grandeza e originalidade, nas imensas vias do Céu…

35 Depois de longa pausa, seguida pelo silencioso respeito dos amigos desencarnados, ali presentes:

— Se nuvens de mágoa lhe anuviam ainda o coração, lance-as fora e sigamos para a frente, aspirando à paz!… 36 Por agora, deixe que a nossa Elisa se distancie de quaisquer lembranças desagradáveis! Liberte-a e verá que a mulher escolhida lhe pertencerá com mais força!… Ajude-a para a ascensão a novos caminhos e ela voltará ao seu encontro!… Não enclausure na masmorra de carne putrescível aquela que lhe merece a mais sagrada dedicação! 37 Elisa ser-lhe-á grata e, de nossa parte, prometemos solenemente ao senhor, perante a Infinita Misericórdia de Deus, que a reverá, em nossa própria moradia, onde se prepararão ambos, com o nosso carinho, para uma nova existência juntos, novamente juntos e mais felizes!… Aceite meus rogos, pai querido!…

— Não, não!… — Trovejou ele, em mais violenta crise de desespero, — sou um réprobo, não posso fingir!…


4. Viu-se, então, o ponto mais alto e mais enternecedor do reencontro.

2 De mãos pousadas na cabeça do genitor, Evelina lançou os olhos para o Alto e exorou:

— Oh! Deus de Bondade!… Meu pai e eu somos dois remanescentes ainda unidos de grande família espiritual, presentemente dispersa!… Concede, ó Todo-Misericordioso, se é de tua vontade, que perseveremos em sintonia, no mesmo anseio de redenção!…

3 A voz, porém, esmorecera-lhe na garganta, asfixiada de dor, e, ao inclinar-se para a fronte paterna, as lágrimas que lhe perolavam a face, quais gotas de bálsamo divino, se precipitaram sobre o desventurado amigo, transfigurando-lhe o coração.

4 Tangido por energias recônditas, Desidério desferiu doloroso gemido e largou, de imediato, a mão da morta… Abraçando os pés da filha, bradou com veemência:

— Ah! Evelina, Evelina!… Minha filha, minha filha, leve-me para onde quiser!… Confio em você!… Apague a fogueira de meu espírito que tem sabido tão somente odiar!… Socorro, meu Deus!… Socorro, meu Deus!…

5 A moça, suplementada de força pelos companheiros que oravam, reergueu-o facilmente, como se tomasse de encontro ao peito uma criança abatida.

6 Acorreram enfermeiros desencarnados, desentranhando Elisa do corpo inerte, a lembrarem uma equipe de técnicos que operassem, rapidamente, para retirá-la de um vestido imprestável, e o Irmão Plotino, seguido pelos colaboradores, entrou em ação, acomodando Desidério, semi-inconsciente, na ambulância que o transportaria para o novo domicílio espiritual.




7 Alguém acompanhara discretamente conosco todo o diálogo. Era o Instrutor Ribas que viera, de surpresa, ao lar de Vila Mariana, a fim de encorajar, em prece, a pupila do Instituto de Proteção Espiritual, no testemunho inesquecível… Assim que a viu, ajudando a carregar o genitor, em sublimada metamorfose, o venerado orientador, talvez rememorando acontecimentos de sua própria vida, afastou-se, em silêncio, com os olhos marejados de pranto que não chegava a se desprender das pálpebras molhadas.

8 Quanto a nós, de novo em plena rua, limitamo-nos pessoalmente a contemplar o firmamento, onde a aurora purpúrea, anunciando perpétua renovação, nos sugeria louvar a Ilimitada Misericórdia de Deus… E oramos, sem conseguir articular palavra.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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