São Paulo (SP) - 04 de setembro de 1956.
São Paulo (SP) - 15 de maio de 1976.
Filho único do médico Pablo Trevisan Perutich e de D. Martha Nannini Perutich, Luciano seguiu para a Vida Espiritual com 20 anos incompletos, atropelado no Autódromo de Interlagos, na Capital Paulista, durante prova motociclística de que participava na condição de mecânico de uma das equipes.
PALAVRAS DA MÃEZINHA DO COMUNICANTE
“Meu mundo acabou no dia em que meu filho morreu. Fiquei muito revoltada.
“Quando recebemos a primeira mensagem do Luciano, sentimos um alívio muito grande, com a renovação de nossas esperanças, pois foi a confirmação de que a morte não existe e, sim, significa a passagem para uma outra vida.”
Marta Nannini Perutich
PRIMEIRA MENSAGEM
1 Querida mãezinha, meu querido pai, peço me abençoem.
2 Há sempre um dia, entre os dias da saudade, o dia do reencontro, o momento de união dos corações que se albergam sob o mesmo teto de amor.
3 Sinto-me contente em falar-lhes assim, derramando a minha alegria orvalhada de lágrimas.
4 Mãezinha, o instante em que nos reconhecemos, de novo, mais perto uns dos outros, depois de ausência longa, assemelha-se ao alvorecer.
5 Para a retaguarda, fica a noite da ausência e os nossos olhos divisam apenas a bendita luz do amor redivivo que brilha e brilhará sempre, além do tempo e da morte.
6 E, em meio desses clarões de madrugada espiritual, nossas mais belas esperanças se destacam por flores carinhosamente cultivadas por dentro de nós, cujas pétalas trazem ainda o orvalho das sombras da separação.
7 Vendo-a com meu pai aqui junto de mim, é qual se eu próprio renascesse para amá-los cada vez mais.
8 Que o coração chora nos dias da carência afetiva, não podemos negar, e que a felicidade é sempre um misto de riso e pranto, até a nossa união integral na Vida Maior, é outra realidade que não nos cabe discutir.
9 Compreendamos, assim, que apesar da proteção recebida, não obstante o carinho das duas mães que me embalaram de novo, tentando substituir-lhe os braços queridos, n a adaptação à vida nova me custou o alto preço de quem daria tudo para ficar ao lado dos pais queridos, mas que as leis da vida determinavam partir…
10 Regressei no tempo justo, de vez que a minha conta dos dias terrestres previa a minha volta na ocasião em que as circunstâncias me compeliam a deixar o corpo físico.
11 Entendo tudo isto, entretanto, reconheço que o pai querido me esperava, de modo a que eu pudesse dar prosseguimento à realização dos seus planos de homem de bem…
12 E, por isso, me senti a princípio, qual a árvore amadurecida em determinado solo, constrangida a sofrer severo transplante para um campo diferente.
13 Creio que não necessito retratar com palavras as emoções que atravessamos na prova recíproca, pela qual nos vimos distanciados. Em meu íntimo parecia trazer todo um gabinete fotográfico, no qual as imagens de nossas inquietações mútuas se refletiam…
14 Foi a prece, querida mamãe, com a vovó Martha n que me fortaleceu. Sei que temos nela, a mãezinha da vovó Anna, tenho recebido os maiores testemunhos de carinho, mas para mim são duas mães que continuaram o seu amor e o amor de meu pai em meu coração.
15 Através da prece, adquiri forças para aceitar as ocorrências que me trouxeram novamente à VIDA ESPIRITUAL e compreender que, muitas vezes, as Leis Divinas se fazem conhecer por outros nomes quais sejam “imprudência”, “rebates falsos” ou “precipitação”, de vez que naquele alarme inverídico estava o acatamento à prova que me aguardava. n
16 Não tenho qualquer deslize alheio a lastimar. Graças a Deus a nossa fé superou quaisquer outros sentimentos suscetíveis de anuviar-nos o espírito. Agora, com o amparo dos nossos Maiores, tudo é dia claro e estamos seguindo adiante com ideias novas e novos sonhos de trabalhar e servir.
17 Sou muito grato ao carinho com que meu pai atendeu às minhas requisições afetuosas, pelas quais, quanto possível, busquei-lhe, noite a noite, o coração para fé viva de Deus. Isso, mamãe, para nós é acréscimo de coragem para as tarefas que estamos abraçando, no caminho das bênçãos de Jesus.
18 Comigo vieram a vovó Martha e a vovó Anna que lhe solicitam continuidade no devotamento ao vovô que necessita de nossos cuidados. Abençoado tronco no chão da vida, naqueles braços fortes e amorosos, tecemos o ninho de nossa vida atual e nos sentimos felizes, em lhe observando a ternura para com o nobre lidador atualmente ferido pelas saudades que lhe fustigam o peito. n
19 Mãezinha, para o seu amor coube-me o privilégio de retribuir-lhe juntamente do meu pai e da querida tia, a madrinha, n as bênçãos e as alegrias que lhe devemos. 20 Não tenha receio, nas horas difíceis do lar estaremos mais unidos ao seu coração de filha e de irmã, com as nossas energias acrescentadas pelo amparo daqueles benfeitores dedicados que nos suprem do Mais Alto.
21 O tio Ítalo tem sido um companheiro quase constante para nós, inclusive o meu bisavô Perutich, n que nos acompanha com manifesta bondade. Sinto-me confortado em lhes oferecer estas notícias, porquanto, parece que repartir os sentimentos é iluminar a nossa própria alma com a bênção das criaturas que mais amamos.
22 Tudo segue presentemente com mais esperança, porque a nossa confiança em Deus, no espinheiral da separação, ganhou mais substância e mais autenticidade. Louvado seja Deus!
23 Do tio Antônio, n posso dizer-lhes que vai recuperando a própria paz com a anestesia do esquecimento. 24 Para cá trazemos o que somos e sentimos na soma de todas as nossas ações e emoções reunidas e sabemos que, no saldo da lembrança do livro de nosso tio Antônio, algumas parcelas de mágoa deveriam desaparecer, a fim de que ele usufrua toda a paz que merece, e essa operação de poda vem sendo feita gradativamente.
25 De qualquer modo, os nossos motivos para agradecer a Deus são tantos e tamanhos que quaisquer tisnas de sombras se desfazem na luz de nossa fé, a nossa fé-certeza na Providência e na Bondade do Senhor.
26 Querido pai e querida mãezinha, com todo o nosso afeto à nossa querida Cibele, n hoje querida irmã do coração, e com todos os nossos laços da alma, as lembranças afetuosas de todos, guardo carinhosamente no cofre da memória.
27 Mais uma vez, expresso-lhes a minha gratidão por não haverem desejado conservar qualquer herança de rancor contra pessoas e situações com relação aos episódios que me assinalaram a vinda para a existência diversa em que hoje me encontro. n
28 Todos somos filhos de Deus, e nessa condição, compete-nos auxiliarmos sempre uns aos outros, atendendo a obrigação que os Céus nos traçam a todos.
29 Isso será sempre assim, porque, se agora há quem nos solicite compreensão, surgirá sempre um momento, em que seremos nós quem a requisite em favor de nossa paz.
30 Mãezinha querida e meu querido pai, deixo-lhes nas mãos devotadas que beijo com respeito e carinho, todo o coração do filho reconhecido, sempre o filho e companheiro de todos os momentos.
Luciano
05 de março de 1979.
SEGUNDA MENSAGEM DE LUCIANO FÁBIO PERUTICH, PSICOGRAFADA EM UBERABA (MG), NA NOITE DE 16 DE ABRIL DE 1980 n
FELIZ DIA DAS MÃES
1 Querida mãezinha Martha, reúno-a com meu pai no coração, pedindo a Deus nos abençoe.
2 Hoje, mãezinha Martha,
tomei um pedaço de céu azul;
a tinta luminescente das estrelas;
a harmonia do vento brando;
o perfume das flores;
a serenidade das árvores;
a cantiga das fontes;
a melodia das aves;
a alegria do alvorecer;
a limpidez dos lagos tranquilos;
as rendas da espuma;
as opalas do sol;
as esmeraldas da erva;
a magia da prece;
a ternura do amor;
o sorriso das crianças;
o carinho da esperança;
a beleza da espontaneidade;
a segurança da fé;
a grandeza oculta do perdão;
a humildade dos insetos;
o deslumbramento da natureza;
e misturei tudo isso com meu amor e com minha saudade, para desejar-lhe, com o meu pranto de felicidade e reconhecimento, um Feliz Dia das Mães.
3 Beijos em sua fronte querida, do seu filho sempre grato.
Luciano
16 de abril de 1980.
Obs. As notas de rodapé do livro impresso foram reunidas no capítulo Notas. Este livro foi rediagramado pelo compilador.