1 Conheci Dona Amélia na fazenda
— Dona Amélia Maria Liberata —
Linda e rica mulher, mas rude e ingrata,
Sempre altiva, no estrado de ouro e renda.
2 Deixava o pão mofando preso à lata
E gritava: “Ninguém me desatenda”.
Procurava conflitos de encomenda
Para zurzir os servos na chibata…
3 Mais tarde veio a morte… A nobre dama
Padecia o remorso como a chama
Quando o fogo se apega à carne nua.
4 O tempo voa… E agora, reencarnada,
Vejo-a sozinha, triste e desprezada,
Esmolando socorro em cada rua.
Cornélio Pires
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