1 A Senhora Nina Laura,
Em meio de grande brilho,
Desposou Tetéu Carvalho
Aspirando a ter um filho.
2 Ele era jovem ricaço
Que possuía o que quer,
Ele queria o prazer
Mas adorava a mulher.
3 Ela queria domínio,
Usando a própria beleza,
Ele buscava o prazer
Nas forças da Natureza.
4 Nina Laura engravidou-se
Em poemas de carinho.
E apesar das muitas queixas,
Teve um garboso filhinho.
5 O marido entusiasmado
Deu-lhe o nome de Luiz,
O casal que o recebera
Ficou muito mais feliz.
6 O pequenino crescia
Na doce e bela existência,
Era uma flor de ternura
Numa grande inteligência.
7 O esposo, após uma festa,
Tocado em nova esperança
Disse à esposa que aguardava
Obter nova criança.
8 Mas Nina Laura alegava,
Quase com áspero acento:
“A gravidez para mim
Foi um terrível tormento…”
9 Decorridos quatro anos,
O quadro mudou de vez.
Dona Nina se mostrou
Sob nova gravidez…
10 Três meses foram passados;
Ela que amava o conforto,
Procurou certa parteira
Que lhe dirigisse o aborto…
11 Elegante, ela dizia
Que aborto era assunto seu…
No entanto, o filho querido
De repente entristeceu.
12 Luizinho, por dois meses,
Manteve a melancolia,
E apesar dos tratamentos,
Faleceu de leucemia.
13 Conquistou o amor materno.
Nina, enfim, caiu de cama.
Agora achava que o filho
Era o ser que mais se ama.
14 Certa noite, ouviu Luiz:
“Mãezinha, ainda me desconsolo,
Ao saber que você negou a meu irmão,
O aconchego do seu colo.
15 “Era ele meu irmão,
Irmão a mim, muito amado,
A quem prometi socorro
Para viver ao meu lado.”
16 Dona Nina entrou em pranto
Dor e remorso também,
Até que o câncer lhe abriu
As portas do Grande Além.
Jair Presente
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