1. FORMAÇÃO DO MUNDO CEREBRAL. — No regaço do tempo, os Arquitetos Divinos auxiliam a consciência fragmentária na construção do cérebro, o maravilhoso ninho da mente, necessitada de mais ampla exteriorização.
2 A massa de células nervosas
que precede a formação do mundo cerebral, nos invertebrados, dá lugar
à invaginação do ectoderma nos vertebrados, constituindo-se, lentamente,
a vesícula anterior ou prosencéfalo, a vesícula média ou mesencéfalo
e a vesícula posterior ou rombencéfalo.
3 Nos peixes, os hemisférios
cerebrais mostram-se ainda muito reduzidos, nos anfíbios denotam desenvolvimento
encorajador e nos répteis avançam em progresso mais vasto, configurando
já, com alguma perfeição, o aqueduto de Sylvius, ( † ) ( † )
4 aprimorando-se, com
mais segurança, em semelhante fase, na forma espiritual, o centro coronário
do psicossoma futuro, a refletir-se na glândula pineal, já razoavelmente
plasmada em alguns lacertídeos, qual o rincocéfalo da Nova Zelândia,
em que a epífise embrionária se prolonga até à região parietal, aí assumindo
a feição de um olho com implementos característicos.
5 Zoólogos respeitáveis
consideram o mencionado aparelho como sendo um globo ocular abandonado
pela Natureza; 6 contudo,
é aí que a epífise começa a consolidar-se, por fulcro energético de
sensações sutis para a tradução e seleção dos estados mentais diversos,
nos mecanismos da reflexão e do pensamento, da meditação e do discernimento,
7 prenunciando as operações
da mediunidade, consciente ou inconsciente, pelas quais Espíritos encarnados
e desencarnados se consorciam, uns com os outros, na mesma faixa de
vibrações, para as grandes criações da Ciência e da Religião, da Cultura
e da Arte, na jornada ascensional para Deus, 8
quando não seja nas associações psíquicas de espécie inferior ou de
natureza vulgar, em que as almas prisioneiras da provação ou da sombra
se retratam reciprocamente.
2. GIRENCEFALIA E LISSENCEFALIA. — Prossegue o crescimento dos hemisférios cerebrais nas aves, com significativas porções cerebelares, para encontrarmos, nos mamíferos, o encéfalo com apreciáveis dotações, apresentando circunvoluções nos girencéfalos e aumento expressivo na área do córtex.
2 Quanto mais se verticaliza
a escalada, mais se reduz a percentagem volumétrica do cerebelo, enquanto
que os hemisférios cerebrais se dilatam; 3
contudo, é preciso destacar que esse fenômeno de progressão, fundamentalmente,
não se relaciona com a inteligência e nem esta é, a rigor, proporcional
ao número de circunvoluções cerebrais, 4
tanto que mamíferos, quais o coelho, o canguru, o ornitorrinco e até
mesmo certos primatas, possuem cérebro lissencéfalo ou sem circunvoluções.
5 A girencefalia e a lissencefalia
obedecem a tipificações traçadas pelos Orientadores Maiores, no extenso
domínio dos vertebrados, preparando o cérebro humano com a estratificação
de lentas e múltiplas experiências sobre a vasta classe dos seres vivos.
6 À maneira de crianças tenras,
internadas em jardim-de-infância para aprendizados rudimentares, animais
nobres desencarnados, a se destacarem dos núcleos de evolução fisiopsíquica
em que se agrupam por simbiose, acolhem a intervenção de instrutores
celestes, em regiões especiais, exercitando os centros nervosos.
3. FATOR
DE FIXAÇÃO. — Os neurônios nascem e se renovam, milhões de vezes,
no Plano físico e no Plano extrafísico, na estruturação de cérebros
experimentais, 2 com
mais vivos e mais amplos ingredientes do corpo espiritual, quando em
função nos tecidos físicos, até que se ergam em unidades morfológicas
definitivas do sistema nervoso.
3 Demonstrando formação
especialíssima, porquanto reproduz mais profundamente a tessitura das
células psicossomáticas, o neurônio é toda uma usina microscópica, constituindo-se
de um corpo celular com prolongamentos, apresentando no núcleo escassa
cromatina e um nucléolo.
4 Acha-se o núcleo
cercado de protoplasma em que há mitocôndrios, neurofibrilas, aparelho
de Golgi, melanina abundante 5
e um pigmento ocre, estreitamente relacionado com o corpo espiritual,
de função muito importante na vida do pensamento, aumentando consideravelmente
na madureza e na velhice das criaturas, 6
além de uma substância, invisível na célula em atividade, a espalhar-se
no citoplasma e nos dendritos, facilmente reconhecível, por intermédio
de corantes básicos, quando a célula se encontra devidamente fixada;
7 essa substância, —
a expressar-se nos chamados corpúsculos de Nissl, ( † ) ( † )
que podem sofrer a cromatólise, — representa alimento psíquico,
haurido pelo corpo espiritual no laboratório da vida cósmica, através
da respiração, durante o repouso físico para a restauração das células
fatigadas e insubstituíveis.
8 O pigmento ocre
que a ciência humana observa, sem maiores definições, é conhecido no
Mundo Espiritual como fator de fixação, como que a encerrar a
mente em si mesma, quando esta se distancia do movimento renovador em
que a vida se exprime e avança, adensando-se ou rarefazendo-se ele,
nos Círculos humanos, conforme a atitude mental do Espírito na quota
de tempo em que se lhe perdure a existência carnal.
4. REFLEXOS-TIPOS.
— Estabelecidos os centros nervosos, em que se entrosam as forças fisiopsicossomáticas,
os reflexos-tipos são organizados no reino animal, 2
fixando-se o reflexo de flexão, que consta da flexão de um membro atacado
na superfície por estímulos de variadas origens, 3
o reflexo fásico que interessa a defesa própria na remoção de estímulos
perniciosos, 4 o reflexo
miotático a evidenciar-se na contração de um músculo quando responde
à extensão de suas fibras, 5
os reflexos posturais diversos e os múltiplos reflexos segmentares e
intersegmentares, com os arcos que lhes são característicos, tanto na
parte aferente como na eferente, preparando-se o veículo fisiopsicossomático
do porvir em suas reações nervosas fundamentais.
6 Através deles, o
encéfalo, conservando consigo o centro coronário e o centro cerebral,
registra excitações inúmeras, para que as faculdades de percepção e
seleção, atenção e escolha se consolidem.
5. FORMAÇÃO DOS SENTIDOS. — No corpo dos animais superiores, obra-prima de supervisão e construção dos Arquitetos do Espírito, no transcurso dos séculos, a consciência fragmentária acrisola, então, os sentidos.
2 Findo longo período de trabalho,
afirma-se o tato, por sentido cutâneo essencial, a espraiar-se por toda
a pele. Esta se converte em superfície receptora, com variadas terminações
nervosas que se salientam por extrema complexidade, desde as arborizações
simples até os corpúsculos especializados que se localizam dentro da
derme, utilizando células especiais, em comunicação incessante com o
cérebro, para que as sensações táteis constantes possam defender os
patrimônios da vida.
3 Adestrada a atenção, o animal
na Esfera física e na Esfera extrafísica elabora, por atividades reflexas,
várias substâncias que lhe excitam os centros receptivos, definindo
os chamados sentidos químicos, a culminarem no olfato e no gosto.
4 No epitélio olfatório,
as células basais, as de sustentação e as olfativas, sobre as glândulas
de Bowman, ( † ) ( † )
que se encarregam de fornecer o muco necessário à discriminação dos
elementos odoríferos, operam a seleção das propriedades aromáticas das
substâncias, 5 e, no
dorso da língua, na epiglote, na face posterior da faringe como no véu
do paladar, os corpúsculos gustativos, guardando as células epiteliais
de sustentação e as células gustativas, associados às pequenas glândulas
salivares, fazem o registro das substâncias destinadas à nutrição.
6. VISÃO
E AUDIÇÃO. — O sentido da vista, admiravelmente fixado, passa
a permitir a constituição das imagens dos objetos na retina, segundo
um sistema dióptrico particular, aperfeiçoando-se as células receptoras
da luz, cujo impulso nervoso alcança as vias ópticas, transportando
as imagens captadas até à profundez do cérebro, 2
onde a mente incorpora as interpretações que lhe são próprias e analisa-as,
plasmando observações para o arquivo da memória e da experiência.
3 E a audição, alicerçando-se
em órgão complexo, consolida-se no ouvido interno (protegido pelo ouvido
externo e pelo ouvido médio), em que o tubo coclear, a dividir-se em
três compartimentos, vai encontrar as células evoluídas dos órgãos de
Corti ( † ) ( † )
e as fibras nervosas do acústico encarregadas de transmitir as vibrações
sonoras que atingem o ouvido médio, em estímulos nervosos, a saírem
através do nervo auditivo na direção da mente, 4
que realiza a seleção dos valores atinentes às sensações de tom, intensidade
e timbre, estabelecendo, em seu próprio favor, vasta rede de reflexos
condicionados com expressão decisiva em seu desenvolvimento.
5 Sob a orientação
das Inteligências Sublimes, cada sentido se instala em organização especial,
formada de vários aparelhos e implementos. 6
Também o cérebro integral se organiza em lobos diversos, com vasta margem
de recursos para o futuro, quando a alma então nascente, em atividade
instintiva na construção de seu próprio veículo, se erigirá em consciência
desperta com capacidade de utilizar as vantagens potenciais que a Divina
Sabedoria lhe oferta.
7. MICROCOSMO PRODIGIOSO. — Com o tempo, a Direção Espiritual da Vida consegue, enfim, organizar, com mais eficiência, o sistema nervoso autônomo, regulando e coordenando as funções das vísceras.
2 Estruturam-se, desse
modo, primorosamente, a inervação visceral aferente e eferente e os
centros coordenadores, os sistemas simpático ( † )
e parassimpático ( † )
e as fibras pré e pós-ganglionares de Langley, ( † )
com os neurônios a edificarem vias eletromagnéticas de comunicação entre
o governo espiritual e as províncias orgânicas.
3 Em todos os ângulos desse microcosmo prodigioso, células especiais permanecem sob o controle
do Espírito, assimilando-lhe os desejos e executando-lhe as ordens no
automatismo que a evolução lhe confere.
4 Desde o grupo tectobulbar
das fibras pré-ganglionares, saindo com os pares cranianos, tecidas
com neurônios no mesencéfalo, protuberância e bulbo e incluindo os núcleos
supra-ópticos, paraventriculares e a parede anterior do infundíbulo,
até o grupo sacro, com neurônios localizados na medula sacra, 5
nervos especiais funcionam como estações emissoras e receptoras, manipulando
a energia mental, projetada ou recolhida pela mente, em ação constante,
nos domínios da sensação e da ideia, 6
em conexões e trajetos que a ciência do homem mal começa a perceber,
atuando nos demais centros do corpo espiritual e nas zonas fisiológicas
que os configuram no veículo somático, através de circuitos reflexos.
7 No diencéfalo, campo
essencialmente sensitivo e vegetativo, parte das mais primitivas do
sistema nervoso central, 8
o centro coronário, por fulcro luminoso, entrosa-se com o centro cerebral,
a exprimir-se no córtex e em todos os mecanismos do mundo cerebral,
9 e, dessa junção de
forças, o Espírito encontra no cérebro o gabinete de comando das energias
que o servem, como aparelho de expressão dos seus sentimentos e pensamentos,
10 com os quais, no
regime de responsabilidade e de autoescolha, plasmará, no espaço e no
tempo, o seu próprio caminho de ascensão para Deus.
André Luiz
Uberaba, 12/2/1958.