1. SUPRIMENTOS
DA VIDA. — Observamos a chegada dos princípios inteligentes no
mundo e a sua respectiva expansão, assim como um exército que, para
atender às próprias necessidades, organiza, de início, a precisa cobertura
de suprimentos. 2 Primeiro,
as bactérias lavrando o solo para que as plantas proliferassem, criando
atmosfera adequada ao reino animal. 3
Depois das plantas, aparecem os animais, gerando recursos orgânicos
para que o instinto pudesse expandir-se no rumo da inteligência. 4
E, em seguida ao animal, surge o homem plasmando os valores definitivos
da inteligência, para que a Humanidade se concretize a caminho da angelitude.
2. FASES PROGRESSIVAS DO METABOLISMO. — Em todos os reinos da Natureza, o elemento espiritual aprende a nutrir-se e preservar-se.
2 Por milhares de
séculos, repete as operações da fotossíntese ou assimilação clorofiliana
no império verde, pela qual consome energia luminosa e elabora matérias
orgânicas, desprendendo o oxigênio indispensável à constituição do ar
atmosférico, 3 e recapitula
as operações da quimiossíntese, em formas autótrofas, como sejam certas
classes de bactérias, que se utilizam de energia química para viver,
através da oxidação de compostos minerais.
4 Gradativamente, no domínio
vegetal, assimila os mecanismos mais íntimos da respiração, absorvendo
o oxigênio e eliminando o gás carbônico pelos estômatos e pneumatódios,
cutícula e lenticelas, de modo a conduzir o oxigênio sobre as matérias
orgânicas para a formação dos produtos de desassimilação e projeção
de energia.
5 E, lentamente, em meio desprovido
de matérias orgânicas, qual acontece com as nitrobactérias, as sulfobactérias,
as ferrobactérias, etc., aprende também a oxidar respectivamente o amoníaco
ou os nitritos, o ácido sulfídrico, o óxido ferroso.
6 Em semelhantes atividades,
infinitamente repetidas, habilita-se ao ingresso no reino animal, onde,
em estágios evolutivos mais nobres, se matriculará na técnica da elaboração
automática dos catalisadores químicos, com a faculdade de transubstanciar
matérias orgânicas complexas em recursos assimiláveis.
7 Milênios transcorrem para
que então consiga adestrar-se nas diástases diversas, como sejam as
proteases e as zímases, entre os fermentos hidrolisantes e decomponentes.
8 A crisálida de consciência
inicia-se, dessa forma, na fabricação de prótides, glúcides, lípides
e outros meios de nutrição, aprendendo igualmente a emitir hormônios
de crescimento e vitaminas diversas no ciclo das plantas.
9 Não apenas tecidos e órgãos
do corpo físico se esboçam nas formas rudimentares da Natureza, mas
também os centros vitais do corpo espiritual, que, obedecendo aos impulsos
da mente, se organizam em moldes seguros, com a capacidade de assimilar
as partículas multifárias da vitalidade cósmica, oriundas das fontes
vivas de força que alimentam o Universo.
3. EXCITAÇÕES QUÍMICAS. — Governando as células físicas, os agentes de natureza espiritual se evidenciam em todos os processos da nutrição, motivando as chamadas excitações químicas, também classificáveis por quimiotactismo eletromagnético.
2 O princípio inteligente,
tocado por múltiplos estímulos, sob o império de atrações e repulsões,
haure elementos quimiotácticos eletromagnéticos no laboratório das forças
universais, através da respiração, para conservar-se e defender-se,
preservando os valores de reprodução e sustentação.
3 É assim que as células masculinas
dos fetos são atraídas pelo ácido málico, enquanto as bactérias se movimentam
obedecendo também a estímulos de ordem química.
4 Os óvulos de certos peixes
e quinodermos, entre estes o ouriço-do-mar, sem a presença da fêmea
que os deita têm o poder de atrair os espermatozóides separados da mesma
espécie, demonstrando que arrojam de si mesmos substância específica
na perpetuação que lhes é própria.
5 Entre os animais, as células
da reprodução segregam substâncias particulares com que se procuram
mutuamente, evoluindo o veículo psicossomático para mais altos níveis
de consciência sobre as mais amplas formas de quimiotropismo constante,
em bases de excitações exógenas e endógenas.
4. ADMINISTRAÇÃO
DO METABOLISMO. — Laborando pacientemente nos séculos e alcançando
a civilização elementar do paleolítico, a mente humana controla então,
quase que plenamente, o corpo que se exprime, formado sob a tutela e
o auxílio incessante dos Construtores Espirituais, 2
passando a administrar as ocorrências do metabolismo, em sua organização
e adaptação, através da coordenação de seus próprios impulsos sobre
os elementos albuminóides do citoplasma, em que as forças físicas e
espirituais se jungem no campo da experiência terrestre.
3 Os sistemas enzimáticos
revelam-se definidos e as glândulas de secreções interna fabricam variados
produtos, refletindo o trabalho dos centros vitais da alma.
4 Hormônios e para-hormônios,
fermentos e co-fermentos, vitaminas e outros controladores químicos,
tanto quanto preciosas reservas nutritivas equacionam os problemas orgânicos,
harmonizando-se em produção e níveis precisos, na quota de determinados
percentuais, conforme as ordens instintivas da mente.
5 Todos os serviços da província
biológica, inclusive as emoções mais íntimas, são sustentados por semelhantes
recursos, constantemente lançados pelo próprio Espírito no cosmo de
energia dinâmica em que se manifesta.
6 Experiências valiosas, efetuadas
com pleno êxito comprovaram que a própria miosina ou sistema albuminóide
da contração muscular detém consigo as qualidades de um fermento, a
adenosinatrifosfatase, responsável pela catálise da reação química fundamental
que exonera a energia indispensável ao refazimento das partículas miosínicas
dos tecidos musculares.
5. ACUMULAÇÕES DE ENERGIA ESPIRITUAL. — Por intermédio dos mitocôndrios, que podem ser considerados acumulações de energia espiritual, em forma de grânulos, assegurando a atividade celular, a mente transmite ao carro físico a que se ajusta, durante a encarnação, todos os seus estados felizes ou infelizes, equilibrando ou conturbando o ciclo de causa e efeito das forças por ela própria libertadas nos processos endotérmicos, mantenedores da biossíntese.
2 Nessa base, dispomos largamente
dos anticorpos e dos múltiplos agentes imunológicos cunhados pela governança
do Espírito, em favor da preservação do corpo, de acordo com as multimilenárias
experiências adquiridas por ele mesmo, na lenta e laboriosa viagem a
que foi constrangido nas faixas inferiores da Natureza.
3 Da mesma sorte, possuímos,
funcionando automaticamente, a secretina, a tiroxina, a adrenalina,
a luteína, a insulina, a foliculina, os hormônios gonadotrópicos e unidades
outras, entre as secreções internas, à guisa de aceleradores e excitantes,
moderadores e reatores, transformadores e calmantes das atividades químicas
nos vários departamentos de trabalho em que se subdivide o Estado Fisiológico.
6. IMPULSOS
DETERMINANTES DA MENTE. — Sobre os mesmos alicerces referidos,
surpreendemos, ainda, as enzimas numerosas, como a pepsina, isolada
por Northrop, ( † )
e a catalase definida por von Euler, ( † )
tanto quanto outras muitas, que a ciência terrestre, gradualmente, saberá
descobrir, estudar, fixar e manobrar, com vistas à manutenção e defesa
da saúde física e da integridade mental do homem, no quadro de merecimentos
da Humanidade, 2 de
vez que todos os estados especiais do mundo orgânico, inclusive o da
renovação permanente das células, a prostração do sono, a paixão artística,
o êxtase religioso e os transes mediúnicos são acalentados nos circuitos
celulares por fermentações sutis, 3
aí nascidas através de impulsos determinantes da mente, por ela convertidos,
nos órgãos, em substâncias magnetoeletroquímicas, arremessadas de um
tecido a outro, guardando a faculdade de interferir bruscamente nas
propriedades moleculares ou de catalisar as reações desse ou daquele
tipo, destinadas a garantir a ordem e a segurança da vida, na urdidura
das ações biológicas.
4 Em identidade de circunstâncias,
nos traumas cerebrais da cólera e do colapso nervoso, da epilepsia e
da esquizofrenia, como em tantas outras condições anômalas da personalidade,
vamos encontrar essas mesmas fermentações no campo das células, mas
em caráter de energias degeneradas, que correspondem às turvações mentais
que as provocam.
7. METABOLISMO
DO CORPO E DA ALMA. — O metabolismo subordina-se, desse modo,
à direção espiritual, tanto mais intensa e exatamente, quanto maior
a quota de responsabilidade do ser pelo conhecimento e discernimento
de que disponha, 2
e, em plena floração da inteligência, podemos identificá-lo não apenas
no embate das forças orgânicas, mas também no domínio da alma, 3
porquanto raciocínio organizado é pensamento dinâmico e, 4
com o pensamento consciente e vivo, o homem arroja de si mesmo forças
criadoras e renovadoras, forjando, desse modo, na matéria, no espaço
e no tempo, os meandros de seu próprio destino.
André Luiz
Pedro Leopoldo, 9/2/1958.