1. PRINCÍPIO INTELIGENTE E HEREDITARIEDADE. — Reportando-nos à lei da hereditariedade é imperioso, de certo modo, recordar a Geometria para simplificar-lhe os conceitos.
2 Considerando a Geometria
por ciência que estuda as propriedades do espaço limitado vamos encontrar
a hereditariedade como lei que define a vida, circunscrita à forma em
que se externa.
3 Só a inteligência consegue
traçar linhas inteligentes.
Em razão disso, e atendendo-se aos objetivos finalistas do Universo, não será possível esquecer o Plano Divino, quando se trate de qualquer imersão mais profunda na Genética, ainda mesmo que isso repugne aos cultores da ciência materialista.
4 Como se estruturaram
os cromatídeos nos cromossomas é problema que, de todo, por enquanto,
nos escapa ao sentido, 5
mas sabemos que os Arquitetos Espirituais, entrosados à Supervisão Celeste,
gastaram longos séculos preparando as células que serviriam de base
ao reino vegetal, combinando nucleoproteínas a glúcides e a outros elementos
primordiais, a fim de que se estabelecessem um nível seguro de forças
constantes, entre a bagagem do núcleo e do citoplasma.
6 Com semelhante realização,
o princípio inteligente começa a desenvolver-se do ponto de vista fisiopsicossomático.
7 Não apenas a forma física
do futuro promete então revelar-se, mas também a forma espiritual.
2. FATORES DA HEREDITARIEDADE. — Na intimidade dos corpúsculos simples que evoluiriam para a feição de máquinas microscópicas, formadas de protoplasma e paraplasma, fixam-se, vagarosamente, sob influenciação magnética, os fragmentos de cromatina, organizando-se os cromossomas em que seriam condensadas as fórmulas vitais da reprodução.
2 Processos múltiplos de divisão
passam a ser experimentados.
3 A divisão direta ou amitose
é largamente usada para, em seguida, surgir a mitose ou divisão indireta,
em que as alterações naturais da mônada celeste se refletem no núcleo,
prenunciando sempre maiores transformações.
4 Lentamente, os cromossomas
adquirem a sua apresentação peculiar, em forma de ponto-alça-bastonete-bengala,
5 e a evolução que
lhes diz respeito na cariocinese, desde a prófase à telófase, merece
a melhor atenção dos Construtores Divinos, que através do centro celular
mantêm a junção das forças físicas e espirituais, 6
ponto esse em que se verifica o impulso mental, de natureza eletromagnética,
pelo qual se opera o movimento dos cromossomas, na direção do equador
para os pólos da célula, cunhando as leis da hereditariedade e da afinidade
que se vão exercer, 7
dispondo nos cromatídeos, em forma de granulações perfeitamente identificáveis
entre o leptotênio e o paquitênio, os genes ou fatores da hereditariedade,
que, no transcurso dos séculos, são fixados em número e valores diferentes
para cada espécie.
3. ARQUIVO
DOS REFLEXOS CONDICIONADOS. — Através dos estágios nascimento-experiência-morte-experiência-renascimento,
nos Planos físico e extrafísico, as crisálidas de consciência, dentro
do princípio de repetição, respiram sob o sol como seres autótrofos
no reino vegetal, 2
onde as células, nas espécies variadas em que se aglutinam, se reproduzem
de modo absolutamente semelhante.
3 Nesse domínio, o
princípio inteligente, servindo-se da herança, e por intermédio das
experiências infinitamente recapituladas, habilita-se à diferenciação
nos flagelados, 4 ascendendo
progressivamente à diferenciação maior na escala animal, onde o corpo
espiritual, à feição de protoforma humana, já oferece moldes mais complexos,
5 diante das reações
do sistema nervoso, eleito para sede dos instintos superiores, com a
faculdade de arquivar reflexos condicionados.
4. CONSTRUÇÃO
DO DESTINO. — Sofrem as células transformações profundas, porque
o elemento espiritual deve agora viver como ser alótrofo, n
somente conseguindo manter-se com o produto de matérias orgânicas já
elaboradas.
2 Com a passagem do tempo,
e sob a inspiração dos Arquitetos Espirituais que lhe orientam a evolução
da forma, avança na rota do progresso, plasmando implementos novos no
veículo de expressão.
3 Entre a Esfera terrena
e a Esfera espiritual, adquire os orgânulos particulares com que passa
a atender variadas funções entre os protozoários, 4
como sejam, os vacúolos pulsáteis para a sustentação do equilíbrio osmótico
e os vacúolos digestivos para o equilíbrio da nutrição.
5 Nos metazoários,
conquista um carro fisiológico, estruturado em aparelhos e sistemas
constituídos de órgãos, 6
que, a seu turno, são formados de tecidos, 7
compostos por células em complicado regime de diferenciação e, 8
passando por longas e porfiadas metamorfoses, atinge o reino hominal,
em que os gametas se erigem, especializados e seguros, no aparelho de
reprodução, 9 com elementos
e recursos característicos para o homem e para a mulher, no imo do centro
genésico, entre os aparelhos de metabolismo e os sistemas de relação.
10 No ato da fecundação,
reúnem-se os pronúcleos masculino e feminino, mesclando as unidades
cromossômicas paternas e maternas, 11
a fim de que o organismo, obedecendo à repetição na lei da hereditariedade,
se desenvolva, dentro dos caracteres genéticos de que descende; 12
mas agora, no reino humano, o Espírito, entregue ao comando da própria
vontade, determina com a simples presença ou influência, no campo materno,
os mais complexos fenômenos endomitóticos no interior do ovo, edificando
as bases de seu próprio destino, no estágio da existência cujo início
o berço assinala.
5. HEREDITARIEDADE
E AFINIDADE. — Nas épocas remotas, os Semeadores Divinos guiavam
a elaboração das formas, traçando diretrizes ao mundo celular, em favor
do princípio inteligente, então conduzido ante a sociedade espiritual
como a criança irresponsável ante a sociedade humana; 2
todavia, à medida que se lhe alteia o conhecimento, passa a responsabilizar-se
por si mesmo, pavimentando o caminho que o investirá na posse da Herança
Celestial no regaço da Consciência Cósmica.
3 Com alicerces na hereditariedade,
toma a forma física e se desvencilha dela, para retomá-la em nova reencarnação
capaz de elevar-lhe o nível cultural ou moral, quando não seja para
refazer tarefas que deixou viciadas ou esquecidas na retaguarda.
4 Contudo, ligado
inevitavelmente aos princípios de sequência, é compelido a renascer
na Terra, ou a viver além da morte, com raras exceções, entre os seus
próprios semelhantes, 5
porquanto hereditariedade e afinidade no Plano físico e no Plano extrafísico,
respectivamente, são leis inelutáveis, sob as quais a alma se diferencia
para a Esfera Superior, por sua própria escolha, 6
aprendendo com larga soma de esforço a reger-se pelo bem invariável,
7 que, em lhe assegurando
equilíbrio, também lhe confere poder sobre os fatores circunstanciais
do próprio ambiente, a fim de criar valores mais nobres para os seus
impulsos de perfeição.
6. GEOMETRIA
TRANSCENDENTE. — Chegada a essa eminência, a criatura submete-se
à lei da hereditariedade, com o direito de alterar-lhe as disposições
fundamentais até ponto não distante do limite justo, segundo o merecimento
de que disponha. 2
Para ajudar aos semelhantes na escalada a mais ampla aquisições na senda
evolutiva, recolhe, assim, concurso precioso dos Organizadores do Progresso,
na mitose do ovo que lhe facultará novo corpo no mundo, 3
de vez que toda permuta de cromossomas, no vaso uterino, está invariavelmente
presidida por agentes magnéticos ordinários ou extraordinários, conforme
o tipo da existência que se faz ou refaz, com as chaves da hereditariedade
atendendo aos seus fins.
4 Eis por que, interpretando
os cromossomas à guisa de caracteres em que a mente inscreve, nos corpúsculos
celulares que a servem, as disposições e os significados dos seus próprios
destinos, 5 caracteres
que são constituídos pelos genes, como as linhas são formadas de pontos,
6 genes aos quais se
mesclam os elementos chamados bióforos, 7
e tomando os bióforos, nesses pontos, como sendo os grânulos de tinta
que os colorem, 8 será
lícito comparar os princípios germinativos, nos domínios inferiores,
aos traços da Geometria elementar, que apenas cogita de linhas e figuras
simples da evolução, 9
para encontrar, nesses mesmos princípios, nos domínios superiores da
alma, a Geometria transcendente, aplicada aos cálculos diferenciais
e integrais das questões de causa e efeito.
7. HEREDITARIEDADE
E CONDUTA. — Portanto, como é fácil de sentir e apreender, o
corpo herda naturalmente do corpo, segundo as disposições da mente que
se ajusta a outras mentes, nos circuitos da afinidade, 2
cabendo, pois, ao homem responsável reconhecer que a hereditariedade
relativa mas compulsória lhe talhará o corpo físico de que necessita
em determinada encarnação, 3
não lhe sendo possível alterar o plano de serviço que mereceu ou de
que foi incumbido, segundo as suas aquisições e necessidades, 4
mas pode, pela própria conduta feliz ou infeliz, acentuar ou esbater
a coloração dos programas que lhe indicam a rota, através dos bióforos
ou unidades de força psicossomática que atuam no citoplasma, 5
projetando sobre as células e, consequentemente, sobre o corpo os estados
da mente, que estará enobrecendo ou agravando a própria situação, de
acordo com a sua escolha do bem ou do mal.
André Luiz
Uberaba, 5/2/1958.
[1]
Alótrofo. Não encontramos o significado dessa palavra, mas de
alotrófico, sim: Que depende de outro organismo para alimentar-se;
ou, como foi dito: que somente consegue manter-se com o produto de matérias
orgânicas já elaboradas.