O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Evolução em dois mundos — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


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Evolução e hereditariedade

(Sumário)

1. PRINCÍPIO INTELIGENTE E HEREDITARIEDADE. — Reportando-nos à lei da hereditariedade é imperioso, de certo modo, recordar a Geometria para simplificar-lhe os conceitos.

2 Considerando a Geometria por ciência que estuda as propriedades do espaço limitado vamos encontrar a hereditariedade como lei que define a vida, circunscrita à forma em que se externa.

3 Só a inteligência consegue traçar linhas inteligentes.

Em razão disso, e atendendo-se aos objetivos finalistas do Universo, não será possível esquecer o Plano Divino, quando se trate de qualquer imersão mais profunda na Genética, ainda mesmo que isso repugne aos cultores da ciência materialista.

4 Como se estruturaram os cromatídeos nos cromossomas é problema que, de todo, por enquanto, nos escapa ao sentido, 5 mas sabemos que os Arquitetos Espirituais, entrosados à Supervisão Celeste, gastaram longos séculos preparando as células que serviriam de base ao reino vegetal, combinando nucleoproteínas a glúcides e a outros elementos primordiais, a fim de que se estabelecessem um nível seguro de forças constantes, entre a bagagem do núcleo e do citoplasma.

6 Com semelhante realização, o princípio inteligente começa a desenvolver-se do ponto de vista fisiopsicossomático.

7 Não apenas a forma física do futuro promete então revelar-se, mas também a forma espiritual.


2. FATORES DA HEREDITARIEDADE. — Na intimidade dos corpúsculos simples que evoluiriam para a feição de máquinas microscópicas, formadas de protoplasma e paraplasma, fixam-se, vagarosamente, sob influenciação magnética, os fragmentos de cromatina, organizando-se os cromossomas em que seriam condensadas as fórmulas vitais da reprodução.

2 Processos múltiplos de divisão passam a ser experimentados.

3 A divisão direta ou amitose é largamente usada para, em seguida, surgir a mitose ou divisão indireta, em que as alterações naturais da mônada celeste se refletem no núcleo, prenunciando sempre maiores transformações.

4 Lentamente, os cromossomas adquirem a sua apresentação peculiar, em forma de ponto-alça-bastonete-bengala,  5 e a evolução que lhes diz respeito na cariocinese, desde a prófase à telófase, merece a melhor atenção dos Construtores Divinos, que através do centro celular mantêm a junção das forças físicas e espirituais, 6 ponto esse em que se verifica o impulso mental, de natureza eletromagnética, pelo qual se opera o movimento dos cromossomas, na direção do equador para os pólos da célula, cunhando as leis da hereditariedade e da afinidade que se vão exercer, 7 dispondo nos cromatídeos, em forma de granulações perfeitamente identificáveis entre o leptotênio e o paquitênio, os genes ou fatores da hereditariedade, que, no transcurso dos séculos, são fixados em número e valores diferentes para cada espécie.


3. ARQUIVO DOS REFLEXOS CONDICIONADOS. — Através dos estágios nascimento-experiência-morte-experiência-renascimento, nos Planos físico e extrafísico, as crisálidas de consciência, dentro do princípio de repetição, respiram sob o sol como seres autótrofos no reino vegetal, 2 onde as células, nas espécies variadas em que se aglutinam, se reproduzem de modo absolutamente semelhante.

3 Nesse domínio, o princípio inteligente, servindo-se da herança, e por intermédio das experiências infinitamente recapituladas, habilita-se à diferenciação nos flagelados, 4 ascendendo progressivamente à diferenciação maior na escala animal, onde o corpo espiritual, à feição de protoforma humana, já oferece moldes mais complexos,  5 diante das reações do sistema nervoso, eleito para sede dos instintos superiores, com a faculdade de arquivar reflexos condicionados.


4. CONSTRUÇÃO DO DESTINO. — Sofrem as células transformações profundas, porque o elemento espiritual deve agora viver como ser alótrofo, n somente conseguindo manter-se com o produto de matérias orgânicas já elaboradas.

2 Com a passagem do tempo, e sob a inspiração dos Arquitetos Espirituais que lhe orientam a evolução da forma, avança na rota do progresso, plasmando implementos novos no veículo de expressão.

3 Entre a Esfera terrena e a Esfera espiritual, adquire os orgânulos particulares com que passa a atender variadas funções entre os protozoários, 4 como sejam, os vacúolos pulsáteis para a sustentação do equilíbrio osmótico e os vacúolos digestivos para o equilíbrio da nutrição.

5 Nos metazoários, conquista um carro fisiológico, estruturado em aparelhos e sistemas constituídos de órgãos, 6 que, a seu turno, são formados de tecidos, 7 compostos por células em complicado regime de diferenciação e, 8 passando por longas e porfiadas metamorfoses, atinge o reino hominal, em que os gametas se erigem, especializados e seguros, no aparelho de reprodução, 9 com elementos e recursos característicos para o homem e para a mulher, no imo do centro genésico, entre os aparelhos de metabolismo e os sistemas de relação.

10 No ato da fecundação, reúnem-se os pronúcleos masculino e feminino, mesclando as unidades cromossômicas paternas e maternas, 11 a fim de que o organismo, obedecendo à repetição na lei da hereditariedade, se desenvolva, dentro dos caracteres genéticos de que descende; 12 mas agora, no reino humano, o Espírito, entregue ao comando da própria vontade, determina com a simples presença ou influência, no campo materno, os mais complexos fenômenos endomitóticos no interior do ovo, edificando as bases de seu próprio destino, no estágio da existência cujo início o berço assinala.


5. HEREDITARIEDADE E AFINIDADE. — Nas épocas remotas, os Semeadores Divinos guiavam a elaboração das formas, traçando diretrizes ao mundo celular, em favor do princípio inteligente, então conduzido ante a sociedade espiritual como a criança irresponsável ante a sociedade humana; 2 todavia, à medida que se lhe alteia o conhecimento, passa a responsabilizar-se por si mesmo, pavimentando o caminho que o investirá na posse da Herança Celestial no regaço da Consciência Cósmica.

3 Com alicerces na hereditariedade, toma a forma física e se desvencilha dela, para retomá-la em nova reencarnação capaz de elevar-lhe o nível cultural ou moral, quando não seja para refazer tarefas que deixou viciadas ou esquecidas na retaguarda.

4 Contudo, ligado inevitavelmente aos princípios de sequência, é compelido a renascer na Terra, ou a viver além da morte, com raras exceções, entre os seus próprios semelhantes, 5 porquanto hereditariedade e afinidade no Plano físico e no Plano extrafísico, respectivamente, são leis inelutáveis, sob as quais a alma se diferencia para a Esfera Superior, por sua própria escolha, 6 aprendendo com larga soma de esforço a reger-se pelo bem invariável,  7 que, em lhe assegurando equilíbrio, também lhe confere poder sobre os fatores circunstanciais do próprio ambiente, a fim de criar valores mais nobres para os seus impulsos de perfeição.


6. GEOMETRIA TRANSCENDENTE. — Chegada a essa eminência, a criatura submete-se à lei da hereditariedade, com o direito de alterar-lhe as disposições fundamentais até ponto não distante do limite justo, segundo o merecimento de que disponha. 2 Para ajudar aos semelhantes na escalada a mais ampla aquisições na senda evolutiva, recolhe, assim, concurso precioso dos Organizadores do Progresso, na mitose do ovo que lhe facultará novo corpo no mundo, 3 de vez que toda permuta de cromossomas, no vaso uterino, está invariavelmente presidida por agentes magnéticos ordinários ou extraordinários, conforme o tipo da existência que se faz ou refaz, com as chaves da hereditariedade atendendo aos seus fins.

4 Eis por que, interpretando os cromossomas à guisa de caracteres em que a mente inscreve, nos corpúsculos celulares que a servem, as disposições e os significados dos seus próprios destinos, 5 caracteres que são constituídos pelos genes, como as linhas são formadas de pontos,  6 genes aos quais se mesclam os elementos chamados bióforos, 7 e tomando os bióforos, nesses pontos, como sendo os grânulos de tinta que os colorem, 8 será lícito comparar os princípios germinativos, nos domínios inferiores, aos traços da Geometria elementar, que apenas cogita de linhas e figuras simples da evolução, 9 para encontrar, nesses mesmos princípios, nos domínios superiores da alma, a Geometria transcendente, aplicada aos cálculos diferenciais e integrais das questões de causa e efeito.


7. HEREDITARIEDADE E CONDUTA. — Portanto, como é fácil de sentir e apreender, o corpo herda naturalmente do corpo, segundo as disposições da mente que se ajusta a outras mentes, nos circuitos da afinidade, 2 cabendo, pois, ao homem responsável reconhecer que a hereditariedade relativa mas compulsória lhe talhará o corpo físico de que necessita em determinada encarnação, 3 não lhe sendo possível alterar o plano de serviço que mereceu ou de que foi incumbido, segundo as suas aquisições e necessidades, 4 mas pode, pela própria conduta feliz ou infeliz, acentuar ou esbater a coloração dos programas que lhe indicam a rota, através dos bióforos ou unidades de força psicossomática que atuam no citoplasma, 5 projetando sobre as células e, consequentemente, sobre o corpo os estados da mente, que estará enobrecendo ou agravando a própria situação, de acordo com a sua escolha do bem ou do mal.


André Luiz


Uberaba, 5/2/1958.



[1] Alótrofo. Não encontramos o significado dessa palavra, mas de alotrófico, sim: Que depende de outro organismo para alimentar-se; ou, como foi dito: que somente consegue manter-se com o produto de matérias orgânicas já elaboradas.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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